Superapp de banco, trabalho invisível, broche inteligente e o que importa no mercado

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São Paulo

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Superapp de banco

"Em algum momento, talvez daqui a um ano e meio, dois anos, você não vai ter mais um app do Itaú, ou do Bradesco, ou do Santander, você vai ter um app que a gente chama de agregador".

A frase é de Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central), e reflete uma das prioridades de sua gestão na autoridade monetária: o open finance (fase seguinte ao open banking).

Entenda: a ideia do sistema é incentivar a concorrência no mundo financeiro a partir do compartilhamento dos dados bancários das pessoas –mediante sua autorização.

Os "superapps" que vão agregar as contas dos usuários nos bancos não serão desenvolvidos pelo BC, mas por empresas de tecnologia.

A ideia é que o cliente não apenas use a plataforma para fazer transferências e pagamentos, mas também para comparar taxas de empréstimos ou financiamentos e fazer a contratação ali mesmo.

"Você vai apertar uma coisa Pix, vai dizer todos os saldos que você tem em todos os bancos, você vai escolher banco A, B ou C. Aí vai dizer: ‘Quer fazer crédito ou débito?’ Eu quero fazer débito. Pronto, foi. Quero fazer crédito. Aí ele vai aparecer a linha de crédito para aquela compra naquele momento e as taxas que todos os bancos vão oferecer para a sua compra naquele momento, e você vai ter a comparabilidade imediata", afirmou Campos Neto.

O presidente do Banco Central afirmou que a ideia é ter dispositivos de segurança "até melhor" do que os que existem hoje nos apps de bancos.

Por que importa: essa evolução pode deixar mais claro para os brasileiros o que é e como funciona o open finance, esperam os agentes do setor financeiro.

Hoje, a adesão ainda é baixa, com 27 milhões de pessoas que aceitaram ter seus dados compartilhados entre os integrantes do sistema financeiro.


Trabalho invisível

A série de tarefas domésticas e de esforços com dependentes (crianças, idosos, doentes ou pessoas com deficiência) feita por mulheres corresponderia a ao menos 8,5% do PIB se entrasse nas contas oficiais.

O dado é de uma pesquisa da FGV, que usou a quantidade de horas dedicadas a tarefas domésticas declarada na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) por homens e mulheres. Ela então foi multiplicada pelo rendimento médio das trabalhadoras domésticas.

Em números:

  • 13% do PIB brasileiro seria o resultado do trabalho com a casa e a família se ele fosse remunerado.
  • 21,3 horas por semana são dedicadas pelas mulheres à economia do cuidado. Os homens gastam 11,1 horas.

Por que importa: o tempo gasto pela mulher para cuidar da casa e dos filhos não só afeta a qualidade de vida, mas também reduz as chances dela de ascender na carreira.

O mais comum, segundo a pesquisadora Isabela Duarte Kelly, é que a mulher escolha trabalhos de meio período ou que ela possa fazer em casa, para conciliar as atividades de cuidados.

Um dos problemas está na falta de uma licença parental estendida, afirmam economistas. Hoje a lei brasileira prevê 120 dias para as mães e apenas cinco dias para os pais após o nascimento do filho.

  • Além de associar o cuidado do filho principalmente à mãe, a ausência de uma licença igualitária é apontada como um fator para a disparidade salarial entre homens e mulheres.

Como países tentam compensar o trabalho invisível: o método mais comum é pela aposentadoria antecipada.

Dados de 51 países analisados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em 2021, que incluem nações-membro e as maiores economias do G20, mostram que em 17 deles mulheres se aposentavam mais cedo que homens.


Broche inteligente

Imran Chaudhri e Bethany Bongiorno, o casal fundador da startup Humane, quer acabar com o vício das pessoas em telas. A solução? Mais tecnologia.

Entenda: o casal que se conheceu na Apple criou o Ai Pin, um broche que usa IA (inteligência artificial). Ele pode ser controlado por comandos de voz, toque ou projeção a laser de uma tela na palma da mão.

Em um instante, o assistente virtual do dispositivo pode enviar uma mensagem de texto, tocar uma música, tirar uma foto, fazer uma ligação ou traduzir uma conversa em tempo real para outro idioma.

O sistema de IA embarcado no broche consegue responder perguntas ("Qual é a melhor maneira de encher a máquina de lavar louças?") e analisar objetos, como indicar quantas calorias há em determinado alimento.



Sim, mas… Certos recursos, como reconhecimento de objetos e vídeos, não estarão disponíveis inicialmente.

E o broche às vezes pode apresentar falhas, como ocorreu durante demonstrações da empresa para o New York Times –ele confundiu um cookie com gotas de chocolate com um cookie de aveia com passas.

Em números:

  • US$ 240 milhões (R$ 1,2 bi) foram investidos por cinco anos para desenvolver o produto, que deve chegar aos mercados no ano que vem.
  • 25 patentes foram registradas pela Humane durante o processo.
  • 100 mil broches a startup esperava vender em 2024.
  • US$ 699 (R$ 3.430) será o valor do Ai Pin nos EUA, sem contar uma assinatura mensal de US$ 24 (R$ 118) no primeiro ano e o custo de um plano de internet para o dispositivo.
  • US$ 850 milhões (R$ 4,2 bilhões) é o valor de mercado da Humane, com base na última rodada de investimento.

IA em dispositivos: a Humane não é a única que está desenvolvendo um hardware pensado a partir da inteligência artificial. Sam Altman, criador do ChatGPT, tem se encontrado com Jony Ive, ex-chefe de design da Apple, com o mesmo objetivo.

Altman, inclusive, é um dos investidores da Humane.


Startup da Semana: Barte

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente.

A startup: a Barte diz atuar para simplificar a gestão de caixa e facilitar o acesso a crédito para PMEs (pequenas e médias empresas).

Em números: ela anunciou ter levantado R$ 20 milhões via debêntures (títulos de dívida de companhias, que são negociados no mercado).

  • Essa é a terceira captação que a fintech faz em pouco mais de um ano desde que foi fundada.
  • As outras duas envolveram equity (investimento em troca de participação acionária) e somaram R$ 22,5 milhões.

Que problema resolve: a startup automatiza as transações de seus clientes, para que elas se preocupem menos com a gestão de caixa. Por sua plataforma, ela também concede crédito, que costuma ser um gargalo para as PMEs.

Por que é destaque: os R$ 20 milhões irão para acelerar a área de empréstimo da fintech, que já liberou R$ 60 milhões em crédito neste ano. A Barte afirma ter crescido 15 vezes em oito meses, acima da própria expectativa de março, quando ela projetava crescer dez vezes em 12 meses.

Números do mercado

Foram investidos US$ 447 milhões (R$ 2,2 bi) em 57 startups latino-americanas em outubro. O resultado foi 54% menor em relação ao mesmo mês do ano passado.

No Brasil, foram US$ 285 milhões (R$ 1,4 bi), queda de 8% ante outubro de 2022. Destaque para a captação de US$ 200 milhões (R$ 1 bi) da QI Tech, responsável pela maior parte do resultado no mês.

Os números são da plataforma Sling Hub.

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