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Beyoncé é responsável por manter inflação alta na Suécia, dizem economistas

Shows da cantora em Estocolmo aumentaram preços de hotéis, contribuindo para taxa maior que esperada

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Richard Milne
Oslo | Financial Times

Os banqueiros centrais que procuram alguém para culpar pelas persistentes pressões dos preços têm um novo alvo: Beyoncé.

Economistas do Danske Bank (banco dinamarquês) acreditam que a decisão da cantora americana de iniciar sua turnê mundial em Estocolmo, em maio, provocou um aumento nos preços dos hotéis locais, o que, por sua vez, levou a inflação sueca a superar as expectativas.

Fãs de todo o mundo se reuniram na capital sueca para os dois shows de abertura da turnê "Renaissance" de Beyoncé no mês passado, com evidências sugerindo que muitos dos 46 mil presentes em cada noite tiveram de se hospedar bem longe da capital sueca e por preços elevados.

Beyoncé estreia da turnê 'Renaissance' em Estocolmo, na Suécia - Divulgação - 10.mai.2023/Beyoncé.com

A empresa Sweden Statistics informou na quarta-feira (14) que a inflação básica anual, que exclui mudanças nos preços da energia, caiu apenas 0,2 ponto percentual entre abril e maio, para 8,2%. Foi uma margem menor do que os economistas e o banco central esperavam.

"Beyoncé é a responsável pela surpresa extra deste mês. É de fato incrível para um único evento. Nunca vimos isso antes", disse Michael Grahn, economista-chefe do Danske Bank na Suécia, que estimou que a cantora contribuiu com 0,2 ponto percentual para o aumento.

A Sweden Statistics disse que restaurantes e hotéis adicionaram 0,3 ponto percentual ao número de maio, enquanto recreação e cultura contribuíram com 0,2 ponto.

Economistas disseram esperar que os efeitos desapareçam neste mês. Porém, alguns, como Andreas Wallström, chefe de previsão do Swedbank, temem que o próximo grande show na Suécia –três noites de Bruce Springsteen em Gotemburgo no final de julho– tenha um efeito semelhante.

Beyoncé –famosa por sucessos como "Halo", "Crazy in Love" e também "Bills, Bills, Bills", quando fazia parte do Destiny's Child– está em turnê pela primeira vez em sete anos, gerando grande demanda por ingressos na Europa e a partir do próximo mês nos Estados Unidos.

Os sites dos EUA estavam cheios de histórias de americanos que viajaram à Suécia para aproveitar a fraca coroa sueca e passagens significativamente mais baratas do que em seu país.

Os ingressos para os shows em Estocolmo foram vendidos por um valor nominal equivalente a US$ 60 a 140 (R$ 290 a 670). Para seus shows em Las Vegas, os preços da Ticketmaster para o ingresso padrão variam de US$ 91 a US$ 689 (R$ 440 a 3.300). Em outras cidades dos Estados Unidos, os ingressos estão sendo revendidos por vários múltiplos desses valores.

O Riksbank foi um dos últimos bancos centrais ocidentais a começar a aumentar as taxas de juros, afastando-se apenas do limite inferior de zero em maio do ano passado. Sua taxa de referência é de 3,5%, e a maioria dos economistas, como Grahn, espera mais dois aumentos este ano, enquanto tenta reduzir a inflação para sua meta de 2%.

A expectativa de consenso para o núcleo da inflação sueca em maio foi de 7,8%. O Riksbank previu um valor de 8,1%.

A turnê "Renaissance" de Beyoncé partiu de Estocolmo para várias capitais europeias, incluindo Bruxelas, Cardiff, Edimburgo e cinco noites em Londres. Ela tem mais sete datas na Alemanha, Holanda e Polônia antes de seguir para o Canadá e os EUA. Porém, seu impacto ainda não apareceu em nenhum dos dados de inflação dos outros países.

Grandes torneios esportivos muitas vezes distorcem as estatísticas econômicas, mas economistas dizem que é raro um único evento fazer isso.

Tradução de Luiz Roberto Gonçalves

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