Descrição de chapéu Congresso Nacional

Governo cede em pontos de decretos do saneamento para evitar derrota

Congresso não abre mão de licitação para empresas, mas negocia outras mudanças para aplacar pressão de prefeitos

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Brasília

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu abrir mão de parte dos decretos do marco do saneamento diante do recado do Congresso Nacional de que quer manter a cobrança de licitação para a atuação das companhias de água e esgoto.

O PDL (projeto de decreto legislativo) aprovado pela Câmara dos Deputados em maio derrubou três artigos dos decretos editados por Lula em abril, e deu ao governo a primeira derrota expressiva no Congresso.

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Comunidade Chácara Três Meninas, no Jardim Helena, extremo da zona leste da capital paulista, onde falta tratamento de esgoto - Zanone Fraissat - 23.set.19/Folhapress

Para evitar uma derrota também no Senado, o texto do novo decreto —que deve substituir os outros dois— está sendo discutido ponto a ponto com parlamentares.

O governo concordou em deixar de fora do novo decreto dois pontos que tratavam da prestação regionalizada, além de modificar o trecho que exigia apenas a deliberação da entidade de governança para a convivência de mais de um prestador na região.

O recuo foi informado nesta quinta-feira (6) durante reunião no Senado entre o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), e o relator do PDL, senador Confúcio Moura (MDB-RO).

Inicialmente, o governo e o Senado planejavam a edição de um decreto com os trechos de consenso, e um segundo texto (por meio de decreto, projeto de lei ou medida provisória) para resolver os pontos que foram alvo da Câmara.

Como o Congresso afirma que os trechos derrubados não poderiam ter sido mudados por decreto, e o governo diz que uma medida provisória ou um projeto de lei trariam insegurança jurídica, a tendência é de que as mudanças sejam costuradas em um único decreto.

"O que a iniciativa privada solicita é que não abra medidas provisórias nem projetos de lei para discutir o assunto se não termina virando um novo marco regulatório", disse Confúcio. "Muitos procedimentos já estão em uso corrente."

O PDL entrou na pauta de quarta-feira (5) do Senado para pressionar o governo a encontrar uma solução antes do recesso. A expectativa é de que haja acordo até a próxima terça-feira (11).

Mesmo com votos suficientes para reverter as mudanças feitas por Lula, até mesmo senadores da oposição têm se empenhado em uma solução em torno do decreto devido à pressão de prefeitos.

Entre outros pontos, os decretos do governo federal abrem brecha para que as companhias estaduais e municipais de saneamento básico prestem serviços sem licitação, e retira o limite para parcerias público-privadas.

Para evitar que o acordo do Senado seja enterrado pela Câmara dos Deputados, senadores tentam alinhar as mudanças com o relator do PDL na Câmara, Alex Manente (Cidadania-SP), e o autor, Evair de Melo (PP-ES).

"Eu acho que as discussões têm sido muito positivas, e o Senado tem colocado suas posições. Eu acredito que, daqui para terça-feira, a gente vai chegar a uma conclusão final em relação ao assunto", afirmou o ministro após a reunião.

Desde que o PDL chegou ao Senado, a avaliação é de que as mudanças feitas por Lula não tinham apoio nem sequer da base, e o governo seria derrotado se o texto fosse colocado em votação.

Na terça (4), o líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM), afirmou que era "importante a construção de uma alternativa" porque não havia votos para derrubar o texto aprovado pela Câmara dos Deputados em maio.

"Existem conversas já em estágio avançado no sentido de que o governo possa avaliar inclusive a revogação do atual decreto, a edição de um novo decreto excluindo aquilo que seria alcançado pelo PDL", afirmou.

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