Fraude na Americanas, hidrogênio verde atrai UE e o que importa no mercado

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'Inconsistências' agora são fraude

A Americanas admitiu ao mercado nesta terça que o que ocorreu na companhia foi uma fraude –até então, o comunicado era no tom de "inconsistências contábeis".

  • Um relatório elaborado por assessores jurídicos aponta a diretoria anterior da empresa como culpada pelo rombo.

Entenda a fraude: o relatório aponta dois fatores principais que acabaram gerando um rombo nas contas da varejista.

1 - trata sobre uma operação comum no varejo em que fabricantes dão descontos para grandes encomendas em troca de exposição de seus produtos em campanhas das varejistas ou em locais privilegiados nas lojas.

↳ Mas esses descontos não existiram. O fato relevante fala que eles não tiveram lastro, ou seja, foram criados, mas seu valor (R$ 17,7 bilhões) acabou sendo descontado no balanço, o que inflou lucros e margens da Americanas.

2 - fala de um termo que havia sido citado na época que o escândalo estourou: o risco sacado. É uma operação em que o fornecedor antecipa com desconto o pagamento de uma mercadoria junto ao banco, que passa a ser credor da varejista.

↳ O fato relevante diz que essa e outras manobras que somaram R$ 24,2 bilhões foram feitas para gerar caixa para a companhia continuar operando. O problema é que elas não foram registradas como dívida no balanço.


Reação: as ações da Americanas chegaram a subir quase 20% no começo do pregão, mas fecharam em alta de 6%. Desde o estouro do escândalo, porém, a desvalorização é de quase 90%.

Enquanto isso, na CPI… O atual CEO da empresa mostrou emails e outras trocas de mensagens com supostas provas de que os balanços da companhia foram intencionalmente alterados. Ele também afirmou haver indícios de participação das empresas de auditoria PwC e KPMG.

Entre os documentos, havia um em que a antiga diretoria citava um resultado da "visão interna", com prejuízo de geração de caixa para 2021 de R$ 733 milhões e outro de "visão conselho", que traz um lucro para a mesma rubrica de quase R$ 2,9 bilhões –este último valor foi apresentado ao conselho e ao mercado.


A prova de fogo para as fintechs da Bolsa

Depois do bom desempenho no primeiro trimestre, agora as fintechs brasileiras têm como desafio provar que conseguem manter o ritmo de crescimento da base de clientes e, ao mesmo tempo, aumentar a receita que têm com eles, dizem analistas do setor.

  • Aqui estamos falando principalmente dos bancos digitais com ações em Bolsa: Nubank, Inter, Stone e PagBank —antes chamada de PagSeguro

O que aconteceu no 1º tri: as fintechs surpreenderam o mercado ao ampliar sua base de clientes em um cenário difícil, de juros altos e inadimplência recorde.

  • O que explica: os bancões restringiram os empréstimos para clientes considerados mais arriscados. O vácuo foi ocupado pelas novatas do setor, que ainda registraram baixo crescimento da inadimplência.

A barreira pela frente: agora, os bancos digitais precisam aumentar a receita média sobre os clientes, algo que os rivais incumbentes são especialistas, com serviços, ofertas de seguros etc.

O desafio foi citado pelo Nubank recentemente, quando disse que sua receita com cada cliente está em US$ 8,5, bem atrás dos bancões (US$ 40).

  • Para diminuir a distância, o roxinho foca na alta renda e quer ser o banco principal dos usuários.

O Inter, segundo especialistas, já vem nesse caminho de privilegiar uma monetização maior do que o crescimento de participação de mercado.

E nas maquininhas? Os analistas querem ver se Stone e PagBank vão conseguir manter a tendência do começo do ano, com aumento de receita bem maior do que o de despesas.

  • O que explica: as empresas estão conseguindo diversificar sua atuação, com expansão na base de clientes e crescimento da receita por conta da entrada no mercado de crédito.

UE olha para hidrogênio verde do Brasil

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta segunda investimento de 2 bilhões de euros (cerca de R$ 10 bilhões) em hidrogênio verde no Brasil.

Ela afirmou que a União Europeia tem o objetivo de importar 10 milhões de toneladas de hidrogênio renovável todos os anos. A declaração foi feita após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto.

Entenda: para ser usado como combustível, o hidrogênio precisa ser separado de alguma matéria-prima, que hoje é principalmente de origem fóssil, como gás natural (hidrogênio cinza), petróleo (azul) ou carvão (marrom), em processos que emitem CO2.

  • Para produzi-lo, geralmente é aplicado um processo químico –eletrólise– que usa uma corrente elétrica para separar o hidrogênio do oxigênio na água;

  • Nesse caso, a fonte energética adotada é limpa, como solar ou eólica, um diferencial brasileiro.

Os desafios: o principal entrave está no transporte do hidrogênio, que demanda armazenamento em baixas temperaturas e alta pressão. As tecnologias para produção em larga escala também não estão prontas.

As vantagens são promissoras. Apenas a substituição do hidrogênio cinza pelo verde economizaria 830 milhões de toneladas de carbono por ano, o equivalente às emissões de Reino Unido e Indonésia somadas, nos cálculos da Agência Internacional de Energia.


Calote de Musk sobra para o Goldman

O calote admitido de Elon Musk sobre o aluguel de escritórios do Twitter acabou resvalando no Goldman Sachs, um dos bancões dos EUA.

A rede social não deposita os aluguéis desde novembro, e o bilionário disse a funcionários que não pretende reiniciar os pagamentos ou cobrir dívidas vencidas, segundo ações judiciais.

Em números: o valor atrasado em empréstimos imobiliários comerciais do Goldman subiu 612% no primeiro trimestre deste ano, para US$ 840 milhões (R$ 4,08 bilhões).

  • O calote sobre o mesmo tipo de crédito em todo o setor bancário americano teve aumento bem menor no período, de 30%, para US$ 12 bilhões (R$ 58,35 milhões).

O Goldman não é dono dos prédios do Twitter, mas é credor da Columbia Property, fundo que abriga dois grandes escritórios da rede social e que deixou de pagar os empréstimos ao Goldman em fevereiro.

Incomoda, mas pouco: o bancão americano não tem tanta exposição assim ao setor, o que significa que o calote do Twitter –e, consequentemente, da Columbia– não tem um impacto relevante sobre seu resultado.

Por falar em Goldman… o banco vive uma batalha interna entre seus executivos e sócios sobre algumas decisões do CEO, David Solomon, envolvendo bônus, estratégia e até sobre o seu lado DJ, reportou o Wall Street Journal nesta terça.

Ao contrário da maioria de outros bancos, o Goldman mantém uma sociedade de cerca de 420 executivos, que, segundo o jornal, se acham tão importantes quanto o CEO.

Solomon, que se apresentou como DJ em casas noturnas e festivais, foi criticado por um sócio antigo e pela secretária do conselho do banco, que disseram que isso não pegava bem para um CEO de uma das maiores companhias de Wall Street.

Um porta-voz do banco disse ao WSJ que as diferenças de opinião refletiam um debate saudável na empresa.

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