Descrição de chapéu Reforma tributária

Não vou entrar em briga de Bolsonaro com Lula, diz relator da reforma tributária

Após PL dizer que vai orientar voto contrário na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro defende proposta como projeto de interesse do país

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Brasília

Relator da reforma tributária na Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) afirmou nesta terça-feira (4) a prefeitos que não deixará que a proposta "se contamine com a política radical" e que não se deve entrar no conflito entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As declarações foram dadas no mesmo dia em que o PL divulgou uma nota, assinada por Bolsonaro, com duras críticas à PEC (proposta de emenda à Constituição) da reforma tributária e sinalizando que a sigla deve orientar voto contrário à proposta na Câmara.

Relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), em entrevista para Folha - Gabriela Biló - 30.jun.2023/Folhapress

Em sua fala durante evento da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), em Brasília, Aguinaldo defendeu a reforma tributária como projeto de interesse do país, com foco nos municípios, nos Estados e na economia brasileira.

"Essa não é uma reforma de partido político. Essa não é uma reforma de direita, nem de esquerda, nem de centro. Essa é uma reforma do Brasil. Essa é uma reforma que eu não vou entrar em briga de Bolsonaro com Lula, nem com ninguém. A gente está pensando nos municípios, nos Estados e na economia do nosso país", disse.

"Nós não vamos permitir que se contamine com a política radical, que nós não temos interesse nela. Temos que pensar em nosso país. Não estou aqui defendendo A, nem defendendo B. Essa é uma proposta que nasceu no Parlamento e está sendo construída com os municípios e com os Estados e se discutindo com a União. É uma proposta de interesse do país", acrescentou.

O posicionamento do PL pode ser decisivo para acabar com as chances de avanço da proposta no Congresso. Por isso, o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem buscado conversar com lideranças do partido em busca de diálogo sobre o tema.

Nos últimos dias, Lira intensificou o contato com as bancadas para medir o apoio à reforma tributária e começar a contar votos. A PEC precisa de 308 deputados favoráveis em dois turnos de votação para ser aprovada e seguir para o Senado.

Aos prefeitos, Aguinaldo reiterou que a reforma tributária vai beneficiar os municípios brasileiros e disse que está trabalhando para que todos os entes federativos se sintam representados no debate e tenham segurança quanto à proposta. "Por isso, não terminamos essa discussão. Estamos tentando construir a melhor solução para todos", afirmou.

Durante o encontro, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, pleiteou ao relator o acréscimo de quatro pontos de interesse dos municípios na proposta da reforma. Um dos apelos é por imunidade tributária recíproca plena no tema das compras públicas.

Outro é por participação dos municípios na governança do Conselho Federativo –órgão que ficaria responsável pela arrecadação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que substitui o ICMS estadual e o ISS municipal, ao qual se opõem diversos governadores.

O representante da entidade também pediu destinação automática de recursos e que os fundos tenham transição compartilhada com os municípios.

Antes de receber os pedidos adicionais, Aguinaldo disse que a discussão sobre o Conselho Federativo ainda não acabou e reiterou seu compromisso com os pontos de interesse dos municípios acordados durante a construção da proposta da reforma tributária.

"Não podemos construir um sistema capenga. Se for para fazer pior do que está, é melhor deixar como está", disse o parlamentar, em defesa de um modelo consistente e que estabeleça o equilíbrio federativo.

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