Os próximos passos da Americanas, governo diz que vai manter déficit zero e o que importa no mercado

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São Paulo

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Americanas tira esqueletos do armário

Depois de ter adiado a apresentação de seus resultados por quatro vezes, a Americanas divulgou nesta quinta o balanço de 2022.

O saldo dos esqueletos que agora foram retirados do armário é um prejuízo de R$ 12,9 bilhões no período, mais que o dobro do ano anterior –R$ 6,2 bilhões, resultado que também foi revisado pela companhia.

Em números: as operações da empresa queimaram R$ 6,1 bilhões de caixa em 2022. O resultado é indicado pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que mede o fluxo de caixa.

A crise da Americanas estourou no começo deste ano, quando Sergio Rial, que havia acabado de assumir como CEO da companhia, renunciou ao cargo afirmando ter encontrado "inconsistências contábeis" de cerca de R$ 20 bilhões.

  • Desde então, a varejista entrou em recuperação judicial, com dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões, e acusa a antiga gestão, chefiada por Miguel Gutierrez, de ter cometido fraude na empresa.
  • O executivo que ficou por 20 anos no comando da companhia nega a participação em uma fraude e afirma que a empresa quer proteger seus acionistas de referência e membros do conselho de administração.

Próximos passos da varejista:

↳ Na recuperação judicial:

  • Os bancos credores, que detêm a maior parte da dívida da companhia, esperavam a divulgação do balanço para ir adiante com o acordo do plano de recuperação judicial.
  • Com essas cifras e a compra antecipada de outras dívidas com um desconto de pelo menos 70%, a empresa quer "limpar" seu patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões.

↳ No dia a dia:

  • A Americanas quer começar a gerar caixa, ou seja, registrar um Ebitda positivo, a partir de 2025. Para isso, ela voltará seu foco para o que atrai consumidores a suas lojas físicas, como guloseimas, limpeza e brinquedos.
  • Os itens de maior valor agregado, como linha branca, notebook e smartphones, serão comercializados em seu site a partir de vendedores terceiros ("sellers"), operação em que a varejista fica com uma comissão.

Governo diz que vai manter meta como está

O governo Lula (PT) disse nesta quinta que vai manter a meta fiscal zerada para o ano que vem, como havia estipulado o ministro Fernando Haddad (Fazenda).

A declaração do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) confirmando que o objetivo não será alterado vem em meio a um ceticismo do mercado e do próprio presidente.

Lula falou há algumas semanas que a meta não precisava ser zero, o que derrubou a Bolsa e fez o dólar disparar.

A divisão no governo

↳ A equipe econômica
bateu o pé em deixar a meta zero para manter o Congresso engajado nas pautas arrecadatórias do governo que tramitam por lá. O Orçamento prevê R$ 168,5 bilhões em receitas extras para alcançar o déficit zero.

A equipe política, chefiada pelo ministro Rui Costa (Casa Civil), era quem defendia um déficit de até 0,5% do PIB para o próximo ano, para que houvesse verbas para programas considerados prioritários para o governo, como as obras do Novo PAC.

Entenda: o arcabouço fiscal prevê uma margem de tolerância de 0,25 ponto, para mais ou para menos, sobre a meta fiscal estipulada a cada ano.

  • Em caso de estouro do limite para o lado negativo, são acionadas medidas de contenção de gastos, como proibição de concursos públicos e de aumentos para servidores.

Sim, mas… A definição atual por uma meta zerada não descarta uma rediscussão sobre o tema no ano que vem.

Uma ala do governo avalia que em março, quando sai o primeiro relatório de avaliação de receitas e despesas de 2024, a constatação de que será necessário contingenciar despesas forçará um novo debate para afrouxar a meta fiscal.

O Executivo também discute uma manobra jurídica para limitar o contingenciamento em 2024.

Opinião: Vai levar um tempo para consertar o estrago feito pela hipótese de cancelar o déficit zero, mas decisão é uma boa notícia, escreve Vinicius Torres Freire.



Para ler

Das icônicas tulipas holandesas do século 17 até o contemporâneo escândalo da Americanas, o livro destrincha o processo de formação das bolhas especulativas, passando pela euforia gerada nos mercados e até chegar aos prejuízos deixados pelo seu estouro.

Um de seus autores, Teixeira da Costa foi primeiro presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), entidade que é o xerife do mercado de capitais.

O órgão foi criado justamente a partir de uma crise icônica do mercado financeiro brasileiro, o "boom de 1971".

  • Ele foi gerado na época por medidas de incentivo da ditadura militar ao mercado de capitais, gerando uma forte onda especulativa do final de 1970 até o meio de 1971.
  • Esse cenário gerou uma chuva de IPOs (oferta iniciais de ações) de empresas que mal ficavam em pé financeiramente, algo que alertou investidores mais experientes.
  • Eles então começaram a realizar lucros, e os novatos, que entraram atrasados nessa onda, viram seu dinheiro virar pó.

A reconstituição histórica autoral das crises, com comentários e bastidores, dá vida nova até a fatos conhecidos, escreve a repórter Alexa Salomão sobre o livro.

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