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Nubank pode quintuplicar clientes que usam banco como conta principal, diz CEO

IA será mais transformacional que a internet e os smartphones, diz David Vélez

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São Paulo

O Nubank completa 10 anos em 2023 com marcas importantes no mercado brasileiro, em especial em relação a sua base de clientes. O banco digital soma cerca de 79,1 milhões de clientes, segundo dados até março de 2023, sendo a maior parte no Brasil, que reúne 75,3 milhões dos usuários.

Apesar do tamanho já relevante, os gestores da empresa ainda veem espaço para uma contínua expansão da operação tanto no Brasil, como também no México e na Colômbia.

Segundo David Vélez, fundador e CEO do Nubank, aproximadamente 46% da população brasileira adulta é cliente do banco digital, mas apenas 57% desse total usam a conta digital da fintech como sua conta principal, o que corresponde a cerca de 30 milhões de pessoas. O Nubank considera que um cliente usa o banco como principal quando ele transfere mais de 50% de sua renda mensal líquida.

David Vélez, CEO e fundador do Nubank, durante participação no evento Web Summit no Rio de Janeiro
David Vélez, CEO e fundador do Nubank, durante participação no evento Web Summit no Rio de Janeiro - Mauro Pimentel - 1.mai.2023/AFP

O executivo diz que vê espaço para quintuplicar a base de clientes no Brasil que têm o Nubank como conta principal, alcançando nos próximos anos um patamar ao redor dos 150 milhões de usuários.

A digitalização dos serviços financeiros no país, com a adoção em larga escala de ferramentas como o Pix e o Open Banking, ajuda a impulsionar o crescimento de bancos digitais e fintechs no mercado local, afirmou Vélez. "Estamos no começo ainda no Brasil", disse o executivo nesta quinta-feira (18) durante evento em São Paulo para marcar os 10 anos da operação.

Cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira reforçou que a empresa ainda vê bastante espaço para crescimento no Brasil, mas que essa expansão futura pode se dar de maneira segmentada.

Segundo a executiva, um dos principais focos é aumentar a base de clientes de alta renda e também formada por um público mais jovem, como os menores de idade. "Muita gente precisa de ajuda para organizar essa coisa de como permitir uma independência, uma autonomia financeira para esses jovens que moram dentro de casa, e a gente acredita que esse é um dos ângulos interessantes para apoiarmos o cliente de alta renda", afirmou Cristina.

México pode se tornar mais relevante para o Nubank do que o Brasil, diz Cristina Junqueira

Ela disse também que, dado o estágio em que se encontra o sistema financeiro no México, o país tem potencial para se tornar mais relevante para as operações do Nubank do que o próprio mercado brasileiro. Hoje são cerca de 3,2 milhões de clientes no país da América do Norte. "[O México é] um mercado que tem tudo para ser até maior e mais relevante do que o Brasil para o Nubank."

Segundo ela, o México está de 15 a 20 anos atrás do Brasil em termos de desenvolvimento e penetração do sistema financeiro entre a população. Enquanto no mercado brasileiro o cartão de crédito é utilizado por cerca de 40% das pessoas, no México, esse percentual cai para 10%, afirmou. "Quase metade da nossa base de clientes no México nunca tinha tido cartão de crédito. Então, a oportunidade de crescer o tamanho do mercado no México é muito maior que no Brasil", disse a executiva, que acrescentou estar nos planos lançar a conta digital na Colômbia até o final do ano.

Vélez disse ainda que hoje não existe a pretensão de expandir a atuação geográfica do Nubank, concentrada em Brasil, México e Colômbia, pela avaliação de que ainda há muito espaço para crescimento nessas regiões.

Na área de cartões de crédito, em que o Nubank soma cerca de 35 milhões de clientes ativos, a participação de mercado ainda é de apenas 11% em relação ao total da indústria.

"[Em] serviços financeiros no Brasil, [estamos no] primeiro minuto do primeiro tempo", afirmou o fundador do Nubank, acrescentando que faz parte dos planos também expandir a operação para serviços não financeiros, como por meio de um "market place" lançado recentemente no aplicativo da instituição financeira que soma cerca de 140 varejistas.

"Não precisamos levantar um dólar a mais para executar o nosso plano de expansão", afirma CEO do Nubank

Em um cenário de aumento dos juros nos mercados desenvolvidos que tem colocado pressão em cima de negócios de tecnologia, o fundador do Nubank disse também que a empresa está bem capitalizada, sem a necessidade de novos aportes. "A gente é dono do nosso próprio destino. Não precisamos levantar um dólar a mais para executar o nosso plano de expansão", disse Vélez.

Diretor financeiro do Nubank, Guilherme Lago afirmou que, na última década, o Nubank multiplicou o capital investido em 11 vezes, considerando os US$ 4,8 bilhões (R$ 23,8 bilhões) levantados junto aos investidores há dez anos, e o valor de mercado atual em torno de US$ 30 bilhões (R$ 148,9 bilhões), além de US$ 2,4 bilhões (R$ 11,9 bilhões) mantidos em caixa. "A gente espera que esse fator de multiplicação de 11 vezes se amplie por muito. Mas, se a gente parasse hoje, o Nubank seria uma das empresas de tecnologia mais bem-sucedidas no retorno que ofereceu aos seus acionistas."

Lago afirmou que a receita média mensal por cliente (aquele que gerou receita nos últimos 30 dias) do banco digital hoje está na casa de US$ 8,5 (R$ 42,19), mas que, nas safras mais maduras, esse valor já sobe para um patamar ao redor dos US$ 22 (R$ 109,21), frente ao lançamento de novos produtos pela empresa nos últimos anos, como as criptomoedas e o crédito consignado.

No caso dos grandes bancos incumbentes, essa receita está mais próxima de US$ 40 (R$ 198,56). "Temos uma avenida de crescimento extraordinariamente grande para levar a receita média mensal de US$ 8,5 para US$ 22 e depois se aproximar cada vez mais dos bancos incumbentes", disse o diretor.

Vélez acrescentou que o Nubank não está preocupado com a concorrência, porque enxerga como principal desafio seguir desenvolvendo as operações internas de forma ágil para atender as demandas dos clientes.

IA será mais transformacional que a internet e os smartphones, diz Vélez

O CEO afirmou também que vê a inteligência artificial como a terceira grande tendência transformadora do mercado nos últimos anos, depois da internet e dos smartphones. "E a gente acredita que vai ser a mais transformacional. Vai mudar o jeito como as pessoas vivem no mundo."

Ele disse ainda acreditar que a adoção da IA será mais rápida do que se imagina hoje, pelo fato de que boa parte da população já está conectada e com acesso aos smartphones. Vélez comentou que o Nubank está desenvolvendo soluções envolvendo IA para serem aplicadas internamente.

"Numa visão de longo prazo, a porta de entrada do cliente, com a IA vai ir além do aplicativo. Daqui cinco anos, você vai estar falando com o Nubank no seu carro autônomo, vai estar falando com o Nubank na sua casa. Vai permear todos os lugares e esperamos que essa conversa vá além dos serviços financeiros, em que o cliente vai trazer informações e dados para a gente ajudar ele a tomar melhor decisão", disse o executivo.

Com Reuters

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