Fitch melhora nota do Brasil, importação de gasolina pela Petrobras dispara e o que importa no mercado

Leia edição da newsletter FolhaMercado desta quinta-feira (27)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quinta-feira (27). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:

De BB- para BB

A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito soberano do Brasil de BB- para BB nesta quarta. A perspectiva foi mantida em "estável".

O que explica: desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado, segundo a Fitch. A agência ainda citou:

  • O avanço da agenda de reformas no Congresso, como a tributária e o arcabouço fiscal, além da aprovação da previdenciária e da independência do BC em anos anteriores.
  • O crescimento da economia resiliente e acima do que era esperado para este ano, suportado pela supersafra agrícola.
  • A visão dos analistas da Fitch de uma abordagem pragmática do governo do presidente Lula (PT), apesar do petista defender uma mudança na agenda econômica liberal dos governos anteriores.

Relembre: no mês passado, a S&P Global melhorou a perspectiva de longo prazo do Brasil, de estável para positiva, apesar de ter mantido a nota em BB-.

  • Foi a primeira revisão desde 2019 feito pela agência, enquanto a Fitch tinha rebaixado a nota de crédito do Brasil para BB- em 2018.
  • A Moody’s, que completa o trio das maiores do mercado, tem nota Ba2 (equivalente ao BB) com perspectiva estável para o Brasil desde 2016.

Entenda: as agências seguem denominações semelhantes para avaliar a nota de crédito dos países.

  • Elas partem de CC (ou Ca, para a Moody’s), passando por CCC-, CCC, CCC+, B-, B, B+... e assim por diante até chegar ao grau de investimento, que é do BBB- ao AAA.
  • Ou seja, no nível BB, o país está a dois degraus de atingir o selo de bom pagador, que foi perdido em 2015.

Por que importa: esse tipo de classificação é levado em conta, por exemplo, como critério de investimento de grandes fundos do exterior –alguns gigantes só colocam dinheiro em países com grau de investimento.


Mais juros nos EUA

Além da melhora da nota de crédito brasileira, outra notícia que ajudou o dólar a recuar em relação ao real foi a reunião do Fed (Federal Reserve, BC americano) desta quarta.

Mas não exatamente a decisão em si, que subiu os juros do país em 0,25 ponto percentual, conforme o mercado esperava, para a faixa de 5,25% a 5,50% –a mais alta em 22 anos.

Entenda: o que ajudou o dólar a perder força diante de outras moedas foi a falta de novidades no comunicado da autoridade monetária e na fala do seu presidente, Jerome Powell.

  • Isso reforçou a interpretação de analistas de que o ciclo de alta de juros pode ter parado por aqui –a grande dúvida entre eles no momento.
  • Powell não descartou uma nova alta, e tudo vai depender dos dados de inflação que saírem nos próximos meses.

Depois da decisão do Fed, a aposta no mercado americano é que a chance do aperto monetário voltar neste ano é de uma para três, de acordo com o Wall Street Journal.

Nesta quarta, Powell afirmou que a autoridade americana não vê mais chances de recessão neste ano e disse ser uma "bênção" o fato de a elevação dos juros não ter gerado uma disparada do desemprego.

Por que importa: sinal do fim da alta de juros nos EUA tira parte da atratividade nos títulos de dívida americana e libera dinheiro para investimentos mais arriscados.

  • Isso significa menos força ao dólar, já que investidores buscam maiores retornos em outros mercados, e alta nas Bolsas, as primeiras beneficiadas com as quedas de juros.

Em números: no fim do dia, o dólar recuou 0,44%, a R$ 4,72, no menor patamar desde 20 de abril de 2022.

  • A Bolsa brasileira engatou a quinta alta seguida e subiu 0,45%, aos 122.560 pontos, maior nível desde 9 de agosto de 2021.

Importação de gasolina pela Petrobras dispara

A Petrobras tem elevado suas compras de gasolina lá fora para dar conta da demanda aqui dentro. A prática é resultado da combinação entre preço do petróleo no nível mais alto desde abril com a política da estatal de vender combustível abaixo das cotações internacionais desde maio.

Em números: a Petrobras importou uma média de 52 mil barris de gasolina por dia no segundo trimestre deste ano.

  • No mesmo período do ano passado foram 7 mil, enquanto no segundo trimestre de 2019, antes da pandemia, a média foi de 36 mil barris importados por dia.

O descasamento dos preços praticados no exterior e no mercado interno também levou a companhia a vender no segundo trimestre seu maior volume de gasolina dos últimos seis anos.



O que explica: com a defasagem, as refinarias privadas que atuam no país preferem exportar a gasolina que produzem do que vender nos preços praticados pela concorrente Petrobras.

  • Como o país não é autossuficiente no refino do combustível, cabe à estatal elevar as importações para abastecer o mercado interno.
  • Enquanto a companhia aumentou a venda de gasolina em 15,7% de abril a junho em relação ao ano anterior, a produção em suas refinarias nesse recorte cresceu apenas 4%.

Por que importa: a possibilidade de venda de produtos importados por preços mais baixos no país é uma das principais preocupações de analistas após a mudança na política de preços da estatal, que deixou de seguir as cotações internacionais e fechou janelas de importações privadas.


Polishop fecha lojas e foca no ecommerce

A Polishop, rede varejista de eletroeletrônicos e produtos para a casa, é alvo de ações de despejos e reduziu a quantidade de lojas como estratégia para enfrentar a crise que atinge o setor de varejo no país.

  • Hoje, a companhia do empresário João Appolinário possui 120 unidades no país, 41 a menos em relação ao início do ano. Em 2020, eram 278 lojas físicas.

Despejos: assim como aconteceu com outras redes varejistas no país, a Polishop também enfrenta ações judiciais para desocupação de salas pela falta de pagamento de aluguel.

Em nota, a Polishop não comentou as ações de despejo. Disse que aumentou a participação das vendas online e que o reposicionamento, com o crescimento no ecommerce e as franquias, deve garantir crescimento à rede.

  • A companhia diz que vem fechando unidades desde 2021, dentro de uma estratégia definida para o período pós-pandemia.

Por que o varejo está em crise? Principalmente pelo patamar dos juros no país, que reduz a oferta de crédito ao consumidor e deixa as dívidas das empresas mais caras.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.