Descrição de chapéu Twitter

X, ex-Twitter, limita publicação de links do Diário Oficial da União e classifica-os como 'spam'

Plataforma apresenta mensagem de erro ao usuário que tenta publicar conteúdos da Imprensa Nacional; rede social não se manifestou

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Sorocaba (SP) e São Paulo

A plataforma X (ex-Twitter) surpreendeu usuários da rede nesta quinta-feira (17) ao restringir a publicação de links do Diário Oficial da União (DOU), a imprensa oficial do governo brasileiro, classificando-os como "potencialmente prejudiciais".

Quem tentou postar algum endereço eletrônico relacionado ao diário, se deparou com a seguinte mensagem do site: "Não é possível concluir essa solicitação porque esse link foi identificado pelo Twitter (sic) ou pelos nossos parceiros como potencialmente prejudicial. Acesse a Central de Ajuda para saber mais".

Além disso, a rede social administrada por Elon Musk gerava uma mensagem de erro após as tentativas. "Algo deu errado, mas não se preocupe. Vamos tentar novamente", informava.

Imagem mostra print da tela de um computador com perfil logado no X, ex-Twitter. O usuário tenta publicar link do Diário Oficial da União, sem sucesso. O X apresenta a seguinte mensagem em azul: "Não é possível concluir essa solicitação porque esse link foi identificado pelo Twitter ou pelos nossos parceiros como potencialmente prejudicial. Acesse a Central de Ajuda para saber mais."
X (ex-Twitter) restringe postagens de links do Diário Oficial da União - Reprodução/X

Procurado, o X não respondeu a um pedido de posicionamento até a publicação deste texto.

A reportagem também consultou a Casa Civil, a fim de apurar se o governo irá contatar a plataforma para entender o caso, e se irá comunicar os usuários da rede sobre a limitação. O ministério disse que o compartilhamento do conteúdo em diferentes canais, incluindo as redes sociais, está disponível desde que o DOU foi disponibilizado na internet. "Os motivos de qualquer restrição ao conteúdo devem ser questionados diretamente a quem a procedeu", afirmou em nota.

A restrição desse tipo de postagem na rede social foi percebida inicialmente pelo doutor em direito internacional pela USP Jefferson Nascimento.

A restrição atinge apenas os links do DOU. A reportagem fez um teste e conseguiu publicar links de diários oficiais dos estados.

Decretos publicados por assembleias legislativas, como a de São Paulo (Alesp) ou da Bahia (Alba), também foram ao ar na rede.

Imagem mostra print de tela do X, ex-Twitter. Usuário tentou e conseguiu publicar link de um Diário Oficial de Estado
Restrição não acontece com links de Diários Oficiais dos Estados - Reprodução/X

O perfil do X chamado Imprensa Nacional, ligado à Presidência da República, publicava diariamente o link do Diário da União na plataforma. O último post com link foi feito em 8 de agosto.

Na manhã desta quinta, contudo, o perfil postou apenas uma imagem com os principais destaques do dia, sem nenhum link. O post foi apagado após quatro horas.

Governo pode acionar X judicialmente

O advogado e professor especialista em direito digital Luiz Augusto D’Urso afirma que, caso a plataforma não corrija a situação após ser alertada, a medida pode ser considerada censura. "O usuário tem direito à informação e, caso não haja resposta em tempo hábil, o governo pode acionar a plataforma administrativa ou judicialmente."

A Transparência Brasil, organização que atua em prol da transparência no poder público, afirmou em nota que o X "é uma plataforma privada, então a definição das políticas de uso seguirá, lógica e legalmente, a filosofia da empresa. Mas é inegavelmente uma política prejudicial ao interesse público, já que restringe o acesso a informações oficiais de interesse geral por meio da plataforma".

"Essa polêmica levanta o debate sobre a regulamentação das redes, para que as plataformas justifiquem com transparência como seus algoritmos funcionam e criem canais que recebam recursos e reclamações, como previa o PL das Fake News", diz D’Urso.

O PL das Fake News é o projeto de lei 2630/2020, que pretende criar a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. A norma prevê a regulação das redes sociais e aplicativos de mensagens.

Os pontos centrais da proposta obrigariam as redes a serem mais transparentes quanto à moderação dos conteúdos e a vetarem contas inautênticas. O projeto ainda não tem data definida para ser votado na Câmara dos Deputados.

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