Descrição de chapéu Caixa Econômica Federal

Presidente da Caixa fica incomodada e diz que pergunta sobre permanência à frente do banco deve ser feita a Lula

Banco diz que inadimplência relacionada ao programa de microcrédito Sim Digital atingiu 88%

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São Paulo

Em meio às discussões sobre uma reforma ministerial em estudo pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, demonstrou incômodo ao ser questionada se permanecerá no cargo.

"Faz 50 dias que sou questionada sobre a mesma coisa e faz 50 dias que eu estou aqui trabalhando. Acho que a pergunta [sobre a troca na presidência da Caixa] não deve ser feita mais a mim, deve ser feita ao meu patrão, o presidente da República", afirmou a presidente da Caixa, durante entrevista para comentar os resultados do banco no segundo trimestre.

Reportagem da Folha mostrou que o presidente Lula sinalizou a integrantes da cúpula de seu partido a disposição de que a reforma ministerial em estudo tenha como alvo pastas hoje de ministros sem padrinhos políticos e representantes de PSB e PT.

A demissão da presidente da Caixa é dada como certa. Hoje a principal cotada para a pasta é a ex-deputada e advogada próxima a Arthur Lira (PP-AL), Margarete Coelho.

Maria Rita Serrano, presidente da Caixa, durante participação em evento da Febraban em São Paulo
Maria Rita Serrano, presidente da Caixa, durante participação em evento da Febraban em São Paulo - Danilo Verpa - 27.jun.23/Folhapress

"A pergunta está sendo feita para a pessoa errada. A única orientação que recebi dele [presidente Lula] é que tenho de trabalhar", afirmou Serrano. "Não aguento responder a mesma coisa há quase dois meses", disse a executiva.

A vice-presidente de riscos da Caixa, Henriete Bernabé, abordou também o impacto relacionado ao programa de microcrédito Sim Digital, iniciado no governo Bolsonaro poucas semanas antes da eleição do ano passado.

A vice-presidente do banco classificou o programa como "controverso", por estimular o endividamento da população, e disse que a inadimplência do Sim Digital está hoje ao redor de 88%, dentro de uma carteira total de cerca de R$ 2,9 bilhões. No início do ano, a taxa estava mais próxima de 80%.

Reportagem da Folha mostrou que o FGTS levou um calote de mais de R$ 2 bilhões após fornecer recursos para o programa de microcrédito da Caixa.

Serrano comentou que vê como natural o aumento no índice de atrasos, já que, com o passar do tempo, mais pessoas deixam de quitar as dívidas.

A alta taxa de pagamentos em atraso, contudo, não se reverteu até o momento em prejuízo à Caixa. Isso porque, pelos termos firmados na estruturação do programa, as perdas com inadimplência do banco são honradas pelo FGM (Fundo Garantidor de Microfinanças).

No primeiro semestre, o fundo garantidor realizou um aporte de cerca de R$ 570 milhões à Caixa para compensar as perdas decorrentes da falta de pagamentos do programa de microcrédito.

"Não há de se falar, até o momento, em prejuízo para a Caixa [por causa do Sim Digital]", afirmou Bernabé.

Serrano afirmou ainda que, se fosse a presidente do banco na época em que foram instituídos tanto o Sim Digital, como também o consignado do Auxílio Brasil, não teria autorizado a operação de nenhum dos dois pelo banco.

Ela disse que ambos são programas "questionáveis", e que, quando assumiu a presidência do banco, deu início a auditorias internas para verificar se todos os procedimentos de controles de risco foram seguidos.

Inadimplência da Caixa deve começar a cair no 4º trimestre

A vice-presidente do banco acrescentou ainda que espera por uma acomodação do índice de inadimplência consolidado do banco durante o terceiro trimestre do ano, com um possível arrefecimento das taxas ao longo do quarto trimestre.

A inadimplência da carteira de crédito total fechou semestre em 2,79%, ante 1,89% em junho de 2022.

A expectativa quanto ao desempenho futuro do índice de atrasos, afirmou a executiva, decorre de uma possível melhora na capacidade de pagamento das famílias.

O programa Desenrola Brasil deve contribuir para essa melhora, disse a vice-presidente do banco.

O banco informou que, por meio do Desenrola, alcançou cerca de R$ 1,5 bilhão em dívidas negociadas para mais de 70 mil clientes, viabilizando a regularização de 89 mil contratos.

A Caixa registrou lucro líquido de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre de 2023, o que corresponde a uma alta de 40,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (16).

Em relação ao primeiro trimestre de 2023, houve uma alta de 36,8%. No semestre, o lucro foi de R$ 4,5 bilhões, crescimento de 3,2% em bases anuais. O resultado foi impulsionado, disse Serrano, pelo crescimento da carteira de crédito.

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