Descrição de chapéu PIB

Setor de serviços supera expectativas em maio com impulso de transportes

Atividade cresceu 0,9% em volume no mês e 4,7% em relação ao mesmo período do ano anterior

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Luana Maria Benedito Rodrigo Viga Gaier
São Paulo | Reuters

O volume do setor de serviços do Brasil cresceu bem mais do que o esperado em maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (12), com forte impulso do setor de transportes.

No período, o volume de serviços cresceu 0,9%, recuperando-se da queda de 1,5% vista em abril, superando com folga a projeção de economistas consultados pela Reuters de ganho de 0,3% no mês.

"A queda de abril já não dizia ou não mostrava uma inflexão dos serviços, e maio só confirma isso", disse gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo. "É um setor de serviços que segue crescendo, em um ritmo menor que em meses anteriores... mas o ritmo ainda é elevado em 2023; tem mais volatilidade, mas sem indício de reversão de trajetória."

0Caminhoneiros na rodovia Castelo Branco na entrada da marginal Tietê, Foto mostra caminhão prateado de carreta branca ao lado de uma carreta de madeira, com a carga coberta por lona.
Caminhoneiros na rodovia Castelo Branco na entrada da marginal Tietê - Danilo Verpa/Folhapress

Em relação ao mesmo período do ano anterior, o volume de serviços avançou 4,7%, contra expectativa de taxa de 3,8%, o que segundo o IBGE marca a 27ª leitura em campo positivo.

Com esse resultado, o setor de serviços opera 11,5% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e apenas 2,0% abaixo do ponto mais alto da série histórica, alcançado em dezembro do ano passado.

"Adiante, esperamos que a atividade de serviços se beneficie de estímulos fiscais significativos, expansão da renda real do trabalho, redução da inflação e robusta renda agrícola", disse Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman Sachs para América Latina.

"No entanto, o enfraquecimento do impulso da reabertura econômica, as condições monetárias e financeiras domésticas apertadas, os altos níveis de endividamento das famílias, os baixos níveis de ociosidade econômica, a confiança ainda fraca do consumidor e das empresas e a reviravolta no ciclo de crédito podem gerar ventos contrários à atividade de serviços nos próximos meses."

TRANSPORTES

De acordo com o IBGE, o maior impacto na leitura de serviços de maio veio dos transportes, que avançaram 2,2%, recuperando parte da perda de 4,3% registrada em abril. Dentro desse segmento, o transporte de cargas avançou 3,7%, alcançando o maior patamar de sua série histórica, iniciada em 2011, o que o IBGE associou ao recente bom desempenho do agronegócio.

"Os recordes da safra de grãos acabam influenciando os transportes, especialmente o rodoviário de cargas", disse Lobo.

"Esse impacto não é de agora. A partir de maio de 2020, ainda no início da pandemia, houve um crescimento importante desse setor, muito ligado ao aumento na produção agrícola e também ao boom do comércio eletrônico, com a migração em larga escala das vendas em lojas físicas para as plataformas online."

Entre os outros quatro grupamentos de atividades analisados pela pesquisa, o setor de serviços prestados às famílias avançou 1,1% em maio, enquanto os outros serviços subiram 0,6% e o segmento de informação e comunicação ganhou 0,2%. A única atividade que recuou foi a de serviços profissionais, administrativos e complementares, com baixa de 1,0%.

"Nesse setor, houve impacto das empresas de intermediação de negócios, de atividades jurídicas e de cobranças e informações cadastrais", disse Lobo.

De acordo com o gerente da pesquisa, é difícil mensurar o impacto das oscilações de câmbio, juros e da inflação no segmentos de serviços, uma vez que ele se dá de forma muito heterogênea entre os diferentes segmentos.

Dados recentes do IBGE mostraram que a produção industrial do Brasil voltou a subir em maio, mas recuperou apenas parte das perdas do mês anterior e ainda segue abaixo do patamar pré-pandemia, em parte devido aos impactos do encarecimento do crédito em meio a juros elevados.

A taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, mas sinais de arrefecimento da inflação podem levar o Banco Central a cortá-la já em seu encontro de agosto, segundo expectativas do mercado.

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