Lula fala em investimentos cruzados da Petrobras e Arábia Saudita para produzir fertilizantes

Presidente disse ainda que país árabe precisa ajudar a fortalecer banco dos Brics e que é possível sonhar com balança comercial de US$ 1 trilhão em 2030

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou, nesta quarta-feira (29) na possibilidade de investimentos cruzados entre a Petrobras e Arábia Saudita para a produção de fertilizantes.

O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo (atrás de China, Índia e Estados Unidos) e o maior importador mundial desses insumos, que são cruciais para o agronegócio. Como a Rússia é um dos maiores exportadores de fertilizantes, a guerra na região jogou insegurança no mundo sobre isso.

A fala de Lula ocorreu durante mesa redonda promovida pela Apex com empresários na Arábia Saudita. Ele chegou na terça-feira (28) no país para um giro no Oriente Médio, atrás de parcerias e investimentos, que terminará na COP28 em Dubai, conferência das Nações Unidas para mudanças climáticas.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a sessão de encerramento da Mesa Redonda Brasil-Arábia Saudita, no Hotel Ritz-Carlton. Riade
Presidente Lula (PT), durante a sessão de encerramento da mesa redonda Brasil-Arábia Saudita, no Hotel Ritz-Carlton. - Ricardo Stuckert/Presidência da República

"Essa reunião é apenas a primeira, temos obrigação no ano que vem de fazermos dezenas de reuniões, de viagens. Que nossos empresários viajem para a Arábia Saudita e discutam com os empresários, por exemplo, a gente poderia fazer investimentos cruzados entre a nossa Petrobras e empresas da Arábia Saudita para produzir fertilizantes e dar uma garantia ao mundo com a incerteza criada entre a guerra da Rússia e da Ucrânia", disse Lula.

O presidente também fez uma fala crítica a guerras no mundo, utilizando fórmulas que ele costuma usar, sobre como é menos caro e mais humano perder horas em mesas de negociação do que partir para guerra.

"É nesse aspecto que a nossa visita se torna importante. Vocês sabem que o Brasil não é um país apenas do futebol, vocês sabem que o Brasil não é apenas de carnaval, vocês sabem que nosso país tem boa base intelectual, científica, tecnológica, sistema financeiro sólido entres bancos privados, de investimento, varejo e cinco grandes bancos públicos", disse o chefe do Executivo, emendando que quer acordos para gerar desenvolvimento no Brasil, mas também na Arábia Saudita.

Lula disse ainda ser possível "sonhar" com balança comercial de US$ 1 trilhão em 2030, de acordo com "a capacidade de trabalho" do país.

Ele disse também que a entrada da Arábia Saudita nos Brics, neste ano, é para fortalecer o banco do grupo, o NDB (New Development Bank), como forma de ajudar desenvolvimento de países mais pobres com sem taxa de juros "escorchantes".

"Inclusive, disse ao príncipe herdeiro que a entrada da Arábia Saudita nos Brics leva em conta que a Arábia Saudita precisa ajudar a fortalecer o banco dos Brics para que a gente possa mudar a faceta dos bancos multilaterais, para que eles possam tratar de financiar o desenvolvimento dos países mais pobres sem taxas de juros escorchantes que termina por matar qualquer possibilidade de investimento dos países", afirmou.

O xeique Mohammed bin Salman também participou da mesa da Apex ao lado de Lula. Na véspera, quando Lula chegou ao país, eles tiveram reuniões ampliada e reservada também. Ele ficou conhecido por ter dado joias ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lula embarca para Doha nesta quarta, onde participará de fórum com empresários e de um encontro com o emir Tamim bin Hamad al-Thani. De lá, parte para a COP28.

Após a conferência do clima, Lula vai para a Alemanha no dia 3 de dezembro. Ele jantará com o premiê Olaf Scholz e, no dia seguinte, o presidente brasileiro terá uma bilateral com seu homólogo alemão, Frank-Walter Steinmeier, após nova reunião de trabalho com Scholz.

Deve haver assinatura de declaração conjunta e acordos. Há ainda a previsão de reunião com empresários e parlamentares.

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