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Amazon rastreia funcionários que não cumprem trabalho presencial nos EUA

Empregadores estão usando táticas mais agressivas para eliminar a cultura do home office

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Camilla Hodgson Akila Quinio Andrew Edgecliffe-Johnson
Londres e Nova York | Financial Times

A Amazon vem rastreando o comparecimento ao local de trabalho de seus funcionários nos EUA e está punindo aqueles que não cumprem sua política de trabalho híbrido. Com isso, torna-se a mais recente empresa a adotar uma abordagem mais agressiva para forçar seus funcionários a voltar ao trabalho presencial no escritório.

Nesta semana, segundo email ao qual o Financial Times teve acesso, a Amazon a alguns funcionários que eles "não estavam cumprindo a expectativa de se unir a colegas no escritório por pelo menos três dias por semana".

"Esperamos que comecem a vir ao escritório três ou mais dias por semana agora", diz o email. A correspondência enviada a um número seleto de funcionários levou alguns deles a levantar preocupações com privacidade. Outros disseram que receberam o email por causa de um engano.

Logo da Amazon na França - Benoit Tessier/REUTERS

O monitoramento da ida ao escritório nos EUA parece estar ligado ao uso dos cartões de identificação de funcionários. Em resposta às queixas de trabalhadores que receberam os emails, a Amazon admitiu nesta semana que "pode ter havido casos em que houve equívocos", dizendo que tomou várias medidas para garantir que o email "fosse enviado aos destinatários corretos", segundo nota vista pelo FT.

A Amazon disse que o email foi mandado a funcionários que passaram seus cartões de identificação nas máquinas menos de três dias por semana na maior parte das últimas oito semanas, ou que não cumpriram o mínimo de dias em três das últimas quatro semanas. A empresa se negou a dar maiores esclarecimentos.

A Amazon faz parte de um número crescente de empresas em todo o mundo que nos últimos meses vêm pedindo a seus funcionários que voltem ao trabalho presencial mais regularmente, após anos de interrupção e trabalho remoto durante a pandemia de coronavírus. A exigência de pelo menos três dias semanais de trabalho presencial começou a ser feita pela Amazon em 1º de maio.

O Google quer que seus funcionários vão ao escritório três dias por semana. Em um esforço para reprimir os que resistem ao chamado, a empresa informou a seus profissionais que o comparecimento insuficiente pode afetar suas revisões de desempenho.

A empresa de videoconferências Zoom disse a sua equipe nesta semana que funcionários que moram a até 80 km de um de seus escritórios precisam trabalhar presencialmente pelo menos dois dias por semana.

Enquanto isso, a agência de publicidade Publicis avisou seu pessoal nos EUA que o descumprimento de sua política de pelo menos três dias semanais de trabalho presencial pode ter consequências para sua remuneração e chances de promoção.

"O descumprimento da expectativa de três dias por semana no escritório a partir do Dia do Trabalho [primeira segunda-feira de setembro] pode impactar os resultados de desempenho, incluindo aumentos salariais, abonos e/ou oportunidades de promoção", escreveu a agência em email aos funcionários que foi noticiado inicialmente pela AdWeek.

A Bloomberg noticiou em junho que o Citigroup avisou que vai "responsabilizar colegas" que não cumprirem as políticas do banco quanto ao comparecimento ao escritório.

O esforço da Amazon e outras empresas reflete o endurecimento de atitudes de empresários que por três anos cederam em grande medida ao desejo dos funcionários por arranjos de trabalho flexíveis.

"Acho que eles tentaram com incentivos por um bom tempo, mas não funcionou sob muitos aspectos, e agora estão adotando uma atitude baseada em punições", comentou Neda Shemluck, diretora gerente da Deloitte.

Mas ela alertou: "Muitos empregadores esquecem que sempre há uma guerra por talentos e que os funcionários têm muito mais opções hoje do que tinham antes".

Nick Bloom, professor de economia na Universidade Stanford que estuda dados dos locais de trabalho, disse que o nível de ocupação de escritórios continua baixíssimo, apesar das iniciativas das empresas para introduzir ou implementar medidas para impor a volta ao escritório.

"Para cada empresa que está chamando as pessoas de volta, haverá outras fazendo o inverso", ele disse, acrescentando que os empregadores estavam mais dispostos a deixar profissionais de funções como informática e recursos humanos trabalhar remotamente, muitas vezes de locais menos caros que a região de San Francisco.

Pesquisas sugerem que a maioria dos funcionários quer trabalhar presencialmente dois a três dias por semana, mas não gosta da obrigatoriedade disso, disse Bloom. "É um pouco como ar condicionado: seja qual for a temperatura em que está ligado no escritório, sempre haverá quem quer que seja mais baixa ou mais alta."

David Tolley, executivo-chefe da WeWork, disse esta semana que uma razão dos números baixos de ocupação do espaço de escritório das empresas no segundo trimestre deste ano foi que a tendência de retorno ao escritório nos EUA, seu mercado doméstico, está atrás das de outras partes do mundo.

Tradução de Clara Allain

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