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Treasuries sobem e derrubam Bolsa após dados fortes sobre economia dos EUA

Mercado aguarda discursos de autoridades americanas sobre política de juros

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São Paulo

Após a divulgação de dados melhores que o esperado sobre o setor de serviços dos Estados Unidos, a Bolsa brasileira fechou em queda e o dólar permaneceu estável nesta terça-feira (17), com o aumento de temores do mercado sobre uma possível nova alta de juros.

Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, as vendas do varejo americano aumentaram 0,7% em setembro, muito mais que os 0,3% esperados pelo mercado.

Após a divulgação dos dados, os títulos do Tesouro americano, os chamados "treasuries", voltaram a subir após terem se estabilizado nos últimos pregões. Os treasuries de dez anos subiram 0,14 ponto percentual, para 4,85%, enquanto os de dois anos subiram 0,12 ponto percentual. Ambos rondam seus maiores patamares em 17 anos.

Os treasuries já são considerados investimentos extremamente seguros. Em dias de alta, a tendência é que ativos de risco e países emergentes sejam penalizados, já que investidores preferem alocar seus recursos nos títulos do Tesouro americano.

A alta dos treasuries também tende a beneficiar o dólar, justamente por atrair recursos para a renda fixa dos Estados Unidos.

Além disso, o aumento da tensão no Oriente Médio, com o conflito entre Hamas e Israel, também causou aversão ao risco no mercado, contribuindo para a baixa das Bolsas.

Com isso, o Ibovespa caiu 0,53%, aos 115.908 pontos, enquanto o dólar caiu 0,02%, mantendo-se praticamente estável cotado a R$ 5,034.

Notas de dólar americano.
Rentabilidade dos títulos do Tesouro americano disparou - Dado Ruvic/Reuters

Para o especialista da Blue3 Investimentos Victor Hugo Israel, o crescimento bem acima das expectativas nas vendas do varejo nos EUA foi o catalisador do dia.

O resultado corrobora um cenário em que "o banco central norte-americano deve, no mínimo, manter os juros em patamares elevados por um período bem mais longo do que aquilo que era projetado [pelo mercado]", afirmou.

O mercado aguarda, agora, pronunciamentos de autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) (incluindo o próprio presidente da autoridade monetária, Jerome Powell) sobre o futuro da política de juros americana.

Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, analistas agora veem 40,4% de um aumento de 0,25 ponto percentual nos juros americanos em dezembro, na última reunião do ano do Fed. Na terça, a probabilidade era de 32,67%.

Além disso, investidores também monitoram a guerra entre Israel e Hamas, que pode trazer volatilidade principalmente para os preços do petróleo.

"A volatilidade no mercado de títulos americanos segue como um importante ponto de preocupação, com investidores divididos diante do aumento dos riscos geopolíticos, as dificuldades fiscais nos EUA e a incerteza em torno dos próximos passos do Federal Reserve na condução da política monetária", diz a equipe da Guide Investimentos.

No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o setor de serviços teve contração de 0,9% em agosto, resultado bem menor que o esperado por analistas, de avanço de 0,4%.

No mercado de juros futuros, as curvas mais longas tiveram alta, acompanhando o movimento dos títulos americanos. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 saíram de 10,91% para 11,05%, enquanto os para 2027 iam de 10,88% para 11,09%.

As curvas para 2024, porém, registraram leve queda, saindo de 12,19% para 12,18%.

"Os juros futuros também apresentaram comportamentos diferentes de acordo com os vencimentos, com mais longos acompanhando a alta dos treasuries e os mais curtos com o alívio pelo dado do mercado de serviços no Brasil, mais fraco que o esperado", afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

Na Bolsa brasileira, as "small caps", empresas menores e mais ligadas à economia doméstica, foram as principais baixas, junto com o setor financeiro.

Na outra ponta, altas de Petrobras e Vale, as maiores do Ibovespa, limitaram as perdas, apoiadas pelo avanço das commodities no exterior.

Já no câmbio, o dólar também teve uma sessão instável, mas terminou próximo da estabilidade.

"O dólar ficou volátil, sem direção única. Ele abriu em queda, em um movimento apoiado aparentemente pela alta das commodities, mas virou acompanhando o movimento lá fora", comentou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.

Com Reuters

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