Descrição de chapéu Folhainvest Banco Central

Bolsa sobe e dólar cai após divulgação de ata do Copom; varejo é destaque

Impasse sobre o teto da dívida dos EUA pressiona índices do exterior, que fecham em baixa

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São Paulo

A Bolsa subiu nesta terça-feira (9) apoiada por forte alta da Natura&Co, que divulgou melhora no desempenho do primeiro trimestre deste ano. O dólar voltou a cair e fechou abaixo dos R$ 5 após a divulgação de dados econômicos da China e da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

O Ibovespa teve alta de 1,01%, fechando a 107.113 pontos. O dólar encerrou o dia em queda de 0,49%, a R$ 4,988.

Cédulas e moedas de dólares em cofre em um banco em Westminster, Colorado, EUA
Cédulas e moedas de dólares em cofre em um banco em Westminster, Colorado, EUA - Rick Wilking - 3.nov.2009/Reuters

"A Bolsa foi puxada por ações de comércio e bancos, especialmente após a divulgação da ata do Copom. Apesar do tom duro, o comitê sugeriu que o ciclo de aumento da Selic já terminou, o que ajuda setores como varejo, consumo e bancos, mais sensíveis às mudanças de juros", diz Lucas Martins, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.

A Natura, por exemplo, disparou 15% e foi a maior alta do dia após ter divulgado melhora nos resultados operacionais do primeiro trimestre de 2023. Magalu (7,49%) e Via (5,05%) também apoiaram a alta da Bolsa. Registraram alta, ainda, as ações da Vale (0,74%), do Itaú (0,49%) e da Petrobras (0,33% nas preferenciais), que estiveram entre as mais negociadas do dia.

A Eletrobras também fechou em alta, com as ações ordinárias subindo 4,85% e as preferenciais, 4,25%. A empresa recupera perdas registradas na sessão de segunda, após o governo ter acionado o STF (Supremo Tribunal Federal) para intervir em sua privatização.

A ata do Copom publicada nesta terça-feira mostrou que o BC avalia que a apresentação do arcabouço fiscal pelo governo reduziu a incerteza associada ao crescimento da dívida pública. O comitê não sinalizou, porém, possíveis cortes de juros nas próximas reuniões, afirmando que a redução da inflação se dará num ritmo mais lento.

"Alguma flexibilização do discurso se deu apenas na avaliação de que os cenários que poderiam requerer a retomada do ciclo de aperto monetário [alta de juros] se tornaram menos prováveis, mas seguem sendo uma possibilidade. O cenário alternativo à estabilidade da Selic por um período prolongado continua a ser de elevação, e não de redução", diz Sergio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena.

Os juros futuros tiveram alta nesta terça, especialmente os com vencimentos mais longos.

Os contratos com vencimento para janeiro de 2024 foram de 13,21% para 13,25%. Os para 2025 subiram de 11,67% para 11,79%, enquanto os de 2026 saíram de 11,39% para 11,48%.

O dólar também foi impactado pela ata do BC. Apesar de ter se valorizado em relação a outras divisas, a moeda americana registrou queda ante o real.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, afirma que a expectativa de manutenção da Selic em 13,75% contribuiu para o movimento.

"O real tem força para se apreciar em relação ao dólar, com uma balança comercial muito forte, somado a um diferencial de juros muito elevado. E os riscos externos também estão em queda", avaliou.

Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos, diz acreditar que a alta da Bolsa pode estar atraindo recursos estrangeiros para o Brasil, o que também auxilia a performance do real frente à moeda.

Profissionais ouvidos pela Reuters disseram, ainda, que a queda foi gerada pelo fluxo positivo de moeda, com exportadores aproveitando as cotações mais elevadas —acima dos R$ 5— para internalizar recursos.

Negociação sobre teto da dívida dos EUA pressiona mercado externo

No exterior, discussões sobre o aumento do teto da dívida nos Estados Unidos pressionaram os índices do país.

O presidente americano, Joe Biden, se reuniu com republicanos nesta terça para tentar aumentar o limite de recursos que o governo federal pode tomar emprestado. Sem o acréscimo, o governo pode deixar de pagar suas dívidas de dezenas de trilhões de dólares já em junho, o que traria caos aos mercados financeiros globais. Não há, porém, sinais de que um acordo seja definido ainda nesta terça. As negociações devem continuar ao longo do mês.

Investidores americanos também apresentaram mais cautela, pois aguardam a divulgação de dados sobre a inflação americana no relatório do índice de preços ao consumidor do Departamento do Trabalho dos EUA, prevista para quarta-feira (10).

Com isso, os índices americanos registraram queda. O Dow Jones caiu 0,17%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq perderam 0,46% e 0,63%, respectivamente.

Já a crise dos bancos regionais segue arrefecendo. O PacWest Bank retomou fôlego após liderar as quedas nas ações do segmento, com a quebra de três instituições em menos de dois meses aumentando os temores dos investidores de que a crise do setor possa se aprofundar.

As ações chegaram a cair 10% no pior momento, um dia depois que a decisão do banco de cortar seu dividendo trimestral não conseguiu conter as preocupações sobre sua estabilidade financeira. As ações tiveram alta de mais de 80% nas últimas duas sessões.

O Western Alliance, por sua vez, teve queda de 1,36% nesta terça.

O Índice KBW de Bancos Regionais teve variação negativa de 0,72% nesta terça, após rondar uma mínima em 30 meses atingida na semana passada, depois do colapso do First Republic Bank e da decisão do PacWest de explorar opções estratégicas.

O mercado internacional também foi impactado por dados sobre importações da China, que caíram com força em abril enquanto as exportações aumentaram a um ritmo mais lento, reforçando os sinais de demanda doméstica fraca apesar do fim das restrições contra a Covid.

Com Reuters

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