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Como ter independência financeira começando aos 30 anos

Período marca a consolidação profissional; nessa faixa etária os adultos podem alinhar a vantagem de ter uma renda maior com o tempo para se planejar

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São Paulo

Os 30 anos marcam um período em que as pessoas aumentam seus compromissos financeiros na mesma proporção que ganham estabilidade profissional e financeira. Com uma renda maior em mãos, esse é um momento crucial para fazer escolhas.

É um período para pensar se e quando a pessoa quer constituir uma família, se os seus objetivos profissionais foram atingidos ou se quer investir mais no sucesso profissional, se dá um salto no padrão de vida ou dá um passo para trás e começa a guardar dinheiro para ter mais segurança no futuro.

Independentemente das escolhas, se a pessoa ainda não conseguiu acumular reservas, é importante parar para pensar nisso.

Calcule o que falta para sua independência financeira

Um indivíduo de 30 anos hoje em dia ainda é muito jovem, e parece que ainda tem muito tempo até a aposentadoria. De fato tem, mas justamente por isso é interessante se planejar desde já.

A analista de Alocação e Fundos da XP Investimentos, Clara Sodré, começou sua carreira na área de previdência de bancos. Ela conta que era comum aparecerem clientes aposentados que tinham uma alta renda antes, mas não fizeram um planejamento previdenciário. Ao se aposentar, essas pessoas passavam a receber um valor próximo ao teto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que ficava muito abaixo de sua renda quando estavam na ativa, e passavam a depender de empréstimos consignados para manter o padrão de vida que tinham.

"Elas voltavam a cada seis meses para refinanciar a dívida. É uma bola de neve. Por isso tem que ter esse planejamento", diz Sodré.

Assessor de investimentos da Guide, Marcio Bandeira comenta que, conforme as pessoas que chegam à casa dos 30 anos passam a ganhar mais, é comum que elevem demais o padrão de vida, acima da realidade. "São vários os casos da pessoa que trabalha muito e, para compensar a rotina cansativa, vem o tal do ‘eu mereço’, para justificar viagens e jantares caros. Só que isso vira uma bola de neve", afirma.

O especialista recomenda que os jovens dessa faixa etária pisem um pouco no freio, e baixem o padrão de vida, para conseguir poupar o necessário para o futuro.

Mulher deitada no chão olha para uma folha de papel perto de uma montanha
Os 30 anos marcam um período de consolidação profissional; nessa faixa etária os adultos podem alinhar a vantagem de ter uma renda maior com o tempo para se planejar - Catarina Pignato

E para quem já tem reservas acumuladas nessa idade, Clara Sodré aconselha uma revisão de sua carteira de investimentos (*), já que o tamanho da exposição ao risco deve ser inversamente proporcional ao tempo que ainda resta para se aposentar.

Ou seja, quanto mais alta a faixa etária e mais próximo da aposentadoria, menor deve ser a proporção de seus recursos em investimentos mais arriscados. De forma simplificada, seria o caso de reduzir a porcentagem das reservas que estavam em ações quando a pessoa estava na casa dos 20 anos de idade e aumentar a que está em títulos de renda fixa (*).

"Quanto mais se aproxima da aposentadoria, é importante revisar cada vez mais a alocação de risco e priorizar a preservação do capital. Não estou falando para tirar completamente o capital do risco nessa idade, porque isso também vai variar a quantidade de retorno. Mas o tamanho da exposição ao risco tem que ser ajustado com o tempo", comenta Sodré.

PAGAR ALUGUEL OU COMPRAR UM IMÓVEL?

Nessa fase da vida as pessoas começam a atingir uma estabilidade financeira e passam a buscar a independência na vida. É nessa hora que surge a necessidade de deixar a casa dos pais e vem a questão: pagar aluguel ou comprar um imóvel?

Há uma ideia de que aluguel é jogar dinheiro fora, enquanto ter um imóvel representa uma segurança para o futuro. Mas para Thiago Godoy, da Rico Investimentos, isso é um mito.

"A pessoa fala ‘eu não vou pagar aluguel porque é jogar dinheiro no lixo’. Mas, se você financiar um imóvel em 30 anos, você está pagando aproximadamente 60% da parcela do financiamento em juros para o banco te emprestar os outros 40% para quitar o imóvel. Então, não é uma lógica muito diferente alugar ou financiar", argumenta.

Agora, se a pessoa consegue, além de comprar um imóvel, separar uma parte de seu dinheiro para investir, com a rentabilidade das aplicações ela pode amortizar parcelas, diminuindo o tempo de financiamento e, automaticamente, os juros.

Lembrando que, como dito na primeira reportagem desta série sobre aposentadoria, os especialistas só recomendam comprar um imóvel caso a pessoa tenha uma reserva extra, e não aloque todo os seus recursos nisso. Afinal, caso surja uma emergência, ela estará com seu dinheiro engessado em um bem de baixíssima liquidez (*).

Outra alternativa levantada pelo especialista é aportar dinheiro em um fundo imobiliário (*). O investidor vai se expor ao mesmo tipo de mercado, portanto, com um risco similar, mas sem ter o dinheiro engessado em um bem imóvel.

Lembrando que não é recomendado terceirizar a gestão do patrimônio, ou seja, deixar que outra pessoa tome as decisões por você. Mesmo no caso de se investir em um fundo, com profissionais especializados para gerir o dinheiro dos clientes, é importante a pessoa ter conhecimento sobre o produto, as estratégias de investimento e as regras do fundo, para entender se estão alinhados ao seu perfil como investidor (*).

CARTEIRAS RECOMENDADAS

A Folha fez um levantamento com três corretoras sobre investimentos recomendados para aposentadoria na faixa dos 30 anos de idade. O perfil de investidor adotado foi o moderado.

Vale ressaltar que estas carteiras são apenas balizas, mas é sempre importante consultar um especialista, que irá montar um planejamento que se encaixa exatamente no seu perfil e objetivos pessoais para o futuro.

PRÓS E CONTRAS DA FAIXA ETÁRIA

Vantagens: Renda maior; ainda tem bastante tempo para poupar

Desvantagens: Aumentam as responsabilidades financeiras

* GLOSSÁRIO

Carteira de investimentos: Conjunto de todas as aplicações financeiras de uma pessoa.

Fundo imobiliário: Tipo de fundo gerido por profissionais que investem o dinheiro dos clientes apenas em empreendimentos imobiliários, como construção de shopping centers e prédios comerciais.

Liquidez: Facilidade de converter uma aplicação em dinheiro.

Renda fixa: São aplicações que possuem critérios pré-definidos de rendimento, ou seja, quais são as formas de correção do título investido, o limite de tempo para o dinheiro ficar investido e o mínimo que precisa ser aplicado.

Renda variável: São investimentos com menor previsibilidade e que, por isso, são considerados mais arriscados. Estão mais sujeitos às oscilações do mercado, como juros, câmbio e preços de commodities. Em compensação, justamente por serem mais arriscadas, são aplicações com expectativas de maiores rendimentos.

Perfis de investidor

- Conservador: Com baixa tolerância ao risco, busca ativos mais seguros para investir, com garantias maiores de retorno, mesmo que a rentabilidade seja menor.

- Moderado: Tem uma tolerância maior ao risco, portanto, possui mais ativos arriscados em sua carteira de investimentos, embora esse tipo de investidor ainda preze por segurança e garantias de retorno.

- Arrojado: É o investidor com a maior disposição de enfrentar o risco de uma aplicação, desde que ela potencialmente traga retornos maiores. Está disposto a perder dinheiro com as oscilações de mercado se for preciso para alcançar uma maior rentabilidade em contrapartida.

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