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BC eleva projeção de crescimento do PIB para 2% em 2023, mas alerta para desaceleração

No relatório, autarquia ainda piorou estimativa para resultado das transações correntes neste ano

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Camila Moreira
São Paulo | Reuters

O BC (Banco Central) melhorou sua estimativa de crescimento para a economia brasileira em 2023 a 2,0%, de 1,2% estimado em março, mostrou o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (29), mas avalia que o cenário ainda é de desaceleração da atividade econômica neste ano.

O BC explicou no documento que a revisão reflete surpresas positivas em algumas atividades da indústria e do setor de serviços no primeiro trimestre, além de melhora nos prognósticos para a agricultura.

Porém, alertou que "a projeção continua refletindo um cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica em 2023 sob influência da diminuição do ritmo de crescimento global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica".

Prédio do Banco Central, em Brasília (DF) - Adriano Machado - 14.fev.2023/Reuters

O BC apontou que foram mantidas previsões modestas para as variações trimestrais da indústria e serviços ao longo do restante do ano, mas que a agropecuária deve ter evolução distinta.

"Após a forte alta nos primeiros três meses do ano, impulsionada pela safra recorde de soja, o setor deve recuar nos trimestres seguintes, contribuindo para a desaceleração do PIB, tanto por seu impacto direto como por sua influência nos demais setores", disse o BC no documento.

A estimativa do BC é um pouco melhor do que o crescimento de 1,91% esperado pelo Ministério da Fazenda, enquanto a pesquisa Focus mais recente aponta que o mercado prevê uma expansão do Produto Interno Bruto de 2,18% em 2023.

A atividade econômica surpreendeu no início deste ano com um crescimento acima do esperado de 1,9% no primeiro trimestre, refletindo o desempenho mais forte do setor agrícola em quase três décadas, o que desencadeou uma série de revisões para cima por parte de especialistas e analistas em suas projeções para a economia.

A projeção do BC para o crescimento da agropecuária neste ano passou de 7,0% para 10,0%, enquanto a perspectiva de expansão da indústria foi elevada de 0,3% para 0,7%. O BC passou ainda a ver alta de 1,6% do setor de serviços, contra 1,0% antes.

Em relação à inflação, o BC avaliou que o comportamento benigno recente nos preços no atacado, tanto na parte de alimentos quanto na parte de industriais, sugere continuidade do movimento de arrefecimento da inflação nos próximos meses.

No entanto, para o segundo semestre de 2023, a expectativa é de uma inflação maior acumulada em 12 meses, consequência da saída do cálculo do IPCA do efeito das medidas tributárias que reduziram o nível do preços no terceiro trimestre de 2022 e da manutenção dos efeitos das medidas tributárias deste ano.

TRANSAÇÕES CORRENTES

Ainda no Relatório de Inflação, o BC piorou sua estimativa para o resultado das transações correntes neste ano, passando a ver um saldo negativo de US$ 45 bilhões (R$ 218,5 bilhões), ante rombo de US$ 32 bilhões (R$ 155 bilhões) projetado em março.

Isso se deve principalmente a um superávit menor esperado para a balança comercial, de US$ 54 bilhões (R$ 262,2 bilhões) agora contra US$ 62 bilhões (R$ 301 bilhões) previstos em março.

A autoridade monetária ainda passou a ver um crescimento do crédito no país de 7,7% este ano, ante estimativa de 7,6% antes. Agora, a expectativa é que o crédito às famílias suba 9,9% em 2023, contra expectativa anterior de 8,4%. Para as empresas, a alta foi calculada em 4,4%, ante 6,3% no último relatório.

Sobre política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) de que a conjuntura atual segue demandando cautela e parcimônia.

"O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", repetiu o BC.

Em sua última reunião, o BC deixou a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, como esperado, e sinalizou na ata desse encontro a possibilidade de iniciar um afrouxamento monetário "parcimonioso" na próxima reunião, em agosto.

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