Descrição de chapéu petrobras

Petrobras inicia estudos para voltar a construir navios no Brasil

Presidente da subsidiária Transpetro diz que 'não será a qualquer preço nem a qualquer prazo'

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Rio de Janeiro

A Transpetro, subsidiária da Petrobras para a área de transportes, anunciou nesta quinta-feira (4) a criação de um grupo de trabalho com prazo de 60 dias para definir um novo programa de construção de navios em estaleiros brasileiros.

A retomada da indústria naval é uma das promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que fomentou em seus primeiros mandatos investimentos bilionários em estaleiros que depois viraram alvo da Operação Lava Jato.

Em sua primeira entrevista após a assumir a empresa, o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que o grupo de trabalho vai definir qual é a demanda da Petrobras por navios, quais os estaleiros têm capacidade de construí-los e quais são os custos.

Sérgio Bacci, presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras para a área de transportes - Eduardo Anizelli/Folhapress

"O Brasil tem pressa, precisamos gerar emprego no país", afirmou o executivo. "Mas tem um detalhe importante a frisar: nós vamos construir navios no Brasil, mas não será a qualquer preço e a qualquer prazo."

Bacci foi diretor do FMM (Fundo de Marinha Mercante) durante governos petistas e depois liderou o sindicato patronal dos estaleiros brasileiros, até ser convidado a presidir a Transpetro pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Ele diz que esteve no TCU (Tribunal de Contas da União) e na CGU (Controladoria-Geral da União) para convidá-los a acompanhar o novo programa de compra de navios desde o início. "Temos que ter parâmetros para construir navios no Brasil sem termos problemas."

Os principais gargalos para uma eventual retomada do setor, afirmou, são tornar estaleiros aptos a tomar encomendas, a modernização das instalações e a requalificação da mão de obra, que se perdeu nos anos sem novos contratos.

Segundo Bacci, a CGU está disposta a conversar com grupos econômicos que ainda não fizeram acordos de leniência após a Lava Jato para que possam voltar a ter contratos com a Petrobras. "Precisamos superar isso", defendeu.

O presidente da Transpetro alega que, mesmo que fique mais caro construir no país, o programa seria justificado pela geração de empregos e impostos com as obras nos estaleiros nacionais, argumento semelhante ao usado para defender os primeiros programas petistas para o setor. .

Durante os primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Transpetro lançou dois programas de encomendas no país, com um total de 49 navios e 20 comboios hidroviários, que motivaram a reativação e abertura de novos estaleiros.

Ao fim do governo Dilma Rousseff, havia navios e comboios encalhados em canteiros de obras e novos estaleiros, como o EAS (Estaleiro Atlântico Sul), estrela do programa localizado em Pernambuco, entraram em recuperação judicial.

À Operação Lava Jato, executivos confessaram o pagamento de propinas em troca de contratos. O então presidente da Transpetro, o ex-senador Sergio Machado, foi preso e fez colaboração premiada que entregou gravações de conversas com dirigentes do PMDB (hoje MDB).

Atualmente, a frota da Transpetro é composta por 26 navios construídos no país, que operam no transporte de petróleo e combustíveis. A Petrobras completa suas necessidades com embarcações afretadas no exterior.

Bacci espera que o governo priorize os investimentos na compra de novos navios para substitui parte da frota afretada, mas admite que o processo será longo. "Não será daqui a seis meses", afirmou. "Mas não tenho a menor dúvida de que vamos superar as barreiras e que antes de terminar esse governo Lula, vamos ter navios da Transpetro sendo entregues."

Ele disse ainda que a empresa reavaliará sua estrutura de dutos e terminais para identificar oportunidades de investimentos e que estuda novo concurso para a contratação de pessoal, em uma guinada em relação aos planos de fatiamento da empresa pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

No último governo, a ideia era passar à iniciativa privada parte dos terminais e dutos da companhia, em pacotes de venda de refinarias da Petrobras. "A Transpetro não será privatizada", disse Bacci nesta quinta.

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