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Privatização deve impulsionar ações da Copel na Bolsa, dizem especialistas

Ganhos de eficiência e redução do risco de interferência política devem sustentar alta dos papéis

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São Paulo

Analistas de ações veem com bons olhos as perspectivas para as ações da Copel (Companhia Paranaense de Energia) na Bolsa de Valores.

A privatização da empresa de energia elétrica, avaliam, deve trazer ganhos de eficiência e reduzir o risco político, fatores que tendem a potencializar os resultados futuros da empresa de energia do Paraná.

A oferta de ações que culminou na privatização da Copel (Companhia Paranaense de Energia) movimentou R$ 5,2 bilhões. Foi a segunda maior oferta de ações na Bolsa brasileira em 2023, atrás apenas da operação da BRF que alcançou R$ 5,4 bilhões em julho.

A operação foi precificada na véspera a R$ 8,25 por papel, um prêmio de 5% em relação ao preço da ação na data de lançamento da oferta, em 26 de julho, de R$ 7,85 por ação. Os recursos angariados irão para o governo paranaense e para o caixa da Copel.

Nesta quarta-feira (9), as ações da elétrica operavam em alta de 1,74% por volta das 11h50, negociadas a R$ 8,79.

Analista da Guide Investimentos, Eduardo Siqueira diz que a Copel já vem ao longo dos últimos anos em uma trajetória de ganho de eficiência operacional, com redução de despesas com pessoal e aumento no nível de rentabilidade das operações.

Com a privatização, a expectativa é que as melhorias operacionais prossigam e ganhem ainda mais tração, afirma Siqueira, acrescentando que também pesa a favor da empresa o fato de se tratar de um negócio de alta previsibilidade no longo prazo.

Usina Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga, inicialmente chamada de Usina Salto Segredo, no município de Mangueirinha, no Paraná
Usina Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga, inicialmente chamada de Usina Salto Segredo, no município de Mangueirinha, no Paraná - Divulgaçao Copel

Ele lembra que uma notícia positiva para que a privatização avançasse veio no último dia 2 de agosto, quando o TCU (Tribunal de Contas da União) tirou uma incerteza do radar dos investidores ao aprovar o valor de R$ 3,72 bilhões a ser pago pela elétrica paranaense pela renovação das concessões de três usinas hidrelétricas.

Ao lançar a oferta de ações no final de julho, a própria empresa havia alertado que uma decisão contrária do TCU poderia inviabilizar o andamento da operação.

"A renovação das concessões no prazo de 30 anos representa cerca de 60% da capacidade de geração da companhia e isso passa muita confiança para o investidor", afirma Siqueira.

Privatizada, a expectativa do analista da Guide é que a Copel passe por uma renovação da infraestrutura na área de distribuição de energia, com redução das despesas e novos investimentos para revitalização de ativos depreciados.

Comum em empresas que deixam de ser de controle estatal e passam a operar sob o modelo privado, uma redução de pessoal costuma trazer impactos já no curto prazo para os níveis de rentabilidade da operação e é uma iniciativa também esperada para a Copel, afirma Siqueira.

"A gente gosta da empresa e acha que vale a pena entrar na oferta", acrescenta o analista da Guide.

No acumulado de 2023, até 8 de agosto, as ações da Copel acumulam ganhos de 9,2%, contra a alta de 8,5% do Ibovespa no mesmo período.

Sócio e analista de ações da Nord Research, Guilherme Tiglia afirma que, com a redução da fatia do Estado, que passou de 31% para 15,6%, a tendência é que o desconto que os investidores geralmente atribuem a uma estatal pelo risco de interferência política também diminua, abrindo espaço para a valorização das ações.

"Nós temos recomendação de compra para as ações da Copel neste momento. É um ativo que historicamente teve uma performance acima do Ibovespa e do CDI e acreditamos que isso deve continuar acontecendo no médio e longo prazo", afirma João Abdouni, analista da empresa de recomendação de investimentos Levante.

Segundo Abdouni, as ações da elétrica representam uma boa alternativa para aquele investidor que tem o foco em dividendos. A remuneração média esperada é de ao menos 8% ao ano em forma de pagamento de dividendos para as ações da Copel, estima o especialista.

"Embora seja difícil afirmar qual vai ser o movimento das ações em uma janela determinada de tempo, a empresa deve ganhar eficiência com a capitalização e a saída do governo do controle", diz o analista da Levante.

Ele ressalta, contudo, que, em um recorte de curto prazo, não se pode descartar que as ações tenham um desempenho abaixo da média de mercado, frente ao aumento no volume de papéis em circulação na mão dos investidores como resultado da oferta.

Siqueira, da Guide, diz que, além da questão relativa à renovação das concessões, que ele julga como de baixo risco, o principal ponto de atenção relativo à tese de investimento em Copel diz respeito ao clima. Como a empresa tem uma matriz majoritariamente hidrelétrica, um período de pouca chuva pode impactar negativamente o preço de energia, e, consequentemente, as receitas da empresa.

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