Descrição de chapéu Banco Central inflação

81% dos comerciantes paulistanos são contra fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito

Parcela ainda maior, de 87%, rechaça ideia do BC de criar taxa extra nessas operações, aponta Datafolha

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São Paulo

Oito em cada dez (81%) responsáveis por estabelecimentos comerciais de pequeno porte da cidade de São Paulo são contrários ao fim da venda parcelada sem juros no cartão de crédito, revela pesquisa Datafolha. Uma fatia de 15% é favorável à proposta, 3% são indiferentes e 1% não opinou.

Segundo o levantamento, 81% dos comércios pesquisados fazem vendas sem juros no cartão de crédito. Destes estabelecimentos, a venda parcelada sem juros corresponde, em média, a 50% das operações com cartão de crédito e a 45% do faturamento mensal

Entre os encarregados pelos comércios, é amplamente majoritária também a opinião de que o fim das vendas parceladas sem juros no cartão de crédito traria mais prejuízos do que benefícios à economia brasileira, aos consumidores e às lojas.

Mãos femininas, com unhas pintadas de vermelho-vinho, seguram maquininha de cartão
Consumidora usa cartão em pagamento em São Paulo - Eduardo Knapp - 6.jul.2023/ Folhapress

Em audiência no Senado em 10 de agosto, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citou um incômodo do órgão com o sistema atual de financiamento por cartão de crédito, que permite aos usuários parcelar compras em até 12 vezes sem juros.

Segundo ele, o BC estaria considerando criar uma tarifa para desincentivar a compra no crédito em uma quantidade grande de parcelas.

"A gente cria algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento sem juros tão longo. Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que ele fique um pouco mais disciplinado, de uma forma bem faseada para não afetar o consumo", disse.

Cinco dias depois, em almoço da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, Campos Neto disse que a modalidade do parcelamento sem juros é "muito importante" para a economia e para o consumo.

Mais recentemente, no dia 22, voltou a tratar do tema: "Entendemos que o parcelado sem juros é uma modalidade importante para o consumo brasileiro e não pode sofrer nenhuma ruptura", afirmou.

Segundo o Datafolha, para 81% dos entrevistados, o fim dessa modalidade de compra prejudicaria a economia brasileira em geral, para 1%, não prejudicaria e nem beneficiaria, para 16%, beneficiaria e 2% não opinaram.

Em relação aos consumidores brasileiros, 85% dos comerciantes pesquisados avaliam que o fim do parcelado sem juros traria prejuízos aos clientes, 13% avaliam que traria vantagens e 1% não opinou. Em relação ao próprio comércio, 75% acham que traria prejuízos, 9% que não prejudicaria e nem beneficiaria, 15% que traria vantagens e 1% não opinou.

O levantamento foi realizado no dia 21 de agosto, com 306 entrevistas presenciais, com responsáveis por estabelecimentos comerciais de pequeno porte (até 49 funcionários) de todas as regiões da cidade de São Paulo. A margem de erro da pesquisa é de 6 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%.

O cartão de crédito é o meio de pagamento responsável pela maior parte do faturamento mensal dos estabelecimentos: em média, corresponde por 45%. Na sequência aparecem: cartão de débito, com 27% do faturamento médio mensal, dinheiro, por 13%, PIX, por 12%, cheque, por 5%, e os demais meios de pagamento juntos (voucher, vale alimentação, vale refeição, carnês e etc), por 10%.

A pesquisa também questionou os responsáveis pelos comércios sobre o uso de máquinas de cartão. Segundo o levantamento, na média dos estabelecimentos, a Rede é mais citada, com 40% de menções espontâneas. Na sequência aparecem PagSeguro/Moderninha, com 27%, Cielo, com 24% e Stone, com 18%.

A proposta alternativa estudada pelo BC, de cobrar uma taxa extra para as compras parceladas sem juros, também é rejeitada pela ampla maioria dos comerciantes entrevistados. Quase nove em cada dez (87%) declararam ser contrários à medida, 12% são favoráveis e 1% é indiferente.

Quando questionados se a cobrança da taxa extra traria prejuízos ou benefícios à economia brasileira, aos consumidores e ao próprio comércio, a maioria avalia que traria prejuízos.

Para a economia brasileira em geral, 82% dizem que a cobrança dessa taxa extra traria prejuízos, 1% avalia que não traria perdas e nem ganhos, 14% avaliam que traria benefícios e 2% não opinaram.

Em relação aos consumidores, 94% dos comerciantes avaliam que a cobrança extra traria prejuízos aos clientes, 1% avalia que não traria perdas e nem ganhos, 4% acham que traria vantagens e 1% não opinou.

Em relação ao próprio comércio, 78% consideram que a cobrança extra traria prejuízos, 9% acreditam que não traria perdas e nem benefícios e 12% acham que traria ganhos.

O Datafolha também questionou os responsáveis pelos estabelecimentos sobre as formas de pagamento aceitas. A totalidade aceita cartão de crédito (100%), cartão de débito (100%), dinheiro vivo (100%) e PIX (99%). Uma fração de 12% aceita cheque; entre outros meios de pagamentos espontaneamente citados (voucher, vale alimentação, vale refeição, carnês e etc), são 5%.

A maioria (56%) dá desconto nas compras via PIX, sendo que 39% abatem até 5%, 14% dão desconto na faixa de 6% a 10% e 3% de 11% ou mais. Uma parcela de 44% não reduz o valor nas compras realizadas por PIX. Em média, os estabelecimentos abatem 7% nas compras via PIX.

Nas compras feitas em dinheiro, 2 em cada 3 estabelecimentos (66%) dão desconto, sendo que 46% abatem até 5%, 17% na faixa de 6% a 10% e 3% dão desconto de 11% ou mais. Um terço (34%) não diminui o valor nas compras realizadas com dinheiro. Em média, os estabelecimentos dão desconto de 7% nas compras com dinheiro.

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