Descrição de chapéu Santander Banco Central

Importante é o crescimento, o fiscal se ajusta, diz Ana Botín

Em comentário sobre fala de Lula, presidente global do Santander diz que atividade econômica eleva receitas e equilibra contas

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Madri

O crescimento econômico é mais importante que o ajuste fiscal, diz Ana Botín, presidente do grupo Santander, em resposta às últimas declarações do presidente Lula, de que a meta fiscal de 2024 não precisa ser zero, como diz o arcabouço, e que esse resultado dificilmente será atingido porque, inclusive, não quer realizar cortes em investimentos e obras no ano que vem.

"O mais importante é que voltemos a crescer. As contas fiscais vão se equilibrar se formos capazes de crescer", disse Ana Botín, em entrevista a jornalistas em Madri.

Ana fala atrás de um púlpito, com o logo do Santander. Ela veste um terno preto, camiseta rosa e um lenço branco ao redor do pescoço
Ana Botín, presidente global do banco Santander; a executiva se diz otimista com a economia brasileira e projeta uma alta de 3% para o PIB de 2023 - Divulgação

Para a executiva, como o Brasil foi um dos primeiros países do mundo que subiu os juros para conter a inflação, vai colher um crescimento acima da média global este ano. Ela projeta uma alta de 3% no PIB (Produto Interno Bruto) de 2023.

"Nós estamos muito otimistas com a América Latina. Hoje, vemos [a região] de uma maneira realmente atrativa e há países como Brasil, que, com a queda de juros, abaixa o custo da dívida interna e isso ajuda muito as contas fiscais", disse a presidente do Santander.

"Podemos ter um cenário em que o Brasil entre em um ciclo virtuoso como o que não tivemos nos últimos anos. Com uma moeda sólida, com juros intermediários e também com um espaço fiscal suficiente para simplificar seus sistemas monetários e poder investir mais em políticas de igualdade, capital, mão de obra e infraestrutura", completou Ana Botín.

Na sexta-feira (27), Lula afirmou que a meta fiscal do ano que vem não precisa ser zero, declaração que contraria o que era uma das principais bandeiras do ministro Fernando Haddad (Fazenda), que vinha resistindo ao ceticismo crescente —inclusive dentro do governo— acerca da eliminação do déficit das contas públicas em 2024.

Após a declaração, houve ampliação da incerteza fiscal sobre a meta das contas públicas, o que fez o mercado financeiro ver espaço limitado para a queda dos juros durante o atual ciclo de cortes da taxa básica (Selic).

Além da incerteza fiscal, economistas veem o cenário externo como desfavorável. No curto prazo, os economistas apostam que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central não deve alterar sua estratégia. Há consenso de que será feito, na próxima quarta-feira (1º), um novo corte de 0,5 ponto percentual, o que levaria a Selic para 12,25% ao ano.

Na mesma quarta, o Fed deve decidir sobre os juros americanos. As expectativas são de manutenção do patamar atual, de 5,25% a 5,50% ao ano, e o foco deve ser indicações do Fed sobre quais os rumos futuros.

Na avaliação de Botín, os juros altos nos Estados Unidos podem colocar a trajetória do Brasil em risco. "Se os EUA baixarem [os juros] mais lentamente, o Brasil terá que fazer o mesmo. Mas o Brasil tem muito mais conteúdo inflacionário do que outros países", afirma a banqueira.

"O Brasil é uma economia que tem uma oportunidade enorme de se abrir mais para o mundo. E, portanto, se afeta menos que países como México e Chile com o que acontece fora. Tem uma matriz energética mais de 80% renovável, o que é uma enorme vantagem competitiva no mundo de hoje", disse Botín.

Ela ainda afirmou que o desenvolvimento de ferramentas digitais, como o Pix e o Open Finance. "Todas essas são melhorias na produtividade que proporcionam crescimento. Não dá para ver só a parte fiscal isolada, que para mim a confiança vem dos freios e contrapesos que o país tem".

A jornalista viajou a convite do Santander do Brasil

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