Modelo de privatização da Sabesp, novas regras para compras do exterior e o que importa no mercado

Leia edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (1ª)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (1ª). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:


Sabesp será privatizada via follow-on

A privatização da Sabesp deverá ser feita por meio de um follow-on (oferta subsequente de ações), em que o estado paulista deixará o controle (hoje tem 50,3% da companhia), mas a companhia terá um acionista de referência.

  • O anúncio foi feito nesta segunda pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ela ainda afirmou que foram estudados outros três desenhos para a desestatização.
  • A proposta precisa ainda do aval da Assembleia Legislativa para seguir adiante.

Entenda: a privatização será via emissão de ações, em que o estado terá sua participação diluída, lembrando o que aconteceu com a União no processo da Eletrobras.

  • Ao contrário do formato escolhido para a empresa de energia, que virou uma corporation –sem um controlador definido–, a Sabesp terá um acionista de referência.
  • A fatia do estado, que virará minoritário, ainda será definida.

Com a privatização, o governo promete redução de tarifas e a execução de R$ 66 bilhões em investimentos até 2029. O plano atual da empresa de saneamento prevê R$ 56 bilhões até 2033.

Estação de tratamento de água da Sabesp, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo - Gabriel Cabral/Folhapress


Janela para ofertas: o avanço do modelo de privatização da Sabesp acontece em meio a uma alta nas ofertas subsequentes de ações na Bolsa brasileira.

Entre as empresas citadas para estrear na B3 ainda em 2023 ou no começo de 2024 estão a chinesa de energia CTG (China Three Gorges), a Compass, de gás, as empresas de saneamento Aegea, Iguá e Corsan e a empresa de logística do setor marítimo CBO.

O que explica: a tendência de ofertas na Bolsa acompanha a expectativa pela queda de juros no Brasil, o andamento da agenda de reformas no Congresso e a visão positiva dos estrangeiros sobre o país, além do bom momento dos mercados lá fora.


Dividendos mudam, e Petrobras sobe

As ações da Petrobras reagiram de forma positiva nesta segunda (31) às mudanças promovidas pela estatal em sua política de distribuição de dividendos, anunciadas na sexta (28).

Em números: os papéis preferenciais (PETR4) subiram 4,54%, a R$ 31,11, enquanto os ordinários, (PETR3) avançaram 5,26%, a R$ 34,81.

A alta da Petrobras e também da Vale, as duas maiores empresas da Bolsa, puxaram o Ibovespa para cima, que fechou com avanço de 1,46%, a 121.942 pontos. O dólar encerrou praticamente estável.

O que muda nos dividendos da Petrobras:

De 60% para 45%: o percentual do fluxo de caixa livre que será destinado à distribuição de dividendos diminuiu. O indicador representa o fluxo de caixa das operações menos os investimentos feitos pela companhia.

  • O patamar vale apenas quando a dívida bruta ficar abaixo de US$ 65 bilhões.

Conceito de investimentos ampliado: antes, eram consideradas aquisições de bens imobilizados e intangíveis. Agora, as aquisições de participações acionárias também entram na conta.

↳ Remuneração mínima: ao menos US$ 4 bilhões serão distribuídos em dividendos por ano sempre que o preço do petróleo estiver acima dos US$ 40 por barril (um valor bem baixo).

  • Aqui não há relação com o nível de endividamento da companhia.

Recompra de ações: a estratégia, considerada como uma maneira de recompensar os acionistas, também terá seu custo reduzido do caixa que vai para dividendos.

O que explica a reação nas ações: os analistas do mercado consideraram que as novidades anunciadas vieram melhores do que a encomenda, por não trazerem grandes mudanças.

  • Segundo os agentes, as novas regras aproximam a Petrobras de outras grandes companhias do setor.

Novas regras para compras entram em vigor

Começa a valer hoje o Remessa Conforme, programa do governo para regulamentar as compras internacionais e que garante a isenção do imposto de importação (60%) para as compras do exterior até US$ 50 (R$ 236).

  • A adesão ao programa é voluntária por parte das empresas de comércio virtual que importam produtos.
  • A promessa do governo é que a liberação das mercadorias no Fisco seja mais rápida nesse sistema.

Entre as gigantes do ecommerce que atuam no Brasil, a Shein e a AliExpress informaram que irão participar do programa, enquanto a Amazon não quis comentar e a Shopee não respondeu.

Entenda: apesar de garantir a isenção do imposto de importação às compras feitas até US$ 50, esses itens serão tributados em 17% de ICMS, o imposto estadual sobre bens e serviços.

A norma foi a solução desenhada pelo governo para tentar acabar com a manobra que usa a isenção de encomendas de até US$ 50 por pessoas físicas para driblar os impostos.

Dado Ruvic/REUTERS


O preço dos produtos vai aumentar? Para Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores, sim.

  • Ela cita a alíquota de ICMS que passará a ser cobrada e que não existia nas encomendas que eram enviadas por pessoas físicas.

Na bronca: a formalização da isenção do imposto de importação sobre encomendas de até US$ 50 enfrenta críticas dos setores varejista e têxtil nacionais.

Flávio Roscoe, presidente da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais), afirma que a vantagem tributária aos importados incentivará o varejo local a parar de produzir no país e trazer seus produtos de fora.


O GPT-4 ficou 'mais burro'?

Um estudo de pesquisadores das universidades americanas de Stanford e Berkeley afirma que a qualidade das respostas da versão premium do ChatGPT está piorando com o passar do tempo.

Entenda: foram comparados os desempenhos dos dois modelos desenvolvidos pela OpenAI, o GPT-3.5 e GPT-4, entre março e junho de 2023.

  • As tarefas foram solução de problemas matemáticos, respostas a questões delicadas, geração de código e raciocínio visual.

Os resultados: o grau de precisão em matemática do GPT-4, versão "atualizada" e disponível apenas na versão paga do ChatGPT, caiu de 97,6% em março para apenas 2,4% em junho.

  • Na geração de código, foi vista uma queda semelhante. Raciocínio visual foi a única área onde se registrou uma ligeira melhora.

Por que o GPT-4 piorou? Os pesquisadores não souberam responder. Outros sugerem hipóteses, como o fato de os robôs seguirem aprendendo com o conteúdo que é autogerado, o que amplifica vieses e erros.

A OpenAI nega que o ChatGPT tenha perdido a precisão. O vice-presidente para produtos e parcerias disse que "cada versão é mais esperta que a anterior", ao rebater as críticas sobre o GPT-4.

Mais sobre OpenAI

Sam Altman, o CEO da empresa por trás do ChatGPT, lançou na semana passada um de seus outros projetos: a Worldcoin.

O colunista Ronaldo Lemos explica que a ideia é que cada um crie sua identidade digital após ter sua íris escaneada por uma esfera prateada com uma câmera e sensores de leitura ocular.

Em troca, as pessoas recebem o equivalente a US$ 20 da criptomoeda Worldcoin. A empresa alega que já possui mais de 2 milhões de identificados, mas nos quatro lugares de São Paulo em que é possível fazer o processo, os horários estão sem procura.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.