Descrição de chapéu Banco Central

Economistas elogiam escolha 'técnica' de novos diretores do Banco Central

Especialistas apontam Picchetti como aberto ao diálogo, além de avaliarem presença de Teixeira como um reconhecimento

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São Paulo

A escolha do professor de economia Paulo Picchetti e do servidor Rodrigo Alves Teixeira para as duas cadeiras que ficarão vagas na diretoria do Banco Central na virada do ano foi elogiada por economistas ouvidos pela Folha.

Eles dizem considerar Picchetti um nome "técnico" e "aberto ao diálogo", e apontam a escolha de Teixeira como um sinal de reconhecimento aos servidores da instituição.

Paulo Picchetti, Rodrigo Teixeira e Fernando Haddad participam de entrevista coletiva
Picchetti (à esq.) e Teixeira (centro) são anunciados por Haddad - Gabriela Biló/Folhapress

Eles também dizem esperar uma visão responsável do manejo dos juros, por se tratar de um nome que conhece a dinâmica da inflação.

Picchetti vai substituir Fernanda Guardado (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos) e Teixeira entrará no lugar de Mauricio Moura (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta), cujos mandatos terminam no dia 31 de dezembro.

Após a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o anúncio foi feito pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) em entrevista a jornalistas na manhã desta segunda-feira (30), em Brasília. Ambos os escolhidos estavam ao lado de Haddad na coletiva, mas não se pronunciaram a pedido do ministro.

Para o pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) Armando Castelar, Picchetti é ótimo economista, que "tem tudo para fazer um grande trabalho no Banco Central".

A economista Zeina Latif, ex-secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, também elogiou a escolha e diz considerar Picchetti bem formado e experiente. "Vai agregar bastante."

Com a saída de Guardado, Carolina de Assis Barros será a única mulher na cúpula do BC. Segundo Latif, por mais que a diversidade seja importante e traga ganhos, no caso do comitê, o impacto é menor, "pela natureza do trabalho, que é muito técnico e depende menos de leitura de mundo".

Para Ana Carla Abrão Costa, executiva de Novos Negócios da B3 e ex-secretária da Fazenda de Goiás, Picchetti é uma excelente escolha.

"Grande econometrista, com visão privilegiada e profunda dos temas econômicos. Após formar uma geração de economistas que passaram pela FEA/USP nos últimos anos —tive a alegria de ser sua aluna no doutorado—, certamente dará grande contribuição ao Brasil."

Ela acrescenta que é preciso levantar a bandeira de mais mulheres na diretoria para as próximas indicações. "Dependemos fundamentalmente por um lado de uma decisão explícita do governo de aumentar a representatividade e da disponibilidade desses quadros."

Sobre Rodrigo Alves Teixeira, por se tratar de um quadro de carreira do BC, Costa avalia que se trata de uma escolha segura. "Os quadros são diferenciados, do ponto de vista técnico e de compromisso com o propósito e a missão da instituição, e isso valoriza e reconhece os servidores."

Por meio de seus perfis no X (antigo Twitter), economistas também avaliaram positivamente as indicações.

O professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e colunista da Folha André Roncaglia se disse satisfeito com a indicação de um funcionário de carreira, no caso de Teixeira, e de um acadêmico "renomado e aberto ao diálogo", ao falar de Picchetti.

"O Copom ganha dois economistas sensíveis às demandas sociais e com habilidade para lidar com a desafiadora conjuntura internacional e com os efeitos distributivos da política monetária", segue o professor.

"O anúncio da indicação do professor Paulo Picchetti para o Banco Central é muito positivo. Um acadêmico extremamente respeitado, com vasta experiência em inflação e construção de índices de preços", avalia Felipe Salto, economista-chefe e sócio da Warren Brasil e ex-secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo.

Já Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-diretor do Banco Central e ex-ministro das Comunicações, avalia que Paulo Picchetti é uma boa escolha, por conhecer a dinâmica da inflação no Brasil e não foi "criado no 'metaverso' da Faria Lima".

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