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Dólar cai e renova menor valor do ano, cotado a R$ 4,76

Bolsa registra queda mesmo com melhoria de projeções de inflação, impactada por realização de lucros

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São Paulo

O dólar aprofundou suas perdas e caiu 0,20% nesta segunda-feira (26), renovando seu menor patamar do ano ao fechar o dia cotado a R$ 4,767. O desempenho da moeda americana ante o real vem sendo afetado pelo diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos e pelas projeções otimistas para a economia brasileira, reforçadas pela diminuição das expectativas de inflação no boletim Focus desta semana.

A Bolsa brasileira também registrou queda, ainda impactada por um movimento de realização de lucros, ou seja, quando investidores vendem ações que tiveram forte valorização para efetivar os ganhos, após as altas sucessivas registradas no início do mês. O cenário externo de aversão ao risco também pressiona ativos locais.

Com isso, o Ibovespa recuou 0,61% nesta segunda, a 118.242 pontos.

Nesta segunda, o boletim Focus, do Banco Central, mostrou que analistas reduziram suas projeções para a inflação brasileira neste ano. Agora, as expectativas compiladas pela pesquisa apontam alta de 5,06% do IPCA em 2023, ante taxa de 5,12% estimada antes, na sexta semana seguida de declínio. Para 2024, a conta caiu pelo quarto boletim consecutivo, a 3,98%, de 4,00% antes.

O prognóstico de inflação para 2025 foi mantido em 3,80%, enquanto o de 2026 caiu pela terceira semana seguida, a 3,72%, contra 3,80% na sondagem anterior.

Cédulas de dólar - Gary Cameron - 14.nov.2014/Reuters

Para a Selic, a previsão continua sendo de um primeiro corte em agosto, na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), e que a taxa termine o ano em 12,25%.

Na semana passada, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano e não sinalizou uma possível redução em sua próxima decisão, o que frustrou o mercado. Mesmo assim, as projeções de analistas foram mantidas.

"[O boletim Focus] Tornou mais factível que a meta de inflação seja atingida com a atual taxa básica de juros. Apesar de o Copom não ter dado indicações sobre cortes de juros na última reunião, o boletim gerou uma boa expectativa de redução em agosto", diz Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos.

Após a divulgação do Focus, os mercados de juros tiveram leve queda. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 saíram de 11,02% para 11,00%, enquanto os para 2026 foram de 10,39% para 10,35%. Os juros para 2024 mantiveram-se estáveis.

As projeções reforçaram o otimismo com a economia brasileira e apoiaram o real mesmo com pressões do exterior.

Pela manhã, o dólar ensaiou uma alta, com as cotações repercutindo a turbulência na Rússia. Na sexta-feira, o país acusou o chefe mercenário Yevgeny Prigozhin, do grupo Wagner, de convocar um motim armado. Ainda no fim de semana, o motim foi aparentemente debelado, mas o evento ainda influenciava os negócios na manhã desta segunda-feira.

Já nesta segunda, a S&P cortou a previsão de alta para o PIB (Produto Interno Bruto) da China em 2023, de 5,5% para 5,2%, ressaltando a natureza desigual da recuperação pós-reabertura do país. Foi o primeiro corte desse tipo feito por uma agência global de risco este ano e segue revisões feitas pelo Goldman Sachs e outros grandes bancos de investimento.

A ação da S&P elevou temores quanto à recuperação da economia do gigante asiático, o que em alguns momentos pressionou moedas de países exportadores de commodities, como o real. A diminuição das projeções de inflação, porém, deram força à moeda brasileira.

O IBGE deve divulgar na terça (27) o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15) de junho, que vai oferecer novos dados sobre a dinâmica da inflação brasileira e pode apoiar as projeções de desaceleração da alta dos preços nos próximos meses.

Na semana, ainda estão previstas a divulgação da ata da última reunião do Copom, também na terça, e a reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), na quinta (29), que também estão no radar dos investidores.

No encontro, o CMN deve reforçar as atuais metas de inflação do país —de 3,25% neste ano e 3% em 2024 e 2025— e definir a de 2026. As metas têm intervalos de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Além disso, o conselho vai discutir a atual metodologia do regime de metas, que, no Brasil, considera a inflação do ano fechado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que faz parte do colegiado, defendeu há pouco mais de um mês uma mudança para que a meta seja contínua, com a implantação de um calendário móvel para que o objetivo do BC seja perseguido durante um período mais longo.

Além do ministro da Fazenda, integram o CMN a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o presidente do BC, Roberto Campo Neto.

Bolsa cai mesmo com melhora das projeções

Apesar da melhora nas projeções de inflação, a Bolsa brasileira registrou queda nesta segunda, impactada tanto pela realização lucros quanto por um movimento de aversão ao risco mundial, desencadeado por declarações do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, sobre possíveis aumentos de juros neste ano.

O sentimento foi reforçado pelo Banco da Inglaterra, que promoveu na semana passada um aumento de 0,50 ponto percentual em sua taxa de juros, o que surpreendeu o mercado. As notícias derrubaram Bolsas e seguem afetando ativos de risco pelo mundo.

A queda vem após o Ibovespa acumular até a última sexta-feira um ganho de quase 10% em junho, em boa parte apoiado no fluxo de capital externo para as ações brasileiras, que está positivo em R$ 6,87 bilhões no mês até o dia 22.

A ação que mais caiu no pregão foi a Locaweb, que registrou forte valorização em sessões recentes e sofreu um corte de recomendação de compra pelo JPMorgan. A empresa recuou 9,58% nesta segunda.

Pressionaram o Ibovespa, ainda, quedas de Bradesco (0,48%) e PetroRio (3,06%), que ficaram entre as mais negociadas da sessão.

Na outra ponta, atenuaram a queda do índice as ações da Petrobras, que subiram 2,25% em dia de alta do petróleo no exterior. A petroleira também foi apoiada por um reforço de recomendação de compra da XP e pela emissão de títulos de dívida no exterior de US$ 1,25 bilhão (R$ 5,9 bilhões) lançada nesta segunda.

A Vale, que começou o dia em queda, teve leve alta de 0,09%.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários também registraram quedas. O S&P 500 e o Nasdaq recuaram 0,45% e 1,16%, respectivamente, enquanto o Dow Jones terminou o dia estável.

Com Reuters

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