Descrição de chapéu Folhainvest Selic juros

Analistas projetam primeiro corte dos juros em agosto, mostra Focus

Taxa básica passou a ser estimada em 12,25% ao final deste ano, de 12,50% antes

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Camila Moreira Marcelo Azevedo
São Paulo | Reuters

Analistas anteciparam o primeiro corte da taxa básica de juros para agosto, além de projetarem uma Selic mais baixa tanto no fim deste ano quanto de 2024, segundo pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira (19). A divulgação impulsionou a Bolsa brasileira, que encerrou o dia com alta de 0,92%.

O boletim semanal, no qual a autarquia divulga a avaliação de diversos analistas de mercado, também mostrou uma melhora nas perspectivas para a inflação e o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.

A primeira redução da Selic, na avaliação do mercado, deve ser um corte de 0,25 ponto percentual na reunião do Copom de agosto. Para o final deste ano, a estimativa é que a taxa básica de juros esteja em 12,25% ao final deste ano —até a semana passada, a projeção era de 12,50%.

As revisões no levantamento vêm na esteira de dados melhores divulgados recentemente, e na véspera do primeiro dia de reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). A expectativa é que o resultado do encontro, a ser divulgado nesta quarta, seja a manutenção da taxa básica de juros no atual patamar, de 13,75%.

Com a reunião no radar de investidores, o dólar caiu 0,95% nesta segunda, a R$ 4,776 —menor patamar registrado desde maio de 2022.

Prédio do Banco Central, em Brasília (DF) - Gabriela Biló - 14.abr.2023/Folhapress

Em relação a 2024, a expectativa é que a Selic esteja em 9,50% (até a semana passada, a projeção era de 10%), enquanto para 2025 e 2026 a aposta segue em 9,0% e 8,75%, respectivamente.

Depois de a inflação ao consumidor brasileiro ter desacelerado em maio com mais força do que o esperado, levando o IPCA em 12 meses a 3,94%, patamar mais baixo desde outubro de 2020, o Focus mostrou forte redução nas expectativas para os preços.

A alta do IPCA este ano foi revisada de 5,42% para 5,12%. Para o ano que vem, a estimativa caiu 0,04 ponto percentual, para 4%. Em relação aos dois anos seguintes, a projeção é de uma inflação de 3,80% (antes, a estimativa era de 3,90% em 2025 e 3,88% em 2026).

O centro da meta oficial para a inflação neste ano é de 3,25%. Para 2024 e 2025, o alvo é 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Nos mercados futuros, os juros para 2024 e 2025 ficaram estáveis em 13,03% e 11,13%, respectivamente. Os com vencimento em 2026, no entanto, subiram de 10,50% para 10,52%.

O CMN (Conselho Monetário Nacional) tem reunião marcada para a próxima semana, em que deve estabelecer a meta de inflação para 2026, e o mercado tem especulado sobre a possibilidade de determinar que o BC siga objetivo de inflação sem um prazo determinado, diferentemente do que ocorre hoje. Membros do governo têm dado declarações nesse sentido.

Para o PIB (Produto Interno Bruto), também houve melhora na estimativa do Focus para este ano, depois de o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do BC) ter apontado que a economia cresceu em abril mais do que o esperado. A perspectiva de crescimento econômico em 2023 subiu para 2,14% —antes, a aposta era em 1,84%.

No entanto, o levantamento com uma centena de economistas mostra que para 2024 a expansão do PIB foi revisada para baixo, de 1,27% para 1,20%.

Estrategistas do Goldman Sachs disseram em relatório recente que os diferenciais de juros brasileiros devem continuar favoráveis ao real mesmo quando a redução da Selic for iniciada. Isso porque, com a diminuição da inflação no Brasil, as taxas de juros reais (que descontam o IPCA) permaneceriam em níveis altos, o que ainda manteria os fluxos da renda fixa brasileira.

"Embora uma pequena retração seja certamente possível, achamos que o dólar ainda tem espaço para uma tendência de baixa", completou o banco no documento.

O Goldman prevê que o dólar estará a R$ 4,40 no fim de 2023, ante R$ 4,85 em sua última projeção.

Além disso, o real foi favorecido nesta segunda por um dia de feriado nos Estados Unidos, que reduz o movimento financeiro global, como aponta Mariane Vas, coordenadora de economia da plataforma de investimentos Gorila.

Ela destaca, porém, a queda consistente do dólar nas últimas semanas pela melhora nas projeções para a economia do Brasil.

"É nítido um otimismo com o crescimento econômico, tanto pela recente sinalização de possibilidade de aumento do grau de investimento do país, quanto pelas revisões das estimativas para o crescimento do PIB", diz Vas.

A economista também cita que as crescentes reduções das estimativas de inflação aumentam os níveis de juros reais e, consequentemente, o interesse nos títulos brasileiros.

A desvalorização do dólar com relação ao real ocorreu mesmo com a alta da moeda americana sobre outras divisas de países emergentes ou exportadores de commodities. O dólar também avançava ante uma cesta de moedas fortes.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários não funcionam nesta segunda por conta do feriado americano.

No Brasil, apoiaram o Ibovespa as altas de Petrobras (2,63%), B3 (1,16%) e Localiza (3,60%), que ficaram entre as mais negociadas da sessão. Os maiores ganhos do dia foram da JBS, que subiu 3,57% após anunciar um investimento de R$ 800 milhões para aumentar sua capacidade produtiva em Mato Grosso.

Na outra ponta, as ações da Vale pressionaram a Bolsa com queda de 0,21%, em dia de fraqueza nos contratos futuros do minério de ferro. Perdas de CVC (4,66%), Natura (2,37%) e Alpargatas (2,06%), que acumulam valorização de pregões anteriores, também puxaram o Ibovespa para baixo.

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