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Lula diz que Campos Neto acha que sabe mais em debate sobre juros

Presidente voltou a criticar a autoridade monetária um dia depois de o BC manter a Selic em 13,75%

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou nesta quinta-feira (4) a fazer críticas à maneira como é feita a discussão sobre a taxa de juros no Brasil. O mandatário disse que "todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros" e mandou recado ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

"Como se um homem sozinho pudesse saber mais que a cabeça de 220 milhões de pessoas", afirmou

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sessão inaugural do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável no Itamaraty - Gabriela Biló - 04.mai.23/Folhapress

A declaração, feita durante lançamento do Conselho Econômico de Desenvolvimento Social do Executivo (o chamado Conselhão), ocorre um dia após o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manter sua estratégia e manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, em sua primeira decisão após a apresentação do novo arcabouço fiscal pelo governo Lula.

"A federação, a Fiesp, tem muito cuidado para falar de juros, a federação de comércio, também, a têxtil muito cuidado. Todo mundo tem que ter cuidado, ninguém fala de juros", criticou. O petista vem fazendo críticas à taxa de juros do país desde o início do governo.

Na reunião do Conselhão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também fez ressalvas à decisão do BC, mas buscou sinalizar disposição em dialogar com Campos Neto.

"Fiquei preocupado com a decisão de ontem [quarta-feira] do nosso Copom, de manter pela terceira vez a maior taxa de juros do mundo", disse o ministro. "Mesmo assim, vamos perseverar no diálogo com o Banco Central, vamos perseverar no diálogo com a sociedade."

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também participou da plenária, disse que o setor produtivo está "desesperado por crédito". "Agora, não é possível ter uma taxa de juros de 13,75%, o maior juro do mundo, não tendo uma inflação de demanda", afirmou.

A equipe da Fazenda tem feito esforços para convencer o BC de que a proposta de novo arcabouço fiscal é suficiente para assegurar o reequilíbrio das contas públicas e uma trajetória saudável da dívida.

O BC, por sua vez, adotou um tom conservador no comunicado sobre a decisão de juros e voltou a dizer que a conjuntura demanda "paciência e serenidade". A autoridade monetária também manteve a mensagem sobre a possibilidade de retomar o ciclo de alta da Selic caso o processo de desinflação não transcorra como esperado, embora tenha acrescentado que este é um "cenário menos provável".

Haddad disse ainda que o tema dos juros "não opõe o político e o técnico" e ressaltou que há "diferentes visões" sobre política econômica que merecem ser analisadas pela sociedade. "Da minha parte, jamais vai haver qualquer tipo de pressão política, no sentido pejorativo do termo, sobre um órgão público que tem legitimidade", afirmou.

A cada vez que o BC mantém os juros no patamar atual, a ala política do governo e sua base de apoio no Congresso aciona sua artilharia contra a instituição. Na noite de quarta-feira (3), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, usou sua conta no Twitter para criticar a decisão.

"Quanto já custou ao país o negacionismo econômico de Campos Neto? Quantos empregos, empresas falidas, famílias destruídas? A vacina sempre esteve ao alcance do Copom, mas insistem nos juros genocidas. Até quando ficarão impunes?", disse a petista.

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