Governo cede e deve retirar brecha que dispensa licitação para estatais de saneamento

Para evitar derrota no Senado, Planalto caminha para fechar acordo com oposição no Congresso

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cedeu e deve retirar a brecha que dispensa licitação para empresas estatais de saneamento no novo decreto. A medida aumenta as chances de um acordo com a oposição no Senado e com a Câmara dos Deputados, que acompanha as negociações.

O objetivo é evitar uma derrota. Caso não haja acordo, entrará na pauta do Senado desta terça-feira (11) a votação do PDL (Projeto de Decreto Legislativo) que, se for aprovado, derruba mudanças elaboradas pelo Executivo em abril no Marco do Saneamento —que recebeu aval dos parlamentares em 2020.

Chegada das águas poluídas do córrego Cabuçu de Cima no rio Tietê, próximo à divisa entre os municípios de Guarulhos e São Paulo. - Lalo de Almeida - 15.dez.2022 / Folhapress

O Palácio do Planalto e o Ministério das Cidades trabalham para finalizar o texto a tempo de apresentá-lo na terça-feira (11) para líderes e para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Para evitar que o acordo do Senado seja enterrado pela Câmara dos Deputados, as diretrizes do decreto que será editado também serão apresentadas ao relator do PDL na Câmara, Alex Manente (Cidadania-SP), e ao autor, Evair de Melo (PP-ES).

Lula se reuniu com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), na tarde desta segunda-feira (10) para dar aval ao novo texto.

Já o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), esteve com o líder da oposição, senador Rogério Marinho (PL-RN), na manhã de segunda.

Técnicos da oposição passaram a trabalhar em sugestões e contrapropostas. Mas a avaliação, tanto de integrantes fora da base quanto de auxiliares palacianos, é de que um acordo está próximo.

Na semana passada, Pacheco e o relator do PDL no Senado, senador Confúcio Moura (MDB-RO), conversaram com o ministro das Cidades, Jader Filho (MDB). Segundo relatos, o presidente do Senado deixou claro que o Congresso não iria abrir mão da exigência de licitação para companhias de água e esgoto.

Inicialmente, o governo planejava a edição de um decreto com os trechos de consenso, e um segundo texto (por meio de decreto, projeto de lei ou medida provisória) para resolver os pontos que foram alvo da Câmara.

Como o Congresso afirma que os trechos derrubados não poderiam ter sido mudados por decreto, e o governo diz que uma medida provisória ou um projeto de lei trariam insegurança jurídica, as mudanças serão feitas a partir da edição de um único decreto.

Assessores técnicos do Congresso que trabalham na construção do texto afirmam que o governo poderia ter editado apenas um decreto (em vez de dois) desde o começo, e que até hoje não entendem as justificativas dadas pela Casa Civil.

Desde que o PDL chegou ao Senado, a avaliação é de que as mudanças feitas por Lula não tinham apoio nem sequer da base, e que o governo seria derrotado se o texto fosse colocado em votação.

Apesar de ter votos suficientes para reverter as iniciativa do Executivo, senadores têm se empenhado em uma solução em torno do decreto devido à pressão de prefeitos.

O PDL aprovado pela Câmara dos Deputados em maio derrubou três artigos dos decretos editados por Lula em abril, e deu ao governo a primeira derrota expressiva no Congresso.

Dois pontos principais incomodaram a Câmara: o que estendeu o prazo para que empresas estaduais de saneamento apresentassem garantias de capacidade técnica e financeira para realizar investimentos; e o que permitiu a prestação direta de serviços por estatais estaduais em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas ou microrregiões.

A prestação direta por estatais estaduais interessava ao ministro Rui Costa porque a Embasa (Empresa Baiana de Águas e Serviços) seria beneficiada pela mudança.

A companhia fornece saneamento básico para Salvador (BA) com um contrato vencido, e o Marco Legal previa uma nova licitação, na qual a estatal deveria concorrer com o setor privado para manter a prestação do serviço nesses casos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.