PT abre mão de taxar ricos, diz Zeca Dirceu após reunião com Haddad

Líder da bancada na Câmara, porém, critica atuais regras para bilionários; Lira avisou que cobrança põe Reforma Tributária em risco

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Brasília

O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PT-PR), afirmou nesta terça-feira (8) após encontro de parlamentares do partido com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) que a legenda no Congresso abre mão de elevar a carga tributária sobre os milionários –flexibilizando uma bandeira histórica da sigla. Segundo ele, no entanto, a bancada discorda de manter as regras atuais para os bilionários.

"A gente até abre mão de taxar os ricos. A bancada diz que abre mão até de taxar os milionários. O que não dá é um país como o Brasil, com tanta desigualdade, continuar sem taxar nem sequer os bilionários. Acho que isso tem sintonia com o que pensa o governo", afirmou Zeca após o encontro na frente da sede da pasta.

Zeca Dirceu posa ao lado de foto de Lula que foi vandalizada nos ataques golpistas de 8 de janeiro
Líder da bancada do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), posa ao lado de foto de Lula que foi vandalizada nos ataques golpistas de 8 de janeiro - Ranier Bragon - 17.jan.2023 / Folhapress

As declarações são dadas depois que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), demonstrou contrariedade com o envio, por parte do governo, da proposta de taxação dos super-ricos. Para Lira, a proposta pode atrapalhar a tramitação da Reforma Tributária sobre o consumo.

"Não pude me expressar publicamente, nem conversar mais especificamente com o ministro Haddad, mas acho politicamente um risco grande você abrir vários flancos de discussão", disse Lira em julho.

"Enquanto você está discutindo a Reforma Tributária no Senado, se você vem com esse outro viés agora, antes da finalização, você pode embolar esse meio de campo", disse o presidente da Câmara. Para o deputado, "uma coisa é concordar com o mérito, outra coisa é concordar com o timing".

Posteriormente, Haddad falou que enviaria o projeto. "Tem que ir em agosto [taxação dos super-ricos] porque tem que acompanhar o [projeto de] Orçamento", afirmou o ministro. "Não posso mandar o Orçamento sem essas medidas encaminhadas ao Congresso", disse.

O governo precisa arranjar novas receitas de modo a perseguir a meta central de déficit zero no ano que vem. Alcançar esse resultado exige um significativo esforço pelo lado da arrecadação, já que o novo arcabouço fiscal prevê despesas crescendo acima da inflação no ano que vem —sendo que as contas públicas já estão no vermelho neste ano.

A conversa de Haddad nesta terça reuniu diversos parlamentares do PT e, segundo Dirceu, o ministro pediu aos correligionários atenção especial justamente a medidas que elevam a arrecadação. O deputado ressaltou que as iniciativas não miram o setor produtivo, mas sim os sonegadores.

Dirceu acrescentou que, se as medidas de arrecadação propostas pelo governo não avançarem, o Congresso ficará com a responsabilidade de refazer um Orçamento que, em sua visão, já é enxuto.

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