Descrição de chapéu Folhainvest

Bolsa e dólar caem em meio a expectativa do mercado sobre decisões de juros

Inflação e política monetária de bancos centrais globais seguem no radar em dia de agenda esvaziada no Brasil

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Bolsa brasileira registrou mais um dia de queda nesta quarta-feira (19) em meio a agenda esvaziada de indicadores no Brasil, com investidores permanecendo na expectativa sobre a próxima decisão sobre juros do Banco Central.

O dólar também teve baixa enquanto o mercado repercute dados de inflação mais fracos no exterior e espera uma pausa na escalada de juros promovida por bancos centrais globais. A moeda também sofreu pressão no Brasil pelo avanço das commodities nesta quarta.

Com isso, o Ibovespa caiu 0,24%, aos 117.552 pontos, enquanto o dólar recuou 0,45%, fechando o dia cotado a R$ 4,786.

Nesta quarta, dados mostraram que a inflação no Reino Unido caiu mais do que o esperado em junho na base anual e atingiu o nível mais fraco em mais de um ano, de 7,9%.

A desaceleração vem após o Banco da Inglaterra ter surpreendido o mercado ao promover um aumento de 0,50 ponto percentual em suas taxas de juros no mês passado, que desencadeou um movimento global de aversão ao risco. Com os dados de inflação atuais, a expectativa é que o banco suavize o aperto monetário.

"Investidores reduziram suas apostas em aumentos futuros nas taxas de juros pelo Banco da Inglaterra", disse a equipe da XP em nota a clientes, atribuindo essa percepção a um clima mais ameno nos mercados globais nesta quarta.

Notas de dólar diante de gráfico
Notas de dólar diante de gráfico - Dado Ruvic - 8.fev.2021/Reuters

No Brasil, de acordo com profissionais do mercado, o cenário é de agenda esvaziada e faltam novos catalisadores para outro movimento comprador na Bolsa. Não há, porém, razões claras para vendas, além de eventuais ajustes de ações que tiveram valorização recente.

"Fatores como o recesso parlamentar e a espera pela queda da Selic, que só deve começar em agosto, acabam atrasando a reação do mercado e fazem com que os ativos oscilem pouco depois do otimismo do segundo trimestre", diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos.

Com isso, a Bolsa registrou queda pelo segundo dia consecutivo puxada por baixa da Vale (0,40%), após a companhia ter divulgado dados de produção de minério piores que o esperado. As ações do Itaú, que caíram 1,30%, também pressionaram o índice.

As maiores quedas do dia foram de ações da Alpargatas, que registrara, baixa de 7,76% e passam por ajustes após fortes altas, e do GPA, com recuo de 5,15%, também passando por correção em meio a notícias sobre a venda da participação da companhia no colombiano Éxito.

Do outro lado, atenuaram a queda do Ibovespa altas de ações da Weg (5,48%), que foram as mais negociadas da sessão após a empresa ter divulgado seu balanço do segundo trimestre. Ganhos da Petrobras (0,90%) e da PetroRio (1,69%) também auxiliaram o índice, em dia de alta do petróleo no exterior.

Apesar das negociações lentas, o ritmo pode mudar com as últimas apostas para a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre a Selic, no dia 2 de agosto. A maior parte das projeções aponta para uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa na próxima reunião, mas previsões de um corte maior, de 0,50 ponto, vêm ganhando força no mercado.

Nos mercados futuros, os juros registravam leve alta após duas sessões consecutivas de quedas. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 foram de 12,76% para 12,77%, enquanto os para 2025 subiram de 10,73% para 10,80%.

Além disso, o início da temporada de balanços das companhias do país pode movimentar as negociações no Brasil.

Antes, contudo, as atenções devem ficar voltadas para a reunião de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) na próxima semana, em particular sinais sobre os próximos passos da instituição, uma vez que a previsão é de mais um aumento no encontro do final do mês.

Mesmo com um provável aumento de juros nos EUA, porém, que tende a apreciar a moeda americana, ainda há espaço para queda do dólar em relação ao real.

"O Brasil ainda tem uma taxa de juros real [que desconta o IPCA] muito grande em relação ao restante do mundo, em especial comparando com Estados Unidos e Europa, em o juro real é praticamente zero. Por isso, o dólar deve ficar na faixa dos R$ 4,60 até o fim do ano", diz Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Nesta quarta, o real também foi apoiado pelo avanço de commodities como a soja e o milho nos mercados internacionais, importantes produtos de exportação do Brasil.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários registravam alta, embalados pela divulgação de balanços positivos de empresas do país. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq subiam 0,24%, 0,31% e 0,03%, respectivamente.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.