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Bolsa ensaia melhora, mas fecha estável após discurso de Powell

Presidente do banco central americano sinaliza que novas altas de juros ainda não estão definidas

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São Paulo

Após uma sessão errática, tanto a Bolsa brasileira quanto o dólar permaneceram praticamente estáveis nesta quinta-feira (19), com um discurso de Jerome Powell, presidente do banco central americano, sendo o principal catalisador do dia.

Em evento do Clube Econômico de Nova York, Powell deu sinais mistos sobre o futuro da política de juros americana. Por um lado, disse que a força da economia dos EUA poderia justificar uma nova alta de juros no país. Por outro, afirmou que o Fed está avaliando com cuidado a necessidade de um novo aumento nas taxas neste ano.

Além disso, o presidente do banco central americano afirmou que a recente alta dos títulos americanos, causada justamente por temores sobre um novo aumento de juros, pode ter tornado as condições monetárias mais restritivas, diminuindo a necessidade de um aperto ainda maior pelo Fed.

Num primeiro momento, o discurso foi bem recebido pelo mercado, e o Ibovespa chegou a renovar sua máxima do dia, atingindo os 115 mil pontos. Ao longo da tarde, porém, o otimismo perdeu fôlego, e o índice voltou ao zero a zero.

Nesse cenário, o Ibovespa fechou aos 114.004 pontos, enquanto o dólar terminou o dia cotado a R$ 5,052.

Notas de dólar - Dado Ruvic - 17-Jul-2022/Reuters

Para Sávio Barbosa, economista-chefe da Kínitro Capital, a fala de Powell foi neutra.

"Ele [Powell] sinalizou que a taxa de juros não deve subir em novembro, mas deixou a possibilidade de um novo aumento de juros em dezembro em aberto. Acreditamos que o Fed elevará as taxas mais uma vez em dezembro e manterá esse nível por um período prolongado", diz Barbosa.

Já Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, diz que está mais difícil prever se haverá ou não um novo aumento de juros na próxima reunião do Fed.

"Arriscaria dizer que, se a reunião fosse hoje, a probabilidade de manutenção seria maior. Mas há muita coisa para acontecer, particularmente com relação aos desdobramentos da guerra no Oriente Médio. Se ficar claro que a oferta de petróleo vai sofrer de forma expressiva, pode haver maior pressão para mais uma elevação", afirma Igliori.

Na visão de Adriano Yamamoto, diretor comercial da corretora do C6 Bank, o mercado continua bastante sensível em razão de incertezas relacionadas particularmente à política monetária norte-americana e ao ritmo da economia chinesa, mas agora também aos riscos atrelados ao conflito entre Israel e o Hamas.

Ele chamou a atenção também para a menor liquidez no mercado nas últimas semanas como um sinal de receio dos agentes financeiros, que cada vez mais devem tomar suas decisões de alocação olhando para o mercado internacional.

Após a fala de Powell, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano continuaram a trajetória de alta e chegaram a bater os 5%, rondando seus maiores patamares em 17 anos. Os títulos de dez anos saíram de 4,91% para 4,99% nesta quinta.

Com o cenário de incerteza e a escalada dos treasuries, os índices de ações dos Estados Unidos fecharam o dia em queda significativa. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq caíram 0,85%, 0,75% e 0,96%, respectivamente.

Na Bolsa brasileira, as empresas do setor elétrico foram o destaque positivo e lideravam as altas, após sinalizações do relator da Reforma Tributária no Senado de que o setor pode ficar de fora da cobrança do novo Imposto Seletivo. A informação foi antecipada pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Energisa, Copel e Equatorial subiram 3,25%, 2,47% e 2,83%, respectivamente.

No caso da Copel, a companhia anunciou na véspera que seu programa de demissão voluntária (PDV) teve 1.437 adesões efetivadas, com custo estimado de R$ 610 milhões referentes a indenizações e despesas adicionais. A medida, porém, deve representar economia anual de R$ 428 milhões.

Na ponta negativa, Petrobras e Vale, as maiores empresas da Bolsa, caíram 0,57% e 1,46%, respectivamente.

Com Reuters

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