Por que IPO de empresa britânica de chips é o mais esperado do ano

Newsletter FolhaMercado mostra detalhes da oferta de US$ 5 bi de ações da Arm, que foi avaliada em US$ 54,5 bi

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São Paulo

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O maior IPO do ano

A empresa britânica de chips Arm precificou seu IPO (oferta inicial pública de ações) em US$51 (R$ 250) por ação, avaliando a empresa em US$ 54,5 bilhões (R$ 267,9 bilhões). Os papéis começam a operar hoje (14) na Bolsa americana Nasdaq.

Prevista para movimentar US$ 5 bilhões, esta deve ser a maior oferta do ano no mundo, e um parâmetro para os próximos meses dos mercados daqui e lá de fora.

Entenda: apesar de ser uma empresa de chips, a Arm não os fabrica. Seu papel é projetar os circuitos que vão nesses componentes.

A empresa tem como uma de suas principais clientes a Qualcomm, que desenvolve os processadores que vão nos smartphones, além de fabricantes como Apple e Samsung. A participação da Arm no mercado de celulares é estimada em 99%.

Smartphone com o logo da Arm sobre uma placa-mãe de computador
Smartphone com o logo da Arm sobre uma placa-mãe de computador - Dado Ruvic/Reuters


Ela pertence ao gigante fundo japonês Softbank, conhecido por investir em diversas empresas e startups de todo o mundo. Ele comprou a companhia de chips por US$ 32 bilhões em 2016 e agora venderá 10% das ações, ficando com o restante.

Em 2020, a Nvidia, outra gigante dos chips que vê suas ações bombarem graças à IA, chegou a acertar a compra da Arm por US$ 40 bilhões. O acordo foi cancelado depois que reguladores demonstraram preocupação com a concentração de mercado das empresas.

No mês passado, o Softbank recomprou uma fatia de 25% da Arm que ele havia vendido ao fundo Vision. Nessa transação, a empresa britânica foi avaliada em US$ 64 bilhões –acima, portanto, da avaliação atual.

Por que importa: este é, de longe, o IPO mais esperado do ano tanto pelos investidores quanto pelo setor de tecnologia.

  • Para o mercado acionário, uma oferta deste volume pode destravar outras listagens que estavam à espera de uma melhora no ambiente, que anda azedo desde o ano passado, quando os juros começaram a subir o juros nos EUA.
  • Para o Vale do Silício, pode significar um alívio em meio à ressaca de investimentos que pega forte no setor desde 2022. O Softbank é um dos principais atores do mercado e pode encorajar outros fundos a recolocarem dinheiro em startups.

E no Brasil? Como tudo que acontece nos EUA acaba respingando aqui, os setores financeiros e de tecnologia também estão atentos sobre a reação dos gringos. A expectativa é de que eles olhem com mais atenção para potenciais negócios no país, que ainda não teve IPOs neste ano.


Projeto das bets avança

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta o projeto de lei que regulamenta as apostas esportivas no país. A estimativa de arrecadação é de R$ 1,6 bilhão em 2024.

O tema antes tramitava via MP (medida provisória), mas foi alterado em um acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Agora, a proposta vai ao Senado.

Como a proposta prevê a cobrança:



  • Para as empresas: uma tributação de 18% sobre as receitas líquidas com os jogos, além de uma outorga de R$ 30 milhões para as bets atuarem no Brasil por três anos.
  • Para os apostadores: alíquota de 30% de IR (Imposto de Renda) sobre os prêmios recebidos que ficarem acima da faixa de isenção de R$ 2.112.

Alterações: os deputados incluíram mudanças no texto, como a que reduz a arrecadação destinada à seguridade social de 10% para 2%. A sobra foi dividida entre os ministérios do Esporte e do Turismo –comandados pelo centrão– e a Embratur.

O projeto de lei também traz um dispositivo que pode permitir cassinos online e apostas em competições de games virtuais, os eSports.

Por que bets valem e jogos de azar não? As apostas esportivas foram legalizadas em 2018, quando uma lei autorizou as apostas de quota fixa, ou seja, aquelas em que o apostador sabe quanto pode ganhar no momento em que tenta a sorte –é o caso das bets.

Desde então, o mercado nacional espera por uma regulamentação, que é defendida pelas maiores empresas que atuam no setor, hoje sediadas fora do país.


Petrobras mira energia no mar

A Petrobras anunciou duas medidas nesta quarta voltadas ao seu programa de energia eólica offshore (no mar).

  • Fechou uma parceria com a Weg, fabricante de motores elétricos, para investir R$ 150 milhões no desenvolvimento de um gerador de energia eólica de 7 MW de potência, o primeiro desse tamanho no Brasil.

Entenda: a participação da Petrobras nesse segmento se encaixa em seu plano de transição energética e diversificação de receitas.

A ideia é aproveitar a expertise da estatal em operações offshore para ser uma das líderes em produção de energia eólica no mar, onde o vento sopra mais forte e as instalações não geram barulho como as que ficam em terra.

Em janeiro, a Petrobras havia assinado com a Equinor, empresa global de energia, carta de cooperação para avaliar a viabilidade de sete projetos de geração de energia na costa brasileira.

Parque eólico offshore em Nysted, Dinamarca - Tom Little /REUTERS


Descarbonização: os agentes do mercado destacam o potencial do Brasil nesse segmento. O governo trabalha para destravar o projeto de lei da geração de energia eólica offshore e espera que ele seja aprovado nas próximas semanas.

O Ministério de Minas e Energia prevê que os 78 projetos que aguardam a legislação podem mais do que dobrar a partipação da energia eólica na matriz brasileira, hoje de 11%.

Mais sobre Petrobras:

Veja como a estatal comprou créditos de carbono de um projeto com desmatamento de floresta amazônica e uma base de dados considerada "não plausível". A companhia afirma que o desmate foi de 1% e que um seguro pode ser acionado em caso de perdas.


Vírus de celular desvia Pix

Um novo vírus de celular consegue desviar o dinheiro dos usuários via Pix sem deixar rastros, segundo a empresa de cibersegurança Kaspersky.

Entenda: na fraude do Pix, os criminosos trocam o destinatário e o valor da transferência que será feita pelo usuário na etapa anterior à solicitação da senha —os poucos indícios são tremedeira na tela e lentidão para carregar.

Os estelionatários levam até 95% do saldo da conta em um único golpe.

Como funciona: os hackers invadem os celulares via notificações e aplicativos falsos, principalmente em dispositivos que usam sistema operacional Android.

Ao invadir o dispositivo, o programa malicioso consegue acesso a dados sensíveis nas opções de acessibilidade —recursos que auxiliam pessoas com deficiência sensorial ou de movimento, como leitor de texto e clique automático.

A partir dessas informações, o software espiona a rotina do usuário e dispara o vírus quando acha que ele vai acessar o app do banco. Depois da fraude, o próprio programa se desinstala.

Como se prevenir: suspeitar de qualquer notificação que peça "acesso às opções de acessibilidade." Isso vale tanto para solicitações do navegador quanto de aplicativos.

Mais sobre golpes:

Pessoas têm publicado nas redes sociais anúncios com ofertas de dinheiro extra para tarefas simples, como curtir vídeos ou avaliar estabelecimentos.

As primeiras "missões" até são remuneradas, mas o golpe aparece quando é solicitado um "investimento" para que as atividades continuem. Assim que recebem o dinheiro, os criminosos somem.

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