Descrição de chapéu Financial Times

Bilionários chineses apoiam plano de Xi Jinping para restaurar economia

Magnatas discretos orquestram manifestação de confiança enquanto recuperação pós-pandemia perde o gás

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Ryan McMorrow Joe Leahy
Pequim | Financial Times

Os bilionários da China saíram das sombras para elogiar os esforços do Partido Comunista para restaurar a confiança do setor privado enquanto Pequim tenta recarregar a vacilante recuperação econômica após a pandemia.

Os titãs da indústria, tipicamente discretos no país –muitos dos quais foram atingidos por repressões regulatórias nos últimos anos–, publicaram uma série de editoriais e declarações na quarta (19) e nesta quinta-feira (20) declarando seu apoio ao novo plano de ação do partido para fortalecer as empresas privadas.

A expressão de confiança dos magnatas, aparentemente orquestrada, ocorre num momento em que a segunda maior economia do mundo luta contra a queda da confiança do consumidor e dos negócios do setor privado.

Os bilionários chineses Lei Jun, Pony Ma e Zong Qinghou - Montagem - AFP

Em um longo editorial na mídia estatal, o fundador da Tencent, Pony Ma, disse que está "extremamente entusiasmado e profundamente inspirado" pelo apoio do presidente Xi Jinping a grupos privados.

O plano de ação de 31 pontos, divulgado pelo partido e pelo governo na quarta, promete melhorar o ambiente de negócios e tratar as empresas privadas da mesma forma que suas contrapartes estatais. As medidas incluem facilitar as iniciativas empresariais para levantar capital e apoiar sua expansão no exterior.

Lei Jun, executivo-chefe da fabricante de telefones Xiaomi, chamou isso de "sinal claro de política" para as empresas avançarem com "desenvolvimento de alta qualidade e contribuir para a modernização da ciência e tecnologia".

O magnata dos refrigerantes Zong Qinghou disse que seu grupo Wahaha "seguirá o caminho de servir o país" e "não decepcionará o partido ou o estado", em um comunicado publicado por um grupo industrial da província de Zhejiang. As palavras apareceram sob uma foto de Zong usando o broche vermelho do partido.

O post de rede social do grupo de Zhejiang continha elogios de 13 outros empresários locais, incluindo Li Shufu, presidente da montadora Geely, e Lai Meisong, fundador da transportadora ZTO Express.

A economia da China cresceu menos de 1% no segundo trimestre em comparação com os três meses anteriores (6,3% na comparação ano a ano), gerando preocupação de que um profundo mal-estar no setor imobiliário esteja prejudicando a confiança empresarial.

O investimento do setor privado contraiu ano a ano no segundo trimestre. O setor privado responde por 60% do produto interno bruto e 80% do desemprego urbano na China, tornando-se um motor crucial do crescimento.

Pequim se recuperou de sua repressão tecnológica de dois anos e busca incentivar as empresas a investir e expandir em meio a uma perspectiva econômica sombria.

Como parte de seus esforços para restaurar a confiança, o governo encerrou as investigações sobre o braço fintech da Tencent e o grupo Ant, de Jack Ma. Juntos, eles foram atingidos com um total de 10 bilhões de iuanes (R$ 6,7 bilhões) em multas.

Funcionários, incluindo o primeiro-ministro Li Qiang, também se reuniram com os principais executivos de tecnologia e elogiaram os esforços de seus grupos para fortalecer a indústria de semicondutores do país.

Observando as promessas do partido de concorrência justa e proteção igualitária sob a lei, Ma, da Tencent, disse que as novas medidas "reforçaram a confiança de todos para construir empresas melhores e mais fortes".

Frederic Neumann, economista-chefe do HSBC para a Ásia, disse que os 31 pontos carecem de detalhes, mas representam um esforço do governo central para enviar um forte sinal às autoridades de escalão inferior sobre a importância de estimular a atividade do setor privado.

Ele disse que os mercados estão esperando por uma reunião do Politburo, que governa a China, este mês, na qual se espera discutir medidas de estímulo. Os analistas as consideram necessárias para dar um pontapé inicial na economia crepitante. "Há uma atitude de esperar para ver entre os investidores que querem ver que ações políticas concretas serão tomadas", disse Neumann.

Embora o documento fosse cheio de elogios, apoio e reformas para fortalecer o setor privado, também deixava claro que o partido permanecerá intimamente envolvido nos negócios. Incluía apelos para "melhorar o mecanismo para moldar o pensamento ideológico dos empresários" e "realizar profundamente a educação sobre ideais, crenças e valores socialistas centrais".

Em relação a ajudar o país, Ma disse que a Tencent adotará o programa de prosperidade comum de Xi "como nosso guia estratégico" e prometeu "apoiar profundamente a pesquisa básica nacional" e uma série de esforços beneficentes.

"Como grupo privado de tecnologia, temos a importante responsabilidade de promover a inovação tecnológica e impulsionar o desenvolvimento", disse ele.

Colaboraram William Langley e Cheng Leng, em Hong Kong, e Nian Liu, em Pequim. Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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