Lula dá protagonismo a Dilma e deixa PAC ainda sem 'mãe' ou 'pai'

Ex-presidente senta ao lado do atual mandatário no Theatro Municipal e é citada em discursos de ministros

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Rio de Janeiro

O presidente Lula deu nesta sexta-feira (11) protagonismo à ex-presidente Dilma Rousseff no lançamento do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e diluiu os dividendos políticos do anúncio das obras entre seus ministros.

Coordenadora da primeira versão do PAC e atualmente presidente do banco dos Brics, Dilma se sentou ao lado de Lula na primeira fileira do Theatro Municipal (do outro estava o vice-presidente Geraldo Alckmin). Foi a mais aplaudida pelo público e mencionada em quase todos os discursos dos ministros.

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O presidente Lula com a ex-presidente Dilma Rousseff no lançamento do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3), no Theatro Municipal, do Rio de Janeiro - Ricardo Stuckert/PR/Divulgação

Em sua fala, Lula não atribuiu protagonismo a nenhum ministro do programa. Dividiu a responsabilidade entre todos os integrantes do primeiro escalão, dando apenas parabéns ao ministro Rui Costa (Casa Civil), coordenador do programa, pela finalização da lista de obras.

"Meus ministros atuais, Dilma, vou te falar. Tem uma penca de ex-ministros, ex-governadores. Eles vieram muito mais afiados do que no primeiro mandato nosso. Todos eles tem muita experiência. As coisas só podem dar certo", disse Lula.

A estratégia política é distinta da adotada em seu segundo mandato, quando chamou Dilma de "mãe do PAC" no lançamento da obra de urbanização do Complexo do Alemão, a fim de iniciar a divulgação de seu nome quase três anos antes da eleição de 2010, quando foi candidata à Presidência e venceu.

"Queria agradecer à nossa companheira Dilma Rousseff. A Dilma é uma espécie de 'mãe do PAC'. É ela que cuida, acompanha, que vai cobrar junto com o Márcio Fortes [ex-ministro das Cidades] se as obras estão andando ou não estão. O Pezão [Luiz Fernando Pezão, vice-governador e secretário de Obras do Rio] é grandão, mas ele vai saber o que é ser cobrado pela Dilma por que a obra atrasou, por que não andou, por que a empresa atrasou. Porque, se não for assim, muitas vezes a coisa não acontece", afirmou Lula no Alemão, em fevereiro de 2008.

A ausência de um ministro protagonista no lançamento reflete a indefinição sobre o nome do PT para a próxima eleição presidencial. Rui Costa e Fernando Haddad (Fazenda) aparecem como os mais cotados, mas não se descarta uma tentativa de reeleição de Lula.

Sem pretensões de nova candidatura presidencial, Dilma foi a única a aparecer com destaque nas redes sociais do presidente em postagem sobre o lançamento do novo programa. "No lançamento do novo PAC com a mãe do primogênito", escreveu o presidente.

Dilma também foi citada pelos ministros, principalmente por Rui Costa.

"Para falar do PAC, nós temos que olhar o cenário. E aqui quero abraçar de forma carinhosa a nossa ex-presidente Dilma Rousseff. É fundamental olharmos de forma panorâmica o cenário pós-golpe de 2016, com a retirada de Dilma", disse Rui Costa.

Dilma teve o mandato cassado em 2016 em processo de impeachment que tramitou na Câmara e no Senado. Ambas as Casas consideraram que a então presidente cometeu crime de responsabilidade pelas chamadas "peladas fiscais", com a abertura de crédito orçamentário sem aval do Congresso. A decisão, no processo e no mérito, foi acompanhada sem contestação pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Outro a elogiar Dilma no palco do Theatro Municipal foi o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD). No início do seu discurso, Silveira destacou a passagem da ex-presidente pelo Ministério de Minas e Energia.

"É uma responsabilidade muito grande subir nesse palanque como conterrâneo e como ministro de Minas e Energia, pasta que a senhora conduziu com tanta maestria e responsabilidade. Alegria muito grande tê-la como amiga e companheira", disse o ministro.

A entrevista coletiva após o lançamento contou com a presença de 23 ministros. Rui Costa dividiu as respostas com Fernando Haddad (Fazenda). As ministras Simone Tebet (Planejamento) e Marina Silva (Meio Ambiente) também se manifestaram.

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