Materiais para blindagem de carros evoluem, mas manutenção ainda é problema

Tanto um sedã como um SUV de porte médio ganham entre 150 kg e 200 kg com o processo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

As proteções balísticas que estão na maior parte das blindagens de veículos no Brasil são desenvolvidas e testadas pela DuPont. Mas não há fuzis ou pistolas no laboratório da empresa, em Barueri (Grande São Paulo).

Os tiros são disparados por uma máquina capaz de receber balas de diferentes calibres, que atingem pedaços de mantas amarelas de diferentes espessuras. É o kevlar.

O fio sintético, a base de petróleo, parece nylon. Um carretel de 10 quilos desse material custa aproximadamente R$ 2.000. As estruturas têxteis feitas a partir dessa linha é que determinam sua resistência.

Projéteis (cartuchos de bala vazios) de tamanhos variados usados no laboratório de Tecnologia de Proteção Balística da DuPont, que desenvolve o tecido kevlar, a prova de balas - Eduardo Knapp/Folhapress

A variação mais recente da empresa é o kevlar Prepeg HA K260. A fabricante diz que o material permite uma redução de 25% no peso da blindagem, além de ser mais fino e maleável que gerações anteriores do produto. A resistência é mantida, segundo a fornecedora.

Essa redução de peso ajuda a diminuir o desgaste do carro, mas o problema maior está nas janelas e no para-brisa, que recebem placas transparentes de alta resistência.

De acordo com a DuPont, o vidro original, que tem 6 mm de espessura, chega a até 21 mm com as duas camadas de proteção em policarbonato.

No fim do processo, tanto um sedã como um SUV de porte médio ganham entre 150 kg e 200 kg com a blindagem. As alterações dificultam a manutenção, o que pode encarecer os serviços de oficina.

"Os maiores problemas dos blindados estão nos freios, que sofrem no anda-e-para da cidade, e na suspensão", diz Bruno Tinoco Martinucci, proprietário da oficina Motorfast. Ele menciona ainda os defeitos comuns que surgem nos vidros, como o descolamento das camadas.

Esse processo pode ser causado pelo calor e se chama delaminação. Visualmente, o problema aparece na forma de bolhas, que significam perda da proteção e dificuldades em se enxergar.

Martinucci explica que é preciso saber usar o carro blindado para aumentar a vida útil. "Não se deve, por exemplo, fechar as portas com os vidros abertos, porque isso pode causar problemas como trincas nas janelas."


Veja quais são as etapas da blindagem de um veículo:*

  • Solicitação de autorização do Exército
  • Desmontagem do veículo: retirada dos bancos e outros componentes do interior do carro
  • Aplicação da aramida, material de fibra sintética de alta resistência, e do aço inoxidável
  • Instalação dos vidros
  • Remontagem da parte interna
  • Testes elétrico, de rodagem, entre outros

*materiais e etapas podem variar de acordo com a montadora e o projeto de blindagem

Carro usado para teste de tiros - Rubens Cavallari/Folhapress
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.