Descrição de chapéu Folhainvest Selic juros

Aposta em corte dos juros no 2º semestre ganha força entre analistas

Últimos dados de inflação, falas de Campos Neto e PIB do primeiro trimestre reforçam ambiente para um alívio monetário, afirmam economistas

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São Paulo

O mercado está elevando as apostas para o início do ciclo de corte na taxa básica de juros, a Selic, no segundo semestre deste ano. As taxas de juros futuros em queda constante reforçam isso.

Mesmo os especialistas mais pessimistas com a economia brasileira estão começando a ceder sobre a possibilidade de um alívio monetário ainda neste ano.

Desde a semana passada, alguns sinais, tanto da economia quanto por parte do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçaram a construção de um ambiente para redução dos juros.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante seminário da Folha, em São Paulo (SP) - Jardiel Carvalho/Folhapress

Começou na quinta passada (25) quando o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15) veio abaixo do esperado pelo mercado, além de mostrar redução nos núcleos —que excluem os itens mais voláteis da cesta de preços analisados nas pesquisas.

"Se continuar nessa trajetória, é sinal de que a política monetária está fazendo efeito, então tem espaço para corte na taxa de juros", diz o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo.

O economista é conhecido por ser um dos mais pessimistas da Faria Lima, e a Genial trabalha com o cenário de juros no patamar atual, de 13,75%, até o fim do ano.

Além do IPCA-15, Camargo também enxerga uma sinalização por parte de Campos Neto em relação a um afrouxamento na política monetária. As últimas falas do presidente do Banco Central têm mostrado uma mudança no tom.

Na última segunda (29), Campos Neto disse durante um evento que o cenário para a atividade econômica no Brasil está clareando e a perspectiva para a inflação melhorou nas últimas semanas.

"Quando a gente pega atividade econômica no Brasil, a gente tem também uma notícia boa. Eu sempre digo que o cenário está clareando um pouco, porque a gente tem uma inflação que parece que vai engrenar uma melhora, mesmo que lenta, e ao mesmo tempo que a atividade tem surpreendido para cima", disse o presidente do BC.

É uma mudança em relação ao tom mais duro que Campos Neto vinha adotando em relação à importância de o BC não ceder no combate à inflação.

Para o economista-chefe do Banco Master e professor da Fundação Getulio Vargas, Paulo Gala, essa alteração de discurso deve aparecer já no comunicado da próxima decisão de juros do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), nos dias 20 e 21 de junho.

Gala acredita que o início do alívio monetário começará em agosto. "Na curva de juros tem um pouco de corte para agosto", justifica.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, acrescenta que os dados do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, divulgado nesta quinta (1º), reforça esse espaço para corte de juros no segundo semestre, o que deve acontecer em setembro, na opinião do especialista.

Isso porque o PIB cresceu acima das expectativas do mercado por conta do desempenho forte do setor agropecuário, pelo lado da oferta. A demanda doméstica, por outro lado, foi fraca no período.

"O PIB mostrou que a economia está parada. Isso ajuda na sensação de um crescimento com pouca pressão inflacionário", disse à Folha.

Para o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, o Copom vai cortar juros neste ano, a partir do segundo semestre, porque ele vai mudar o seu horizonte relevante, espaço médio de tempo para o qual o BC olha para ajustar sua política monetária. Segundo Alexandre Schwartsman, o horizonte relevante está mudando para março de 2025, quando a inflação deve convergir para a meta.

Schwartsman também é um nome conhecido pelo pessimismo em relação ao cenário atual. Agora, contudo, o especialista enxerga espaço para corte de juros a partir de setembro.

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