Descrição de chapéu Folhainvest Banco Central

Haddad comemora melhora da perspectiva do Brasil pela S&P e diz que 'falta o BC'

Ministro elenca medidas validadas pelos demais poderes como essenciais para resultado

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Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou a decisão da agência de classificação de risco S&P Global Rating de revisar para "positiva" a perspectiva da nota do Brasil e aproveitou o momento para fazer um aceno favorável ao Congresso Nacional e ao Judiciário, ao mesmo tempo em que disse que "está faltando o Banco Central".

Em uma entrevista a jornalistas concedida logo após a divulgação da decisão, Haddad se cercou de seu time de secretários e adotou um tom conciliador, dividindo os louros com o Legislativo e o Judiciário, que recentemente proporcionaram vitórias ao ministro.

O Congresso já aprovou medidas que elevam a arrecadação do governo e, no mais expressivo dos avanços, a Câmara avalizou, com mudanças, o novo arcabouço fiscal apresentado pela equipe econômica. O Judiciário, por sua vez, decidiu em favor da Fazenda Nacional em temas que envolvem a disputa de bilhões de reais.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antes da reunião de 100 dias de governo Lula - Ueslei Marcelino - 10.abr.2023/Reuters

"Isso não é possível a partir só do Executivo. A gente tem a confiança do presidente Lula, o apoio, mas sem a compreensão do presidente Arthur Lira, do presidente [Rodrigo] Pacheco e também do STJ [Superior Tribunal de Justiça], do STF [Supremo Tribunal Federal], que têm se sensibilizado com a agenda da Fazenda, da área econômica em geral, nós não íamos ter essa sinalização", disse Haddad, exaltando a "harmonia entre os Poderes".

"Tem muito trabalho pela frente, isso é só um começo, Mas eu penso que se nós mantivermos o ritmo de trabalho das duas Casas e do Judiciário, eu quero crer que nós vamos conseguir atingir os nossos objetivos", acrescentou.

Ao Banco Central, coube uma espécie de cobrança. Haddad foi questionado sobre o potencial de a decisão da S&P contribuir para a queda da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 13,75%. Em tom suave, o ministro respondeu dando a entender que o BC está isolado em sua posição atual.

"Eu falava de harmonização há pouco, os três Poderes se harmonizando. Está faltando aí o Banco Central se somar a esse esforço. Mas eu quero crer que nós estejamos prestes a ver isso acontecer", disse o ministro.

No comunicado, a S&P cita a perspectiva de manutenção de um BC autônomo como um dos fatores que levaram à decisão da agência. Para Haddad, no entanto, isso não inviabiliza o debate sobre a taxa de juros no Brasil. A política monetária é um dos alvos preferenciais de críticas no governo, tanto na ala política quanto na equipe econômica.

"Não pode ter mordaça em relação a esse assunto", disse o ministro. "Divergir não é pecado. Divergir faz parte da democracia."

O Banco Central silenciou sobre a decisão da S&P. Sob gestões passadas no BC, a instituição emitiu comunicados em ocasiões em que o Brasil obteve melhora ou piora da nota propriamente dita.

A decisão da agência representa a primeira melhora da perspectiva do Brasil em quase quatro anos. A última revisão favorável foi em dezembro de 2019. Desde abril de 2020 a perspectiva do país era estável.

"É um passo importante, depois de quatro anos, ter uma sinalização dessas", disse Haddad. Segundo ele, o resultado é "ainda modesto", mas importante. "É uma mudança de viés, uma mudança de rota. Isso é muito significativo", afirmou.

A nota atual do país é B, ainda considerada de grau especulativo. Acima há BB (também especulativo) e BBB, quando já é considerado grau de investimento. O Brasil está, portanto, a dois degraus de obter grau de investimento.

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