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Veja como ETFs podem ajudar na diversificação dos investimentos

B3 conta com 96 fundos de índices, entre renda fixa e variável nacional e internacional

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São Paulo

A máxima para se ter sucesso nos investimentos é diversificar. Mas, para quem não é familiarizado com esse mundo e não tem tantos recursos disponíveis para aplicar, atingir esse objetivo pode ser complicado. Há, porém, um instrumento que facilita a diversificação, o ETF.

ETF é a sigla para o termo inglês Exchange-Traded Funds que, em português, significa fundos negociados em Bolsa. Eles se assemelham a fundos de investimento, mas não têm uma cesta de ativos por trás e, sim, um índice de referência, como o que acompanha a renda fixa americana ou o que segue o preço do boi gordo. São os gestores do índice que definem a estratégia de investimento e o ETF os copia. Por isso, são chamados de fundo de índice.

Painel da B3
B3, a Bolsa de Valores brasileira. ETFs são uma das formas de se investir na Bolsa. - Karime Xavier / Folhapress

"É uma forma simples de negociarmos um conjunto robusto de ativos", diz Fernanda Feijó, analista da Sicredi.

Entre os 96 ETFs de renda fixa e variável nacional e internacional que estão listados na Bolsa brasileira, os mais conhecidos e negociados do Brasil são os que seguem o Ibovespa, cuja composição é definida pela B3 a cada quatro meses. De setembro até o fim deste ano, essas são as participações das principais ações do índice:

  • Vale (14,56%)
  • Petrobras (13,21%)
  • Itaú (6,57%)
  • Bradesco (4,62%)
  • Eletrobras (4,40%)

Assim, ao comprar um ETF de Ibovespa, 14,56% do valor gasto nele será investido em ações da Vale, 13,21% em Petrobras e assim por diante. Se o Ibovespa sobe, o ETF tem a mesma valorização. Do contrário, ele tem a mesma queda.

Outra vantagem é que os ETFs são bem mais baratos do que os fundos. Com R$ 11,82, você compra uma cota do ETF BOVX11, um dos oito que replica o Ibovespa. Para montar uma carteira com todas as 83 empresas nesta mesma proporção, seria preciso gastar bem mais.

Fora que os fundos têm uma taxa de administração que gira em torno de 2% anuais, enquanto a de ETFs não passa dos 0,50% ao ano, já que se trata de um fundo com gestão passiva, ou seja, que apenas copia o índice de referência.

Já com relação ao Imposto de Renda, os ETFs de renda variável estão sujeitos à alíquota de 15% em caso de venda com lucro, independentemente do valor —diferente de ações, que são isentas em caso de ganhos até R$ 20 mil. Se for day trade (compra e venda no mesmo dia), o IR é de 20%. Para recolher o imposto, o investidor deve gerar uma guia Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais).

No caso de ETFs de renda fixa, a alíquota varia de acordo com o período em que você mantém a aplicação. Se a liquidar em até 180 dias da compra, 25% do lucro é taxado. Entre 181 dias e 720 dias, a alíquota é de 20%. Depois de 720 dias, ela é de 15%.

Outro ponto de atenção é a liquidez. A maioria deles não tem um grande volume de negociação, o que pode dificultar a sua comercialização.

"Se estou negociando essas cotas na Bolsa, tenho que ter alguém que queira comprar pelo preço que eu gostaria de vender", diz Fernanda, da Sicredi.

Até agosto deste ano, foram 50 milhões de negócios. Em 2022 como um todo, foram 92 milhões. Só que eles estão concentrados em poucos ETFs, como os atrelados ao Ibovespa, ao índice Small Cap —de companhias listadas na B3 com capitalização menor que as do Ibovespa— e ao S&P 500.

O mais negociado de todos é o BOVA11, que replica o Ibovespa, com R$ 128,6 bilhões negociados de janeiro a agosto de 2023. O similar BBOV11, por sua vez, girou apenas R$ 1,7 bilhão no mesmo período por ser menos conhecido.

Para se ter ideia, em apenas um dia de negociações na B3, ações movimentam R$ 25 bilhões. Assim, analistas afirmam que, além do ETF em si, é preciso analisar qual o seu volume de negócios.

Qual ETF comprar?

Apesar de ainda incipiente, os ETFs têm avançado rápido no Brasil. No fim de setembro, o Nubank, em parceria com a B3, lançou o primeiro deles com pagamento mensal de dividendos, o NDIV11. Ele replica o índice Ibovespa Smart Dividendos B3, com empresas que se destacam pelo volume de dividendos pagos aos acionistas. Por se tratar de um lucro distribuído via ETF, ele sofre tributação de 15% na fonte, diferente dos dividendos de ações, que são isentos.

Agora, na B3, são 83 de renda variável e 13 de renda fixa. Com a esperada queda da Selic, hoje em 12,75% ao ano, essa disparidade tende a diminuir, dizem analistas.

A maior parte desses instrumentos de renda fixa segue o desempenho dos títulos do Tesouro IPCA+. Assim, quanto maior a inflação e os juros futuros (contratos que refletem a expectativa sobre a Selic futura), mais ele tende a subir. Os juros futuros, aliás, têm o seu próprio ETF, o FIXA11, que acompanha um contrato de três anos. Há ainda ETFs de debêntures, Tesouro Selic e Tesouro prefixado.

O último é o favorito de Henrique Aguiar, gestor da Nova Futura Investimentos. "O juro pós-fixado vai seguir em queda, acompanhando a Selic", diz. A expectativa do mercado é que a taxa básica de juros vá a 9% até o fim de 2024.

Aguiar também recomenda ETFs pouco usuais, como o CORN11, que acompanha o preço do milho, e o BBOI11, que reflete o valor do boi gordo. "Há uma assimetria muito grande no mercado do boi. A cabeça foi de R$ 350 para R$ 190 recentemente, o que levou produtores a venderem abaixo do seu custo de produção", afirma o especialista.

O milho, utilizado na alimentação do gado, com produção recorde, foi um dos fatores por trás dessa desvalorização. Com ambas as commodities em baixa, Aguiar vê um potencial de valorização nesses ETFs.

Outra recomendação do gestor são os ETFs que acompanham o índice Small Cap, desvalorizado em relação ao Ibovespa.

Mas ele faz um alerta. "É preciso tomar cuidado com o que tem em cada ETF. As pessoas têm que ir atrás do detalhe de como cada um deles funciona."

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