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Dólar e Bolsa fecham em queda após elevação de juros nos EUA

Fed aumentou as taxas americanas em 0,25 ponto percentual nesta quarta

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São Paulo

O dólar aprofundou as perdas e voltou a fechar abaixo do R$ 5,00 nesta quarta-feira (3), após a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) de elevar os juros nos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 5,00% e 5,25%.

A Bolsa brasileira, por sua vez, teve leve baixa.

O Ibovespa caiu 0,13%, a 101.797 pontos. O dólar fechou em queda de 1,10%, a R$ 4,990.

Investidores adotam cautela sobre direções da política econômica do governo Lula - Paulo Whitaker - 22.nov.2022/Reuters

As ações ordinárias da Petrobras fecharam em baixa de 0,11%, enquanto as preferenciais caíram 0,35%. A Vale fechou o dia caindo 0,73%.

Na Eletrobras, houve queda de 1,40% nas ordinárias e de 1,04% nas preferenciais.

O Carrefour teve a maior queda desta quarta na Bolsa brasileira, fechando o dia com baixa de 8,78%, após ter registrado prejuízo no primeiro trimestre do ano.

Nos EUA, os principais índices também tiveram queda. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq caíram 0,80%, 0,70% e 0,46%, respectivamente.

Os mercados futuros também recuaram. Os contratos com juros para janeiro de 2025 iam de 11,98% para 11,89%. Os com vencimento em 2027 caíam de 11,79% para 11,66%, enquanto os de 2029 iam de 12,10% para 11,99%.

A decisão de alta dos juros pelo Fed já era esperada pelo mercado. Apesar de o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) ter sinalizado que uma pausa no ciclo de alta das taxas é possível, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, disse que ainda considera que a alta de preços está em patamar muito elevado e que as pressões continuam a ser motivo de preocupação.

"O Fed diz que vai observar o cenário para avaliar se há necessidade de continuar subindo os juros. Isso indica que as taxas podem já estar num patamar alto o suficiente, mas ainda deixa uma porta aberta para um novo aumento caso a inflação permaneça forte", diz Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

"A fala de Powell confirmou que não haverá corte de juros nem no médio prazo, o que acabou estressando alguns ativos. A economia americana continua acelerando, e os dados inflacionários e de emprego estão acima do esperado. Isso pegou boa parte dos investidores que esperavam uma comunicação mais suave do Fed", afirma Alison Correia, analista da Top Gain Research.

Um mercado de trabalho aquecido tem efeitos inflacionários na economia, e por isso o indicador é acompanhado de perto pelo Fed. A crise bancária, porém, pode atuar de maneira contrária ao restringir a tomada do crédito. Por isso, o banco central afirma que avaliará os indicadores a cada reunião, sem confirmar possíveis cortes de juros.

Ações de bancos regionais caem

Na esteira da crise bancária, os bancos regionais, que caíram ainda mais nesta quarta, também pressionaram os indicadores americanos, em meio à crise de confiança causada pelo colapso do First Republic Bank.

As ações do Western Alliance Bank e do PacWest Bancorp fecharam em queda de 4,34% e 1,99%, após terem recuado 27,8% e 15%, respectivamente, na terça-feira (2).

O petróleo Brent caiu 4%, a US$ 72,33 o barril, menor valor de referência global no fechamento desde dezembro de 2021.

No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano, confirmando as projeções do mercado de que os juros ficariam estáveis pela sexta vez consecutiva. A reunião desta quarta foi a primeira após a apresentação do arcabouço fiscal e ocorre sob pressão do governo pela diminuição dos juros.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, vem sendo alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de integrantes do governo devido ao nível elevado de juros no país.

A autoridade monetária, porém, tem sido firme na manutenção do atual patamar de juros, mirando suas metas de inflação de 3,25% em 2023 e 3% em 2024, com margens de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Apesar de dados positivos sobre a desaceleração da escalada de preços no Brasil, há expectativa de alta da inflação para prazos mais longos, argumento que tem sido usado pelo BC para manter a Selic no atual patamar.

Entre os fatores de pressão, o Copom cita "a incerteza ainda presente sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional e, de forma mais relevante para a condução da política monetária, seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco".

O Copom reiterou, ainda, que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal.

As discussões quanto a uma possível antecipação na redução de juros pelo BC começaram a ganhar força após temores sobre uma crise de crédito e a desaceleração econômica do Brasil.

Desde o encontro de março, porém, as expectativas de inflação dos economistas continuaram se deteriorando e a atividade econômica mostrando força, sobretudo com o vigor do mercado de trabalho, apesar da política de juros.

Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal do BC com analistas divulgada na última terça-feira (2), a projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do próximo ano avançou para 4,18% –já distante do centro da meta (3%). Para 2025 e 2026, as estimativas dos economistas estão em 4%.

Com Reuters

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