Lira pode levar Reforma Tributária a plenário logo após feriado

Entenda próximos passos da proposta, que volta à Câmara e pode ser apensada a outra por celeridade

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Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pode levar a Reforma Tributária para votação no plenário logo após o feriado de 15 de novembro. Aprovada pelo Senado em primeiro e segundo turnos, o texto precisa voltar à Casa por ter sofrido modificações.

Na semana que vem, a Câmara não terá sessões por causa do dia da Proclamação da República —que cai na quarta-feira (15). Mas a Casa deve retomar os trabalhos na semana seguinte, possivelmente já com as votações.

Lira durante votação da Reforma Tributária, na primeira passagem pelo plenário da Câmara, em julho
Lira durante votação da Reforma Tributária, na primeira passagem pelo plenário da Câmara, em julho - Gabriela Biló/06.jul.23-Folhapress

Lira, que disse a jornalistas nesta semana que o texto pode ser votado "a qualquer momento" após o feriado, tem mostrado interesse em uma promulgação ainda neste ano.

O parlamentar tem se colocado como uma espécie de fiador da matéria, uma das prioridades defendidas pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).

A expectativa de líderes e deputados ouvidos pela Folha é a de que o texto possa mesmo ser promulgado neste ano, ainda que com um prazo apertado até o recesso parlamentar —em meados de dezembro.

Entre os principais argumentos estão o fato de a matéria já ter sido discutida com profundidade na Câmara, a visão de que os deputados concordam com a necessidade de o Brasil atualizar o sistema tributário, além do empenho que Lira dará na condução da matéria. Segundo eles, há um bom clima na Casa.

Membros do PL, por outro lado, dizem olhar com ceticismo a possibilidade de concluir a apreciação da proposta em 2023.

"Entendo não termos no cronograma tempo suficiente para votar neste ano. Temos de votar no ano que vem", disse o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

À Folha o relator do texto na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou que irá aguardar decisão de Lira sobre o calendário a ser seguido.

"Vou aguardar que o texto chegue à Câmara. O presidente Arthur vai determinar junto aos líderes o calendário para que a gente possa fazer a avaliação das mudanças. Minha crença pessoal é que concluímos a promulgação neste ano", disse.

Em evento promovido pelo Itaú, Ribeiro ainda afirmou não gostar da expressão "fatiamento" porque remete a "steak house" (churrascaria) e picanha.

"A ideia de quando se falar de fatiamento é que você não termina a Reforma, parece que não terminei, parte aprovo e parte continuo discutindo. A ideia não é essa, nenhuma das duas Casas quer isso, o país não quer. Queremos entregar um comando constitucional para, no ano que vem, passarmos a discutir a regulação disso através das leis complementares", afirmou.

De qualquer forma, ele disse durante o evento que falou com Lira pela manhã e que a ideia era fazer a avaliação rapidamente, assim que o texto chegar à Câmara, para decidir a estratégia regimental.

Na Câmara, a tramitação da PEC (proposta de emenda à Constituição) pode seguir ao menos dois caminhos. De acordo com técnicos da Casa, o rito tradicional seria uma nova discussão na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) seguida de debates em comissão especial.

Alternativamente, a proposta pode ter um rito mais célere e seguir direto para o plenário. Nesse caso, seria preciso apensar o texto em outra PEC que trate do mesmo tema e que já estaria pronta para ser discutida em plenário.

De acordo com Lira, a Câmara deve direcionar o debate apenas para a parte da PEC que teve alterações por parte dos senadores —o que contribuirá para agilizar os trabalhos.

"O texto comum a gente não discute. A gente discute o que for alterado", afirmou.

Para o presidente da Casa, a parte que for de comum acordo entre as Casas pode até mesmo ser promulgada diretamente — ficando o restante para uma discussão mais prolongada. Mas ele ressaltou que ainda não havia debatido a ideia com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

De acordo com técnicos do Congresso, é possível fazer uma promulgação parcial da PEC e deixar a discussão de outros pontos para posteriormente.

Parlamentares ouvidos pela reportagem se dividem sobre a possibilidade de realizar uma promulgação parcial. De um lado, deputados avaliam que ela seria benéfica porque é necessário dar celeridade à conclusão da votação.

De outro, parlamentares temem que a possibilidade leve a novos adiamentos. Eles dizem que é necessário aproveitar o bom clima na Casa pela aprovação da matéria o quanto antes.

O relator da Reforma Tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), vem mostrando resistência em relação ao assunto. Já na terça-feira (7), disse que o texto é complexo, e é preciso compreender até onde haverá concordância nas duas Casas para saber se o sistema como um todo fica de pé.

"Espero que o presidente Rodrigo Pacheco verifique que o sistema tributário é um sistema bastante complexo. Um fatiamento vai depender muito do tamanho do consenso que acontecer, sob pena de nós termos uma inviabilidade da aplicação", afirmou Braga.

O ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) não descartou nesta quinta a possibilidade de um fatiamento e disse que é necessário avaliar o ambiente da Câmara dos Deputados em relação às modificações feitas pelos senadores para, depois, analisar como será a tramitação da proposta no plenário da Casa.

Segundo Padilha, a possibilidade de fatiar "sempre existiu e já foi feita em outros momentos".

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