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Dois anos após chegar ao Brasil, fintech alemã N26 anuncia saída do país

Empresa tinha fila de espera de clientes, mas vai priorizar operação europeia

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São Paulo

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Alemã N26 deixa o Brasil

A fintech alemã N26, que chegou ao Brasil em 2021 em período de testes, anunciou nesta terça (7) sua saída definitiva do país.

Em nota, a empresa justificou a decisão como parte da estratégia de focar seus esforços nos mercados europeus onde atua.

Ela afirmou que o aplicativo vai funcionar normalmente até o dia 7 de dezembro. Após essa data, as funcionalidades serão limitadas para pagamento das parcelas de cartão de crédito e Pix.

Não foi só aqui: em 2021 a fintech já havia deixado o mercado americano, onde tinha cerca de 500 mil clientes. O motivo citado também foi o de priorizar as operações europeias.

Cartão do banco alemão N26
Cartão do banco alemão N26 - Divulgação


Passagem relâmpago: a alemã N26 desembarcou no país em meio à popularização dos bancos digitais e em um momento de "dinheiro infinito" de investidores para empresas de tecnologia.

  • No início foram selecionados 2.000 interessados para participar de um piloto do app, que acabou nunca sendo lançado para o público brasileiro em geral.

Sobre a estratégia da startup de "testar a água" no mercado brasileiro, o executivo disse naquele momento que a decisão tinha como foco o longo prazo da operação nacional.

"Apesar de dar dois passos para trás em relação a se lançar no mercado, a gente dá 20 passos para frente na questão de customização e velocidade. Essa foi uma aposta muito de longo prazo, mostrando que queremos estar aqui de verdade", afirmou em março.

A empresa ingressou no concorrido mercado financeiro brasileiro mirando o público jovem e com uma estratégia de "fincare", termo para designar o cuidado com as finanças dos usuários.

Além dos serviços habituais de uma conta bancária digital, ela também disponibilizava espaços em que o cliente poderia depositar o dinheiro para determinado objetivo (viagem, compra de carro…). Os recursos rendiam 100% do CDI.

Entre os dois anos da chegada e da saída da N26 no Brasil, o cenário para investimentos em empresas novatas de tecnologia mudou totalmente.

  • A alta de juros deixou o dinheiro mais caro, e os investidores passaram a exigir das startups geração de caixa e corte de custos.

De US$ 47 bi para US$ 44 mi

Quatro anos após ter sido considerada a startup mais valiosa dos EUA, com valor de mercado de US$ 47 bilhões, a WeWork entrou nesta segunda (6) no Capítulo 11 da Lei de Falências americana.

O processo é semelhante a um pedido de recuperação judicial aqui no Brasil.

Os efeitos do pedido: caso seja aceito, permite que a empresa encerre contratos de aluguel de forma antecipada sem pagar todas as multas previstas no contrato.

De acordo com o balanço da empresa do segundo trimestre, ela estava pagando US$ 2,7 bilhões (R$ 13,1 bi) por ano em aluguéis e juros, quase 80% de tudo o que entrava como receita.

Além de informar o pedido de RJ, a WeWork disse ter chegado a um acordo com quase todos os seus credores para converter US$ 3 bilhões (R$ 14,6 bilhões) de dívidas em participação acionária na empresa reorganizada.


Como a sensação de Wall Street virou uma empresa de US$ 44 milhões:

  • Fundada em 2010, a empresa foi mais uma a ter encantado investidores com a promessa de usar tecnologia para revolucionar um setor monótono –nesse caso, as lajes corporativas.
  • A partir dos caríssimos aluguéis nos grandes centros, a estratégia era alugar prédios inteiros e sublocar mesas ou salas para quem não podia pagar um espaço só seu.
  • As coisas começaram a desandar em 2019, quando a startup entrou com pedido de IPO e teve que expor ao mercado os detalhes de sua contabilidade.
  • Tudo era baseado em expectativas futuras, enquanto no presente o prejuízo vinha crescendo.
  • Para piorar, surgiram problemas de governança envolvendo o CEO e cofundador Adam Neumann. Ele foi acusado de discriminar e assediar moralmente contra funcionários.

Já sem Neuman, a empresa apoiada pelo fundo japonês Softbank estreou na Bolsa em 2021, com bem menos entusiasmo e tentando se restabelecer do baque dos escritórios fechados durante a pandemia.

Mas com longos contratos de aluguéis fechados em 2018 e 2019, quando os preços estavam muito mais altos, a empresa teve dificuldade para se adaptar aos novos modelos de trabalho a distância.


Produção de vinho despenca

A produção mundial de vinho deve atingir neste ano o nível mais baixo em seis décadas.

  • Uma estimativa da OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho) projeta queda de 7% do volume global em relação ao ano passado.
  • No Brasil, o tombo deve ser de 30%.

O que explica: uma sequência de eventos climáticos extremos que atingiu grandes regiões produtoras.

  • Em alguns locais, como no Chile, país que é o maior produtor do hemisfério sul, os problemas foram os incêndios florestais e as secas.
  • Já na Itália, vice-líder em produção global, as videiras foram afetadas pelas fortes chuvas.

Em números: a produção global deve encerrar o ano entre 241,7 milhões e 246,6 milhões de hectolitros (mhl), com uma estimativa intermediária de 244,1 mhl.

  • O resultado esperado é o menor desde 1961, quando caiu para 214 mhl, informou a OIV.
  • Um hectolitro é o equivalente a 133 garrafas de vinho padrão.
  • Com uma produção estável, a França deve passar a Itália (-12%) na liderança global. A Espanha (-14%) deve fechar o top 3.

Reforma deve ser votada hoje no Senado

A Reforma Tributária avançou mais uma etapa no Senado com a aprovação da proposta na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) por 20 votos a 6.

O texto está previsto para ser votado hoje (8) no plenário.


As mudanças: o relator Eduardo Braga (MDB-AM) fez algumas alterações no texto em relação à versão apresentada há duas semanas.

  • Braga também incluiu um cashback (devolução de tributo pago) obrigatório para famílias de baixa renda na aquisição do gás de botijão. Na primeira versão, o reembolso já existia para a conta de luz.
  • O relator ainda ampliou o escopo da prorrogação de benefícios fiscais a montadoras do Nordeste, Norte e Centro-Oeste para contemplar também automóveis flex

O governo avaliou essas mudanças no texto como ajustes pontuais, que não alteram a espinha dorsal da PEC.

Chamou a atenção na votação uma menor resistência à reforma, inclusive de parlamentares que vinham fazendo oposição mais forte durante as audiências públicas, escreve Eduardo Cucolo no blog Que Imposto É Esse.

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