Emprego atinge níveis recordes em economias avançadas

Mercados de trabalho permanecem fortes apesar da alta inflação e aumento das taxas de juros, mostram dados da OCDE

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Delphine Strauss
Londres | Financial Times

O emprego atingiu um recorde histórico nas economias desenvolvidas no segundo trimestre, apesar das crescentes pressões da alta inflação e das taxas de juros em alta, de acordo com dados publicados nesta quinta-feira (12).

A parcela da população em idade ativa empregada nos 38 países membros da OCDE ultrapassou 70% pela primeira vez desde 2005, disse a organização sediada em Paris. Isso refletiu recordes em mais de dois terços dos países, bem como na União Europeia (UE) e na zona do euro como um todo.

Dois colegas de trabalho sentados em frente ao laptop e olhando para uma jovem colega com braço mioelétrico durante a discussão de ideias.
Dois colegas de trabalho sentados em frente ao laptop e olhando para uma jovem colega com braço mioelétrico durante a discussão de ideias - Anna Stills/Adobe Stock

A participação da força de trabalho também atingiu seu nível mais alto desde 2008, tanto entre homens quanto mulheres, com 73,7% da população em idade ativa trabalhando ou procurando trabalho. Mesmo a Itália - que tem a menor parcela de mulheres trabalhando na UE —registrou seu melhor desempenho em ambas as medidas, assim como a França, Alemanha e Japão.

Os economistas oferecem várias explicações para a persistente força dos mercados de trabalho, mesmo com o enfraquecimento do cenário econômico: envelhecimento da população e mudanças no estilo de vida que levaram a escassez de mão de obra; uma onda de contratações no setor público impulsionada pela pandemia; e esforços concertados em países como a França para enfrentar problemas de longa data com o desemprego juvenil por meio de programas de treinamento subsidiados.

O desemprego começou a aumentar em alguns países, incluindo os EUA e o Reino Unido, desde o meio do ano. O desemprego entre os jovens do sexo masculino - muitas vezes um indicador precoce de uma queda mais ampla no mercado de trabalho —também aumentou ligeiramente. Mas a taxa geral permaneceu em uma mínima histórica em agosto em toda a OCDE, UE e zona do euro.

"A resiliência continua sendo o nome do jogo no mercado de trabalho, diante da desaceleração da atividade do mercado de trabalho", disse Melanie Debono, da consultoria Pantheon Macroeconomics, em uma nota publicada na semana passada após os últimos dados da zona do euro pintarem um quadro semelhante.

A força do mercado de trabalho levantou esperanças de que os bancos centrais possam controlar a alta inflação sem as ondas dolorosas de perda de empregos que acompanharam períodos anteriores de aperto rápido na política monetária.

Mas também permitiu que os trabalhadores pressionassem por um maior crescimento salarial, especialmente em países como o Reino Unido, onde a participação da força de trabalho ainda está bem abaixo dos picos anteriores. Os bancos centrais temem que isso possa alimentar a alta inflação e forçá-los a manter as taxas de juros altas por mais tempo.

Embora as demissões estejam se tornando mais generalizadas e o crescimento salarial esteja desacelerando, "a impressão geral é de um retorno à normalidade após uma recuperação pós-pandemia excessivamente exuberante, em vez de uma desaceleração significativa", disse Tamara Basic Vasiljev, da consultoria Oxford Economics. "Isso pode tornar necessárias taxas de juros mais altas por mais tempo."

"A alta inflação e a pressão resultante sobre as finanças das famílias provavelmente são um fator que impulsiona o aumento da participação da força de trabalho", disse Annabelle Mourougane, chefe de Estatísticas de Comércio e Produtividade da OCDE.

Mourougane acrescentou que outras tendências, desde o aumento das incertezas econômicas e reformas previdenciárias até os ganhos na formação educacional e o aumento das taxas de participação feminina, também podem estar desempenhando um papel.

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