S&P melhora perspectiva do Brasil, Bud Light deixa de ser cerveja mais vendida nos EUA e o que importa no mercado

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S&P muda perspectiva sobre nota do Brasil

Uma das três mais importantes agências de classificação de risco, a S&P Global melhorou nesta quarta (14) a perspectiva de longo prazo do Brasil. A nota de crédito foi mantida em BB- (ou B em moeda local), mas a agência revisou a perspectiva de "estável" para "positiva".

É a primeira revisão desde dezembro de 2019 feita pela S&P, que foi a primeira a retirar o grau de investimento do país em 2015. Fitch e Moody’s, as outras duas gigantes do mercado, avaliam o Brasil também em BB-, mas com perspectiva "estável".

O que explica a mudança na perspectiva do país, segundo a S&P:

  • Crescimento econômico melhor do que o esperado;
  • Sinais de estabilidade na condução das políticas fiscal e monetária.

Dois cenários: a agência ainda informou o que a faria aumentar a nota de crédito do país ou revisar a perspectiva novamente para baixo.

No lado positivo, a capacidade do governo de adotar medidas econômicas pragmáticas. A chave para isso seria a aprovação de reformas adicionais – entre elas a tributária.

No negativo, uma estrutura política inadequada, ou caso a política econômica resulte em crescimento limitado do país, "levando a uma maior deterioração fiscal e a um ônus da dívida maior do que o esperado".

Por que importa: esse tipo de classificação é levado em conta, por exemplo, como critério de investimento de grandes fundos do exterior –alguns gigantes só colocam dinheiro em países com grau de investimento.

Reação: o dólar ampliou a queda, para R$ 4,81, e a Bolsa acelerou para fechar em avanço de 1,99% depois que a S&P atualizou a perspectiva sobre a nota brasileira.

Sopa de letrinhas: S&P, Fitch e Moody’s seguem denominações semelhantes para avaliar a nota de crédito dos países.

  • Elas partem de CC (ou Ca, para a Moody’s), passando por CCC-, CCC, CCC+, B-, B, B+... e assim por diante até chegar ao grau de investimento, que é do BBB- ao AAA.
  • Ou seja, mesmo com a revisão, o BB- do Brasil ainda precisa subir três andares (BB, BB+, BBB-) para chegar ao grau de investimento.

Bud Light deixa de ser mais vendida nos EUA após boicote

Após ser alvo de boicote por setores conservadores da sociedade americana, a Bud Light perdeu o posto de cerveja mais vendida no país nas últimas semanas.

Quem assumiu a liderança foi a mexicana Modelo, fabricada nos EUA pela Constellation Brands. Ela somou 8,4% de participação de mercado em um período de quatro semanas até 3 de junho.

A Bud Light, da gigante AB InBev, viu suas vendas caírem para 7,3% do total no período. Até abril, elas giravam em torno de 10%.

Relembre: no início de abril, a influenciadora trans Dylan Mulvaney, que tem milhões de seguidores nas redes sociais, publicou um vídeo de publicidade com a marca.

  • Ela mostrava seis cervejas que recebeu com um desenho de seu rosto estampado na lata, para comemorar um ano desde que ela se declarou trans publicamente.

Desde então, grupos conservadores começaram uma campanha de boicote acusando a cerveja de patrocinar pautas transgênero, de "zombar" de mulheres e de expor crianças à sexualidade.

A fabricante anunciou a saída de dois executivos de marketing, mas a tentativa da empresa de recuar atraiu novas críticas, desta vez de progressistas e de membros da comunidade LGBTQIA+.


Novas regras para as estradas

Uma nova política de concessões de rodovias federais do governo deve prever descontos para usuários frequentes e a adoção de pedágio "free flow" (sem parada) até o quinto ano de contrato.

Entenda: com o modelo, a cobrança é feita pela leitura automática de placas ou tags, sem que os motoristas precisem parar em cabines.

A ideia é que cada um pague apenas pelo trecho que percorreu. É diferente do que acontece hoje. Veículos de mesmo tamanho pagam uma tarifa única, independentemente de quantos quilômetros trafegam.

O modelo de free-flow já foi testado em São Paulo e deve ser usado no trecho norte do Rodoanel. A rodovia estadual terá uma câmera que faz leitura das placas e é capaz de identificar características como altura, dimensões e largura dos veículos.

Outras novidades da política do governo para novas concessões:

  • Motoristas que passam muitas vezes pela mesma via devem ter descontos progressivos no pedágio;
  • Haveria ainda abatimentos para usuários de tags de pagamento;
  • Iniciativas para a sustentabilidade, como pontos de recarga de veículos elétricos nos espaços de apoio aos usuários.

O primeiro leilão feito sob as novas regras devem ser os dois lotes de estradas no Paraná, que somam 1.077 km de vias. Ele está previsto para agosto.

Será definido o vencedor que cobrar a menor tarifa do usuário, mas com um limite nos descontos. O objetivo é evitar que empresas deem ofertas tão baixas que não sejam suficientes para custear a operação.

Em números: cinco grandes editais de concessões de estradas devem sair neste ano, que somam R$ 66 bilhões entre investimentos e despesas operacionais.


Americanas teve rombo de R$ 25 bi

A Americanas divulgou nesta quarta que a antiga diretoria causou um rombo de R$ 25,3 bilhões no balanço da varejista. A maior parte desse valor foi inflada por um lucro que não existiu ao longo dos últimos anos (não se sabe desde quando).

Para conseguir driblar os analistas e tornar o balanço em um documento crível, os ex-executivos da varejista, conforme acusa a empresa, tiveram que fazer manobras contábeis que chegaram a quase o dobro: R$45,9 bilhões.

De um lado, a Americanas inflava seu lucro registrando no balanço um valor inferior ao que ela realmente pagava pelas mercadorias.

Isso era feito com contratos supostamente fictícios em que fabricantes dão descontos em mercadorias em troca de exposição nas campanhas da varejista –a operação (com contratos reais) é comum no setor.

Do outro, a companhia precisava compensar a redução que tinha criado na conta fornecedores (com os descontos) e que, na verdade, seriam pagos na totalidade (e mais juros) em operações de risco sacado.

Essa é outra operação comum no setor e se caracteriza pelo fornecedor antecipar com o banco o valor que tem a receber da varejista, que, ao mesmo tempo, prolonga o prazo original de pagamento também com o banco, pagando juros.

  • Entenda aqui por que a companhia contabilizava a operação de forma errada no balanço.

Mais sobre o caso

  • Acusado pela Americanas de ter participado da fraude, o ex-presidente da companhia Miguel Gutierrez planeja deixar o Brasil. A informação foi revelada por pessoas próximas ao executivo, segundo a coluna Painel S.A.
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