Descrição de chapéu Selic juros Banco Central

Haddad diz que espera 'retorno' do BC após 'esforço' na área econômica

Ministro voltou a defender corte na taxa básica de juros (Selic) como forma de estímulo à economia brasileira

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Rio de Janeiro

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), voltou a defender nesta quinta-feira (20) a redução da taxa básica de juros (Selic) por parte do BC (Banco Central) como forma de estimular a atividade econômica.

Na visão dele, o cenário atual, com o avanço de projetos do governo no Congresso, favorece o corte da taxa na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), agendada para os dias 1º e 2 de agosto.

Ao ser questionado sobre a expectativa para o encontro, Haddad disse que aguarda "um retorno" do colegiado do BC em razão do "esforço feito" nos últimos meses.

Ministério da Fazenda faz o lançamento no Rio de Janeiro de uma agenda de reformas financeiras nesta quinta-feira (20). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discursa na cerimônia ao lado de Marcos Barbosa Pinto, secretário de reformas econômicas da pasta, e de Otávio Damaso, diretor de Regulação do BC (Banco Central).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discursa em evento no Rio ao lado de Marcos Barbosa Pinto, secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, e de Otávio Damaso, diretor de Regulação do BC - Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

"As entregas que foram feitas ao longo do ano não têm precedente, o que o Congresso trabalhou, o que o Judiciário trabalhou para ajudar a arrumar a casa, totalmente bagunçada em 2022. Não me lembro, desde que acompanho economia, de um semestre tão produtivo", disse Haddad.

"O que se espera é que haja uma reação compatível do ponto de vista da autoridade monetária, se espera um retorno do esforço que foi feito. Evidentemente, do meu ponto de vista, há algum tempo temos espaço para caminhar para a mesma direção", completou.

A declaração ocorreu em uma entrevista a jornalistas no Palácio da Fazenda, no Rio de Janeiro. Foi a primeira visita do ministro à capital fluminense desde que ele tomou posse no cargo.

A Selic está em 13,75% ao ano. Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vêm pressionando o Copom por uma queda na taxa de juros.

Pela manhã, Haddad participou no Rio do lançamento de uma agenda com propostas de reformas financeiras para o ciclo 2023-2024.

Essa agenda, segundo o governo, busca aprimorar a regulação e aumentar a eficiência dos mercados financeiros, de capitais, seguros, capitalização e previdência complementar aberta. São propostas de caráter microeconômico que estão sendo discutidas com representantes dos respectivos setores.

Durante o evento, Haddad disse em tom de brincadeira que o crescimento econômico virá "se o Otávio deixar". A fala foi endereçada a Otávio Damaso, diretor de Regulação do BC, que também estava na cerimônia. Foi mais uma manifestação do ministro em defesa do corte dos juros.

SEM REFORMAS E CRESCIMENTO, TENSÕES VOLTAM, DIZ HADDAD

Haddad fez uma defesa de projetos como a Reforma Tributária e o arcabouço fiscal, além de adotar um discurso em tom conciliatório, pregando a harmonia entre os Poderes e a adoção de medidas micro e macroeconômicas.

"Temos um novo horizonte para a economia, que tem uma nova oportunidade de deslanchar se soubermos fazer aquilo que precisa ser feito", afirmou o ministro.

"Não adianta ter ilusões a respeito de melhoria do bem-estar, dos resultados fiscais, do crescimento do PIB. Se a gente não endereçar essas reformas e fizer o país crescer, as tensões vão se acirrar novamente. Tudo que precisamos agora é nos afastar desse ambiente de acirramento", emendou.

Na visão do ministro, a Reforma Tributária é a "mãe" das demais. Ele, contudo, manifestou cautela em relação ao andamento da reforma do Imposto de Renda, lembrando que neste momento o Senado está debruçado sobre o projeto de mudanças na tributação do consumo.

"A reforma sobre o consumo acabou se tornando mais palatável porque foram anos de discussão", disse. Segundo Haddad, o projeto voltado para o Imposto de Renda vai precisar de um "processo de amadurecimento".

"Ninguém está pensando em fazer ajuste fiscal com a proposta sobre consumo nem com a proposta sobre renda [...]. O ajuste fiscal está sendo feito de outras maneiras", afirmou.

Ao tocar nesse ponto, o ministro disse que o governo procura eliminar gastos tributários, enfrentar questões judicializadas há muito tempo e acabar com "penduricalhos".

"Isso é o suficiente para fazer ajuste fiscal, garantir crescimento, e, a partir do crescimento, se o Otávio deixar [risos], a gente começar a fazer a calibragem do quanto será possível de resultado primário, para a gente recompor o quadro fiscal saudável, uma carga tributária suportável e o crescimento econômico", disse.

Haddad ainda comparou a economia à Fórmula 1, dizendo que é necessário "acertar o carro e ouvir o motor". "Não adianta [só] andar para frente. Tem de andar mais rápido do que os outros", declarou.

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