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Tem 20 anos e acha que é cedo para pensar na independência financeira? Não é bem assim

Nessa fase da vida, embora a renda dos jovens seja menor, eles possuem uma importante vantagem: o tempo

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São Paulo

Os 20 anos marcam um período importante da vida, em que os jovens estão começando sua vida profissional. Muitos ainda moram com os pais, têm menos compromissos financeiros e possuem a liberdade para planejar e vislumbrar como será seu futuro.

Embora a renda seja menor, nessa idade as pessoas têm o tempo ao seu favor, e podem pensar com calma em como desejam estar no futuro, sem que isso demande um grande esforço financeiro no presente. Para quem começa a poupar desde cedo, o valor que é preciso guardar todo mês para encher o colchão da aposentadoria é muito menor que o necessário para quem começa em faixas etárias mais avançadas.

Calcule o que falta para sua independência financeira

E, se as condições permitem que o jovem separe uma boa porcentagem de sua renda para o futuro, ele pode alcançar sua independência financeira com uma renda maior, caso acumule uma reserva por mais anos. Ou então, pode atingir o montante desejado mais cedo, na comparação com quem não tem essa disponibilidade de poupança.

Além disso, nessa fase da vida, tudo vira um investimento para o futuro, como cursos e especializações, que vão permitir que os jovens tenham uma vida profissional mais bem-sucedida. Ou seja, mesmo no caso daqueles que ainda não conseguem guardar dinheiro, existem outras formas de investir em si mesmo e se preparar para o futuro.

ESTABELECER OBJETIVOS E PLANEJAR

A partir do momento em que o jovem consegue poupar, está na hora de traçar objetivos e projetar como alcançá-los. A planejadora financeira Daiane Mohr, da Warren Investimentos, lembra que, dependendo dos planos da pessoa, ela não precisará guardar tanto dinheiro mensalmente, podendo escolher se quer se expor a ativos de risco (* veja glossário no pé deste texto) ou não.

Mohr conta que já teve clientes cujos objetivos de vida e idade permitiram que ela montasse uma carteira de investimento para previdência apenas com títulos de renda fixa (*). Sem planejamento, a pessoa poderia se expor a riscos de mercado desnecessariamente.

"A maioria que guarda dinheiro para o futuro não sabe quanto precisa para chegar onde almeja. E normalmente as pessoas boicotam o planejamento", diz Mohr.

A especialista exemplifica esse boicote com os casos de pessoas que decidem mudar os planos iniciais e compram um imóvel de uma hora para outra, resgatando todo o dinheiro investido. Aí elas acabam tendo que recomeçar do zero a poupança para a aposentadoria.

"Possivelmente isso aconteceu por falta de planejamento", diz Mohr. "É preciso separar desde cedo ‘os dinheiros’. Tem que saber o que é dinheiro de médio e de longo prazo. Se misturar, vai dar errado", completa

Mulher olha tela de computador em cima de um tapete em formato de uma nota de dinheiro
Nessa fase da vida, embora a renda dos jovens seja menor, eles possuem uma importante vantagem: o tempo - Catarina Pignato

Depois de definir planos e objetivos, um segundo passo é escolher os melhores investimentos.

Uma vantagem dos jovens dessa idade é a possibilidade, independentemente de seu perfil de investimento, de se expor mais ao risco, ou seja, de colocar uma porcentagem maior de seus recursos em aplicações conhecidas como de renda variável (*), que têm mais risco, mais oferecem rentabilidade maior do que os títulos públicos de renda fixa (*).

É uma liberdade que uma pessoa com mais de 50 anos, por exemplo, não tem. Com menos tempo para acumular sua reserva, ela precisa ser mais conservadora para não correr o risco de perder o patrimônio acumulado ao longo da vida.

O analista de renda fixa André Alírio, da Nova Futura Investimentos, cita as empresas de crescimento, como as do setor de tecnologia, como boas alternativas para a faixa dos 20 anos de idade. Afinal, essas companhias têm chances de observar grandes saltos de desenvolvimento, trazendo retornos interessantes para o investidor, mesmo com um menor valor investido.

"São empresas com potencial de crescimento alto na Bolsa de Valores, mas que já têm fundamentos estabelecidos. São papéis que ainda não estão gerando um fluxo grande de dividendos, mas têm potencial para isso", comenta Alírio.

"Então, por exemplo, de cinco empresas que você está investindo, se uma delas vira um Facebook ou um Spotify, já compensaria o conjunto todo investido. É um investimento que não deve ser descartado e ele pode performar muito bem no futuro", completa.

O educador financeiro Thiago Godoy, da Rico Investimentos, cita também ações de empresas consolidadas e com bons fundamentos como alternativas de investimento em renda variável. Um exemplo são papéis ligados a commodities. Como o Brasil é um grande exportador de matérias-primas, a despeito das oscilações conjunturais, essas ações tendem a se valorizar no longo prazo.

Segundo Godoy, diferente do que se pensa no senso comum, a Bolsa de Valores também deve ser considerada um investimento de longo prazo, desde que a pessoa receba a orientação certa para isso, e não utilize as operações financeiras como maneira de ganhar muito dinheiro em um curto espaço de tempo.

"Olhando para o mercado dos EUA, o americano médio investe em ações como previdência. Eles fazem aportes no índice S&P 500 (*), e em empresas e setores mais sólidos, pensando na aposentadoria", comenta o especialista. "O mercado oscila muito, mas a gente vê que, no médio e longo prazo, a tendência é de uma carteira de ações diversificada ter uma rentabilidade interessante", completa.

Uma carteira diversificada é aquela com ações de empresas de diferentes segmentos, em que uma compensa o risco de outra. Por exemplo, uma exportadora de commodities, cujos preços acompanham o dólar, terá suas ações afetadas pelo câmbio, mas uma empresa de energia com preços regulados pelo governo não sofrerá esse impacto. Uma construtora ou uma varejista costumam ser afetadas negativamente pela alta de juros, mas o mesmo não ocorre com um banco, que até pode ser beneficiado por taxas mais altas.

Um ponto importante levantado por Alírio, da Nova Futura, é o investimento em educação financeira. Se o jovem de 20 anos conseguir reservar tempo e dinheiro para estudar o mercado financeiro, ele terá mais liberdade para escolher em quais ativos investir, dentro do seu perfil e dos seus objetivos para o futuro, gastando menos com assessoria financeira.

CARTEIRAS RECOMENDADAS

A Folha fez um levantamento com três corretoras sobre investimentos recomendados para aposentadoria na faixa dos 20 anos de idade. O perfil de investidor (*) adotado foi o moderado.

Vale ressaltar que estas carteiras de investimentos (*) são apenas balizas, mas é sempre importante consultar um especialista, que irá montar um planejamento que se encaixe exatamente no seu perfil e objetivos pessoais para o futuro.

PRÓS E CONTRAS DA FAIXA ETÁRIA

Vantagens: Mais tempo para poupar; menos responsabilidades financeiras; liberdade para ter maior exposição ao risco

Desvantagens: Vida profissional não consolidada; renda menor

* GLOSSÁRIO

Ativos de risco: Aplicações financeiras mais arriscadas.

Carteira de investimentos: Conjunto de todas as aplicações financeiras de uma pessoa.

Renda fixa: São aplicações que possuem critérios pré-definidos de rendimento, ou seja, quais são as formas de correção do título investido, o limite de tempo para o dinheiro ficar investido e o mínimo que precisa ser aplicado.

Títulos públicos de renda fixa: São emissões feitas pela União por meio do Tesouro Nacional para captar verba. O governo, portanto, fica com uma dívida com os tomadores desses títulos, que são remunerados conforme critérios pré-estabelecidos.

Renda variável: São investimentos com menor previsibilidade e que, por isso, são considerados mais arriscados. Estão mais sujeitos às oscilações do mercado, como juros, câmbio e preços de commodities. Em compensação, justamente por serem mais arriscadas, são aplicações com expectativas de maiores rendimentos.

S&P 500: Sigla para Standard & Poor's 500, trata-se de um índice da Bolsa de Valores de Nova York, que reúne as 500 maiores empresas do mercado acionário dos Estados Unidos.

Perfis de investidor

- Conservador: Com baixa tolerância ao risco, busca ativos mais seguros para investir, com garantias maiores de retorno, mesmo que a rentabilidade seja menor.

- Moderado: Tem uma tolerância maior ao risco, portanto, possui mais ativos arriscados em sua carteira de investimentos, embora esse tipo de investidor ainda preze por segurança e garantias de retorno.

- Arrojado: É o investidor com a maior disposição de enfrentar o risco de uma aplicação, desde que ela potencialmente traga retornos maiores. Está disposto a perder dinheiro com as oscilações de mercado se for preciso para alcançar uma maior rentabilidade em contrapartida.

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