Descrição de chapéu mudança climática

Arcabouço fiscal é dúvida de investidores americanos para o plano verde de Haddad

Estimativa é emitir títulos sustentáveis nas próximas semanas

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Tatiana Sendin
Nova York

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se na manhã desta terça-feira (19) com potenciais investidores do plano de transição ecológica brasileiro. As principais dúvidas, segundo o ministro, estão relacionadas ao arcabouço fiscal do país e às oportunidades de investimento.

"Como é uma lei relativamente complexa em relação a outras leis do mundo, ela é mais sofisticada, então você acaba tirando dúvidas de como funcionam os gatilhos para que a sustentabilidade fiscal seja atingida", disse Haddad após uma reunião no escritório da Eurasia, em Nova York, com cerca de 20 investidores.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad,  em evento na Bolsa de Valores de NY
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento na Bolsa de Valores de NY - Diogo Zacarias- 18.set.23/MF

Nos encontros desta terça, Haddad tem apresentado o plano verde e ressaltado o trabalho desenvolvido pelo governo federal nesses nove meses, como as medidas que estão no Congresso para serem votadas. "Há uma agenda forte no Congresso de leis, inclusive, que estavam arquivadas e que nós desarquivamos para que fossem submetidas a essa legislatura", disse.

Haddad destacou que algumas medidas legislativas para tirar o plano verde do papel já estão em andamento, como a Reforma Tributária e a regulamentação do crédito de carbono, que está no Senado. A estimativa é que a emissão de títulos sustentáveis aconteça nas próximas semanas.

O ministro acredita que será possível convencer empresas nacionais e internacionais a se fixarem no país para o desenvolvimento de produtos verdes. "O que nós queremos, de fato, é no médio prazo estabelecer um processo em que o Brasil seja visto como um país onde se possa produzir produtos verdes. Não apenas energia limpa, não apenas minerais estratégicos, mas produtos verdes", disse.

Nas duas reuniões desta manhã, uma promovida pelo Instituto Igarapé e a outra na Eurasia, estavam presentes representantes de organizações como o fundo de investimento Pimco, Banco Mundial, WWF International e Sequoia Climate Foundation, além de Jennifer Morgan, secretária de Estado e representante especial das políticas climáticas da Alemanha.

Outras iniciativas em curso são os leilões de linhas de transmissão para energia eólica, a parceria da Petrobras com a WEG sobre energia eólica, e o desenvolvimento da semente de cana que vai dobrar a produtividade por hectare da produção no Brasil. "Você já imaginou se a gente dobra a produção de cana e consegue fazer o hidrogênio verde a partir do etanol e abastece os carros com o hidrogênio verde? É uma coisa que talvez tenha um impacto maior do que o próprio carro elétrico."

O IRA

Para Haddad, o Inflation Reduction Act (IRA, legislação americana para incentivo à economia verde) dos Estados Unidos não deveria ficar restrito apenas à economia americana. "Estamos olhando atentamente e buscando verificar em que condições e com que regras o Brasil poderia estabelecer parcerias com os Estados Unidos, nos valendo dessa legislação e nos valendo das vantagens competitivas que o Brasil tem."

De manhã, em reunião promovida pelo Instituto Igarapé, Haddad teria dito que os pais do G7, especialmente os Estados Unidos e os países da União Europeia, deveriam repensar a geopolítica global. Para ele, a agenda da transformação ecológica só será bem-sucedida se houver um redesenho das instituições multilaterais, e isso implicaria maior apoio para o desenvolvimento dos países do Sul global.

O Brasil, como credor internacional, estaria em posição favorável para defender a posição de países devedores, sem estar defendendo interesses próprios –e isso, segundo o ministro, daria legitimidade para a agenda brasileira.

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