Bancos centrais iniciam mudanças na política monetária à medida que inflação desacelera

Postura cautelosa indica que aperto monetário de 2022 pode chegar ao fim

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Howard Schneider
Washington | Reuters

Os principais bancos centrais do mundo realizaram outra rodada de aumentos nas taxas de juros nesta semana, apesar da desaceleração da inflação. Porém, agora mudaram para uma postura mais cautelosa sobre novas altas em um sinal de que o aperto monetário imposto ao longo do último ano pode estar chegando ao fim.

O Fed (Federal Reserve, BC dos EUA) e o BCE (Banco Central Europeu) realizaram aumentos de juros de 0,25 ponto percentual nesta semana, e deixaram em aberto a possibilidade de novas altas caso a inflação não continue em uma queda que começou a vir mais rápido do que o previsto em ambos os lados do Atlântico.

Espera-se que o Banco da Inglaterra eleve os juros novamente na próxima semana, após dados positivos semelhantes sobre a inflação.

Jerome Powell, presidente do Fed, fala em entrevista a jornalistas no prédio do banco, em Washington, EUA - Saul Loeb - 26.jul.2023/AFP

Enquanto isso, nesta sexta-feira (28), o Banco do Japão abriu o debate sobre os planos para encerrar sua política ultrafrouxa.

O banco central japonês tem sido uma exceção entre os bancos centrais das principais economias do mundo ao manter os juros ultrabaixos, mas surpreendeu os mercados nesta sexta-feira ao ajustar sua política de controle de rendimento e permitir que os custos de empréstimos de longo prazo subissem mais, refletindo as perspectivas de inflação crescente.

Na Europa e nos Estados Unidos, a retórica por mais altas de juros é comum entre as principais autoridades desde o ano passado.

No entanto, isso agora foi associado a uma visão mais ampla de como os preços estão evoluindo junto com a economia como um todo, uma abordagem mais abrangente que pode permitir que a criação de empregos e o crescimento econômico mais lentos sirvam como evidência de que a inflação continuará caindo.

Isso é uma mudança da insistência das autoridades ao longo do último ano de que eles precisavam ver quedas reais no ritmo dos aumentos de preços para saber que progresso estava sendo feito, e que poderia injetar o que o presidente do Fed, Jerome Powell, descreveu como uma dose de paciência no debate sobre se são necessárias mais altas.

A taxa de juros do Fed agora está na faixa de 5,25% a 5,50%, enquanto a principal taxa do BCE é de 3,75%.

"Dado onde chegamos, podemos ser um pouco pacientes e resolutos enquanto deixamos isso acontecer", disse Powell em coletiva de imprensa na quarta-feira após a decisão do Fed de aumentar os juros pela 11ª vez em sua última 12 reuniões.

"Queremos ver o crescimento econômico em níveis moderados ou modestos para ajudar a aliviar as pressões inflacionárias. Queremos ver a restauração contínua do equilíbrio entre oferta e demanda, particularmente no mercado de trabalho [...]Vemos essas peças do quebra-cabeça se encaixando."

Para o BCE, a presidente Christine Lagarde disse que uma ligeira mudança de redação em sua declaração de política mais recente foi "não apenas aleatória ou irrelevante", mas pretendia comunicar que, após nove altas de juros consecutivas, uma pausa estaria sendo considerada para a reunião do banco central em setembro, assim como será para o Fed.

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