Gestor de 'A Grande Aposta' investe contra chips, o impacto do calor na inflação e o que importa no mercado

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São Paulo

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Gestor que antecipou crise de 2008 tem novo alvo

O gestor americano Michael Burry, famoso por ter "previsto" a crise imobiliária americana de 2008 e retratado no filme "A Grande Aposta", investiu na queda das ações das empresas de chips semicondutores.

É o que mostram os documentos regulatórios sobre a posição de seu fundo Scion Asset Management no final de setembro.

Entenda: os relatórios mostram que o fundo de Burry comprou opções de venda de um ETF (fundo de índice) que acompanha ações de fabricantes de chips.

O papel sobe 45% no ano, na esteira de resultados como o da Nvidia, que viu suas receitas dispararem com a demanda por chips de IA (inteligência artificial) e hoje vale US$ 1,2 trilhão (R$ 5,8 tri).

As posições vendidas garantem o direito de vender ações a um preço fixo no futuro. Na prática, o investidor aposta que os papéis vão cair no período estipulado, o que expressa uma visão pessimista sobre eles.

O valor nominal declarado pelo fundo sobre essa posição é de US$ 47,4 milhões, mas, como lembra a Bloomberg, ele reflete o preço dos papéis do ETF, e não o das opções –que é bem menor.

Os documentos regulatórios também mostram que Burry encerrou sua posição que apostava contra o principal índice americano (S&P 500) e o de grandes empresas de tecnologia (Nasdaq).

A posição havia sido montada em algum momento durante o segundo trimestre e foi desfeita no trimestre seguinte, período em que as Bolsas americanas atingiram a máxima do ano.

  • Não é possível saber exatamente quando a aposta foi encerrada, mas os índices caíram cerca de 4% no terceiro trimestre.

Relembre: Burry ganhou fama com suas apostas contra o mercado imobiliário dos EUA antes da crise financeira de 2008.

  • Ele é o principal personagem do livro "A Grande Aposta", de Michael Lewis, que foi lançado em 2010 e ganhou uma adaptação para os cinemas cinco anos depois.

Internet mais rápida do mundo?

A Huawei e a China Mobile disseram ter alcançado uma velocidade "estável e confiável" de 1,2 terabits por segundo em uma rede de internet com 3.000 quilômetros de distância, que liga Pequim ao sul do país.

  • O anúncio também cita que toda tecnologia usada na operação é chinesa.
  • As informações são da agência estatal de notícias Xinhua e não puderam ser checadas de forma independente, noticia a agência Bloomberg.

O projeto feito em parceria com a Universidade Tsinghua e a provedora de pesquisa Cernet.com atingiu a mesma velocidade que a Nokia afirmou ter alcançado em fevereiro.

  • No caso da rival finlandesa da Huawei, porém, o marco foi alcançado em uma rede de cerca de 118 quilômetros.

Por que importa: a China tem anunciado uma série de avanços tecnológicos para tentar mostrar ao mundo que não foi afetada pelas sanções americanas, principalmente as relacionadas ao acesso a chips.

↳ A Huawei surpreendeu o mercado há alguns meses com o lançamento do Mate 60 Pro, seu smartphone com conexão 5G –algo que era impensável de ser feito sem os chips do Ocidente.

Mais recentemente, a YMTC, principal fabricante local de chips de memória, lançou o chip 3D NAND. Ele foi descrito por uma consultoria especializada americana como o "mais avançado do mundo".


Calor ameaça inflação

O calor intenso que atinge principalmente a região central do país já provoca impactos pontuais na inflação.

Se o fenômeno continuar nos próximos meses, na chegada do verão, a alta de preços pode ser ainda maior, dizem os economistas.

Os impactos do calorão nos preços:

Do ar-condicionado: é o que sofre o maior impacto de curto prazo. Em outubro, os preços haviam subido 6,09%, segundo o IPCA, a maior alta desde 2020. A carestia também deve chegar aos ventiladores, que já somem das prateleiras.

Dos alimentos: a permanência das altas temperaturas e o impacto do fenômeno climático El Niño, que altera o padrão de chuvas, afetam a produção de itens mais sensíveis ao clima, como verduras, legumes e frutas.

↳ Da energia: esses dias de calor já levaram ao acionamento de térmicas, que são mais caras. Se o país continuar com alto consumo, o impacto pode chegar às tarifas de luz.

O consumo de energia elétrica no Brasil bateu recordes em dois dias consecutivos, na segunda (13) e na terça (14). Nesta quarta, o feriado deu um alívio.

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) garante que o sistema de energia nacional é "robusto, seguro, possui uma ampla diversidade de fontes e está preparado para atender às demandas de carga e potência da sociedade brasileira".

O que explica a onda de calor: a soma de um bloqueio de pressão atmosférica, do El Niño e das mudanças climáticas –que aumentam a frequência de eventos extremos, dizem especialistas.


Tok&Stok quer retomar DNA

Após ter entrado na onda das vendas digitais que foi surfada por praticamente todo o varejo na pandemia, a Tok&Stok agora quer colocar o pé no chão e voltar às origens.

A mudança de prioridade vem após a rede de móveis e decoração fundada em 1978 chegar a ter seu futuro ameaçado por juros altos, endividamento encarecido e pedidos de despejo.

O resgate veio em junho, quando os sócios fizeram um aporte de R$ 100 milhões e conseguiram renegociar R$ 350 milhões em dívidas bancárias. A empresa é controlada pelo fundo americano Carlyle desde 2012.

A fundadora Ghislaine Dubrule, que havia deixado o comando da companhia em 2017 para ir ao conselho de administração, agora volta para tocar o dia a dia da empresa.

"Retomar o DNA": é assim que a executiva trata o início de seu novo período à frente da Tok&Stok. A varejista vai voltar a priorizar as grandes lojas físicas, com seus cenários prontos, coleções sazonais e parcerias com designers brasileiros e estrangeiros.

A fundadora diz que hoje a situação é estável e que o perigo de uma possível recuperação judicial ou extrajudicial ficou para trás, assim como o fechamento de mais lojas.

No fim de junho, quando anunciou sua reestruturação, a Tok&Stok contabilizava 17 lojas que não eram rentáveis e foram fechadas. Essas unidades eram, na maioria, do modelo studio, com cerca de 500 metros quadrados.

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