Como big techs direcionam anúncios, Pão de Açúcar embolsa R$ 790 mi com Éxito e o que importa no mercado

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São Paulo

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As big techs não nos ouvem, mas...

Já aconteceu com você de ter comentado com alguém sobre uma marca ou um desejo de compra e, logo depois, ter aparecido um anúncio exatamente sobre o que tinha falado?

Você pode ter imaginado que seu celular ou computador ouviu suas conversas, mas não foi isso que aconteceu, mostra o repórter Pedro S. Teixeira.

Entenda: além de a prática ser ilegal, ela é irrealista em termos de infraestrutura digital e dos gastos associados. Quem explica é Caio Gomes, diretor de dados da empresa de identidade digital Único:

"Se o celular registrasse tudo o que falamos, seria necessário transformar esse material em texto, separar todos os sons além do que é conversa, identificar as vozes. Isso seria feito a todo o momento, o que teria um gasto de bateria enorme".

Ainda seria preciso enviar esses arquivos para um data center, o que faria disparar o consumo de dados móveis. Todo esse trabalho teria de ser feito em 200 milhões de smartphones –para falar só do Brasil.



Então como funciona? É um esquema de tentativa e erro, mas que foi aperfeiçoado pelas big techs, as grandes vendedoras de anúncios no mundo, para tornar as propagandas cada vez mais certeiras.

Entre os dados recolhidos pelas plataformas para direcionar anúncios, estão localização, informações pessoais, financeiras e do perfil de uso das redes (o que procura, curte, comenta etc).

A prática, porém, é questionada pelas autoridades. A União Europeia multou a Meta em 390 milhões de euros no começo do ano por usar os dados de navegação dos usuários para direcionar anúncios de acordo com sua atividade online.

A big tech recorreu e disse que o modelo respeita as regras de privacidade do bloco. Agora, a empresa está considerando versões pagas do Facebook e Instagram que não teriam publicidade para usuários na União Europeia.

O que gera a impressão de que estamos sendo "ouvidos"? É psicológico, um efeito chamado por designers de "cegueira".

Estamos acostumados a ignorar uma imensa quantidade de anúncios que chega até nossos celulares, mas quando a publicidade "acerta", ela tende a ficar na memória do público-alvo e isso gera um viés de confirmação.


GPA reforça caixa com R$ 790 mi

O GPA (Grupo Pão de Açúcar) disse nesta segunda que seu conselho aprovou a venda de participação da companhia na rede varejista colombiana Éxito.

A oferta foi o Grupo Calleja, de El Salvador, que irá fazer uma OPA (oferta pública de aquisição) para comprar 100% das ações da Éxito por US$ 1,175 bilhão (R$ 5,9 bilhões).

Em números: como a participação do GPA é de 13,31% do capital da varejista colombiana, o grupo brasileiro embolsará US$ 156 milhões (R$ 790 milhões) no negócio.

  • O montante se aproxima do valor de mercado do GPA em Bolsa, que na sexta era de cerca de R$ 900 milhões. Nesta segunda, os papéis da rede brasileira fecharam em alta de 8,6%.

Quem é quem:

Éxito:
com mais de 600 unidades na Colômbia e Uruguai, foi avaliada pelo Calleja com um prêmio de 50% sobre o preço em Bolsa. A companhia tem ações nas Bolsas colombiana e americana e BDRs na Bolsa brasileira, que fecharam em alta de 32%.

Grupo Calleja: líder do setor de supermercados em El Salvador, onde opera com a marca Súper Selectos.

GPA: quarto no ranking de supermercados com maior faturamento em 2022 no Brasil, o Pão de Açúcar disse que usará a grana da venda para reduzir sua alavancagem (endividamento).

Casino: o grupo francês é o maior acionista do GPA, com 40,9%, e ficou com 34,05% das ações da Éxito na cisão de agosto. Em dificuldades financeiras, ele também se comprometeu a vender essa fatia para o Calleja, embolsando US$ 556 milhões (R$ 2,8 bi).


Sem apontar culpados, CPI quer deixar legado

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga a Americanas acabou sem apontar responsáveis pelo rombo na varejista, mas advogados afirmam que ela deixou como legado projetos de lei que podem evitar novos casos como esse.

Entenda: o relatório final da CPI foi aprovado no fim de setembro sem identificar os responsáveis pelas "inconsistências" de R$ 20 bilhões.

O relator, deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), disse que apesar de as provas indicarem a participação de ex-executivos e ex-diretores da empresa na fraude, elas não eram fortes o suficiente para chegar a uma lista de nomes.



O texto, porém, deixou quatro projetos de lei que já tramitam na Câmara:

O PL 4.705/23 é considerado o mais importante para os advogados ouvidos pela Folha. Ele cria o crime de infidelidade patrimonial, que não existe no Brasil, mas já é regulado em diversos países.

  • Ele é definido como o abuso dos poderes de administração de um patrimônio alheio, com o fim de obter vantagem mediante infração do dever de salvaguarda, causando prejuízo ao patrimônio administrado.

Dos outros três, dois são de aspectos não criminais. Um fala sobre a responsabilidade civil dos administradores, com regras para reparação de danos e devolução de bônus recebidos na ocorrência de fraudes, enquanto o outro é voltado às auditorias.

↳ Há ainda um projeto que tenta melhorar o sistema de proteção do chamado informante de boa-fé. Ele aumenta a recompensa de quem relata um crime financeiro sem estar envolvido nele.

Os bastidores da crise: um vídeo obtido pela Folha mostra o depoimento à CVM do empresário Carlos Alberto Sicupira, um dos três bilionários acionistas de referência da Americanas e o mais próximo da companhia.

  • Sicupira disse ter ficado "em choque" e "caindo para trás" quando soube das inconsistências contábeis, em ligação do então CEO Sergio Rial.

FMI: Brasil pode voltar a ser 9ª maior economia

O Brasil pode voltar para o nono lugar entre as maiores economias do mundo neste ano, de acordo com as projeções do FMI.

Em números: a organização estima que o PIB brasileiro fechará o ano em US$ 2,13 trilhões, passando por pouco o do Canadá (US$ 2,117 trilhões, nos cálculos do FMI), hoje a nona maior economia do mundo.

  • A diferença entre os dois resultados é pequena, mas caso o cálculo seja confirmado, o Brasil voltaria a ocupar uma posição que tinha antes da pandemia, em 2019.

O que explica: a melhora da perspectiva para a economia brasileira acontece após dois resultados do PIB que vieram acima do esperado.

O FMI apontou em seu relatório "uma agricultura dinâmica e serviços resilientes no primeiro semestre de 2023" como fatores que puxaram a alta surpreendente da economia brasileira.


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