Como garantir a independência financeira dos filhos ou netos

Planejar a sucessão também envolve proteger os herdeiros das altas tributações e custos para receber o patrimônio; entenda

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São Paulo

Quanto mais perto a pessoa está da aposentadoria, mais ela deve planejar também a sucessão familiar. E isso vai além dos imóveis e outros bens que serão deixados para os filhos. Um bom planejamento financeiro também passa por pensar na tributação que os herdeiros vão pagar.

"É preciso entender o planejamento financeiro de uma forma mais completa, olhando para gestão de risco, tributos e também sucessão. É preciso ter o cuidado de ter um objetivo definido e saber onde quer chegar", salienta Daiane Mohr, planejadora financeira da Warren.

Calcule o que falta para sua independência financeira

Quando o indivíduo sentar com um especialista para estabelecer os objetivos e traçar as metas para a aposentadoria, é preciso também determinar quanto e quais naturezas de bens, como carros, imóveis ou dinheiro, a pessoa pretende deixar para os filhos.

"Planejamento sucessório não tem muita regra, mas tem a ver com o perfil de risco da pessoa [ (*) saiba mais no glossário abaixo] e a renda familiar", comenta João Arthur Almeida, diretor da área de gestão patrimonial da Suno.

Segundo o especialista, a regra número um é planejar com antecedência junto a um especialista ou consultor e não deixar para a última hora. "Reunir os filhos e os advogados na mesa para conversar e negociar é a melhor forma de evitar as longas disputas por heranças que vemos por aí", diz.

Almeida também salienta que é importante reservar uma parte da herança para ter liquidez (*), assim os herdeiros podem utilizar esse dinheiro para arcar com custos com advogados e tributos para transmissão de bens. E aí há três opções. Os próprios herdeiros podem ter essa fatia em suas contas antes do patriarca ou da matriarca falecerem.

Ou então, conforme Daiane Mohr orienta, as pessoas com mais de 50 anos podem começar a migrar mais seu patrimônio investido para títulos de previdência privada.

Segundo Mohr, a diferença do custo com tributação para os herdeiros receberem o mesmo dinheiro aplicado em um título público de renda fixa (*) e na previdência privada chega a 13% a mais no primeiro caso.

Ilustração de perfil de pessoas
Planejar a sucessão também envolve proteger os herdeiros das altas tributações e custos para receber a herança; entenda - Catarina Pignato

A especialista explica que isso acontece porque qualquer dinheiro aplicado ou em conta corrente só pode ser movimentado pelos herdeiros após a realização do inventário. E para fazer o inventário é preciso pagar o ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos), cuja alíquota varia de estado para estado.

No caso de títulos de previdência privada, Mohr conta que existem muitas opções com estratégias para sucessão, que permitem a retirada do dinheiro pelos herdeiros sem o pagamento do ITCMD e sem as chamadas "come-cotas" —mecanismo que existe em muitos fundos de investimento, que basicamente antecipa o recolhimento do Imposto de Renda.

"E essa diferença pode aumentar para 32% se formos levar em conta todos os benefícios. Então, somando come-cotas, o Imposto de Renda, o ITCMD, fora os custos com advogado, que no caso da previdência privada não tem. Então, é um combinado de elementos que pode resultar em uma diferença gigantesca", acrescenta Danilo Carrillo, especialista em previdência e seguros na Warren.

A terceira opção levantada por João Arthur Almeida, da Suno, é que a pessoa faça um seguro para que os herdeiros possam resgatar o dinheiro e utilizá-lo para os custos com transmissão de bens.

Mas os especialistas orientam que se estude as opções tanto de fundos e títulos de previdência como dos seguros. O ideal é aliar produtos com rentabilidades maiores e taxas de manutenção e de resgate menores.

Os especialistas recomendam que se faça uma pesquisa entre os produtos oferecidos, seja por bancos ou seguradoras independentes e gestoras, para tirar a melhor vantagem. Vale ressaltar que é importante que o cliente conheça todas as condições e regras desses títulos e seguros antes de investir.

* GLOSSÁRIO

Liquidez: Facilidade de converter uma aplicação em dinheiro.

Renda fixa: São aplicações que possuem critérios pré-definidos de rendimento, ou seja, quais são as formas de correção do título investido, o limite de tempo para o dinheiro ficar investido e o mínimo que precisa ser aplicado.

Renda variável: São investimentos com menor previsibilidade e que, por isso, são considerados mais arriscados. Estão mais sujeitos às oscilações do mercado, como juros, câmbio e preços de commodities. Em compensação, justamente por serem mais arriscadas, são aplicações com expectativas de maiores rendimentos.

Perfis de investidor

- Conservador: Com baixa tolerância ao risco, busca ativos mais seguros para investir, com garantias maiores de retorno, mesmo que a rentabilidade seja menor.

- Moderado: Tem uma tolerância maior ao risco, portanto, possui mais ativos arriscados em sua carteira de investimentos, embora esse tipo de investidor ainda preze por segurança e garantias de retorno.

- Arrojado: É o investidor com a maior disposição de enfrentar o risco de uma aplicação, desde que ela potencialmente traga retornos maiores. Está disposto a perder dinheiro com as oscilações de mercado se for preciso para alcançar uma maior rentabilidade em contrapartida.

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