Descrição de chapéu Financial Times

'Quer saber como viver? Escreva seu obituário', diz Warren Buffett

Bilionário falou a investidores neste sábado (6); corretora informou que vendeu ações e elevou reservas

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Omaha e São Paulo

O investidor bilionário Warren Buffett disse neste sábado (6) em evento com investidores de sua corretora, a Berkshire Hathaway Inc., que ainda tem desafios a viver. "Se você quiser saber como viver sua vida, escreva o próprio obituário e faça uma engenharia reversa do texto".

Assim, afirmou o empresário de 92 anos, seria possível saber o que falta alcançar.

Conhecido como "o mago de Omaha" (em referência à cidade do Nebraska em que nasceu e onde costuma fazer reuniões com investidores), Buffett é reputado como um dos investidores mais bem-sucedidos do mundo e suas frases e previsões são acompanhadas com atenção.

Em documentário produzido pela HBO, ele atribuiu seu sucesso ao amor pelos números. "Eu gosto de números. Isso começou há mais tempo do que me recordo. Me sentia bem trabalhando com números", disse o então segundo homem mais rico do mundo —sua fortuna é hoje estimada em cerca de US$ 100 bilhões (aproximadamente meio trilhão de reais).

Em sua carta anual aos acionistas da Berkshire, em fevereiro, ele pediu aos investidores que se concentrassem no cenário geral a longo prazo, em vez de uma inflação mais alta e outros fatores que em 2022 amorteceram os preços das ações, embora não os da Berkshire.

O CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, participou do Congresso de Mídia de Sun Valley, em Idaho, Estados Unidos. Buffett, 92, é um homem branco, de cabelos brancos e ralos. Veste agasalho vermelho, sobre camisa branca. Ele está em um carrinho de golfe, com duas senhoras grisalhas.
O CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, participou do Congresso de Mídia de Sun Valley, em Idaho, Estados Unidos. O evento é realizado pelo banco de investimentos Allen & Company. - Brendan McDermid/Reuters


Em balanço revelado neste sábado, a Berkshire Hathaway informou que vendeu bilhões de dólares em ações e colocou pouco dinheiro na Bolsa dos Estados Unidos nos três primeiros meses deste ano. Ao que tudo indica, o famoso investidor vê pouco apelo em um mercado volátil.

Berkshire divulgou neste sábado (6) que vendeu ações avaliadas em US$ 13,3 bilhões (R$ 66,1 bilhões) e comprou papéis por valores abaixo da metade disso. Escolheu direcionar US$ 4,4 bilhões (R$ 21,9 bilhões) às próprias ações e outros US$ 2,9 bilhões (R$ 14,4 bilhões) para ações de outras empresas negociadas publicamente.

Os números destacam a dificuldade que a Berkshire enfrenta para aplicar sua fortuna nos momentos em que Buffett e seu braço direito de longa data, Charlie Munger, consideram as avaliações de mercado pouco atrativas. A reserva em moeda da empresa aumentou em US$ 2 bilhões desde o início deste ano, para US$ 130,6 bilhões, seu maior nível desde o final de 2021.

Munger afirmou ao Financial Times, no último mês, que investidores deveriam reduzir suas expectativas de lucros com o mercado financeiro, enquanto o Fed (banco central dos EUA) continuar a aumentar os juros, e a economia se mantiver em desaceleração.

Berkshire divulgou um lucro de de US$ 35,5 bilhões (US$ 173,9 bilhões) no primeiro trimestre ou US$ 24.377 (R$ 121.129) para cada ação classe A —uma alta em relação aos US$ 5,6 bilhões do ano anterior. Esse número teve tração em grande parte de uma alta nas ações que elevou o valor do portfólio da corretora a US$ 328 bilhões em ações.

Os lucros operacionais —medida que Buffett prefere para avaliar os diversos setores inclusos nos negócios da Berkshire— aumentaram 12,6% em relação ao ano anterior e alcançaram US$ 8,1 bilhões. Pela primeira vez, esse valor inclui os resultados da empresa de postos de caminhões Pilot Flying J, da qual a Berkshire assumiu o controle majoritário em janeiro.

Esses dados foram divulgados horas antes de Buffett e outros três executivos da Berkshire se apresentarem no centro de Omaha, no estado norte-americano do Nebraska, onde milhares de acionistas se reuniram para o encontro anual da empresa.

Os acionistas ouvirão o bilionário de 92 anos e seus vice-presidentes Munger, Gregory Abel e Ajit Jain discutirem sobre economia, esforços do Fed para conter a inflação e perspectivas para a corretora.

Os quadros devem sofrer pressão para dizer o porquê da falta de investimentos no sistema bancário norte-americano, como havia feito na crise financeira de 2008.

Naquela época, a Berkshire participou do resgate do Goldman Sachs e do Bank of America. Este último é agora uma peça central no portfólio da corretora.

As ações da Berkshire valorizaram 4,9% desde o início deste ano.

Com o Financial Times

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